Dia desses dei uma voltinha na zona Oeste de Boa Vista, onde se concentra a maior parte da população carente da Capital. Não fui passear, garanto, nem sentir o clima de copa do mundo. Fui observar o comportamento político do povão mais necessitado, o mesmo que está recebendo cestas básicas do governo. Confesso. Fiquei boquiaberto com o que escutei.
Foi unânime a voz do povão, justamente de onde sai a maioria dos votos que elegem um candidato. Dona Maria e os demais com quem conversei não titubearam na resposta: “tô recebendo SIM esta cesta básica, mas engana-se o governador se pensa que vou votar nele”. Foi o que mais escutei, sinceramente.
Então, logo me pus a matutar: “com tanta política assistencialista, porque o povão não quer mais Denarium como governador?”. Parei e pensei profundamente, confesso, nos “pecados” que seu Antônio cometeu para ter tamanha rejeição popular, o que lhe coloca hoje lá embaixo, muito atrás de sua principal adversária nas eleições deste ano, a ex-prefeita Teresa Surita.
Prometeu muito e fez pouco
Primeiro. Denarium prometeu muita coisa, mas não cumpriu quase nada. E mais que isso: além do calote eleitoral, vossa excelência só decepcionou quem acreditou na tão prometida mudança de Roraima.
Vejam vocês, amigos leitores. O principal discurso de campanha de seu Antônio, que “surfou na onda” Bolsonaro, foi combater a corrupção, mas o que vemos hoje, infelizmente, é justamente o contrário. Denarium “loteou” o governo justamente com aqueles que ele prometeu combater, e assim permitiu o desvio de milhões, quiçá bilhões, dinheiro da nossa Saúde, Educação, Segurança, etc…
Seu Antônio, antes de eleito, também prometeu zerar a fila de cirurgias, mas hoje ela triplicou, ou seja, vossa excelência não resolveu nada e a Saúde só piorou. Chove mais dentro do que fora nos hospitais do Estado e a Sesau virou um antro de corrupção, tanto é que a PF fez duas operações em 2020 para conter a sangria nos cofres da Saúde.
Na Educação, a mesma coisa. A situação também só piorou. Com a pandemia, o governo teve mais de dois anos para se programar para receber os alunos, mas até hoje tem criança que não consegue chegar à escola por falta de transporte. Pior. As escolas colocam em risco a vida de alunos e professores porque caem aos pedaços. E outra: já serviram até merenda estragada no interior do Estado.
No campo, observemos também, seu Antônio ajeitou apenas a situação do grande produtor, seus sócios e amigos, em detrimento do pequeno da agricultura familiar, que hoje não consegue sequer escoar sua produção até as feiras livres da Capital por causa dos atoleiros e pontes quebradas nas abandonadas vicinais de Roraima.
Imagem negativa
É este retrato atual de caos no Estado que reflete na péssima avaliação de Denarium como gestor. A imagem desgastada de Denarium também reflete nos resultados que contradizem a publicidade do governo. Como o aumento da desigualdade e a queda no índice de competitividade do Estado, que este ano amargou o último lugar no Brasil. E olha que Denarium vive trazendo “investidores” para cá. Tudo balela, propaganda enganosa.
Por tudo isso e muito mais, Denarium não consegue decolar sua patética campanha de reeleição, o que facilita para Teresa, que amplia a vantagem todo dia em relação ao atual governador no conceito das pessoas, especialmente no interior do Estado, onde as placas de propaganda enganosa chegam, mas as obras não.
Explicado agora porque o povão não quer mais Denarium como governador? Não se trata apenas de entregar cestas básicas, vossa excelência. Mas investir de verdade no desenvolvimento do Estado e, principalmente, amar o próximo como a si mesmo. É preciso, seu Antônio, tratar o povo com respeito, carinho e cuidado, acima de tudo. Pense nisso.
Álvares dos Anjos – cronista