TRANSPORTE ESCOLAR Governo pagou R$ 43 milhões, mas alunos continuam metendo o pé na lama

1º semestre letivo está terminado e milhares de alunos não chegam à escola por falta de transporte escolar

TRANSPORTE ESCOLAR Governo pagou R$ 43 milhões, mas alunos continuam metendo o pé na lama
Veículos usados em transportes escolar Foto: Arquivo

Crianças do interior de Roraima continuam metendo o pé na lama. Debaixo de sol e chuva, alunos andam vários quilômetros para chegar à escola, geralmente caindo aos pedaços, tudo porque o governo do Estado, mesmo tendo dois anos para se preparar, não regularizou o transporte escolar. Lamentável.

A reclamação é generalizada e parte de todos os cantos do Estado. No Cantá, por exemplo, Nordeste de Roraima, crianças andam até 10 quilômetros todos os dias para chegar à sala de aula. Pior: chegam suados, cheios de lama e não têm aula por falta professor.
Ao Norte do Estado, em Uiramutã, alunos de comunidades indígenas distantes também enfrentam o mesmo problema: a falta do transporte escolar. “Meu filho não está estudando porque o transporte aqui não passa. A estrada está só lama”, lamentou a mãe, moradora da comunidade do Pato.

No Sul de Roraima, a situação é bem pior. Os pais de alunos de alunos fazem “vaquinha” para comprar diesel. As crianças são levadas de trator. Isso mesmo: Trator. Algumas já caíram e se machucaram.

Em Mucajaí, na região Centro-Sul de Roiraima, mesmo se tivesse transporte escolar, as crianças não chegariam à escola. Na vicinal 13 do Apiau, por exemplo, a ponte velha de madeira está quebrada há mais de um ano. O governo joga a culpa na prefeitura e a prefeitura rebate, dizendo que o governo do Estado é o responsável pela recuperação da ponte.

A verdade é que o primeiro semestre letivo do ano está acabando e o Governo do seu Antônio ainda não regularizou o serviço. E o resultado é trágico: milhares de alunos estão sem aula porque não chegam à escola.

Não bastasse a falta do transporte escolar, ainda existem outros problemas: as estradas estão intrafegáveis porque viraram um grande lamaçal com a chegada das chuvas e várias pontes de madeira estão quebradas. As escolas também caem aos pedaços, falta professores e a merenda é de péssima qualidade.

Propaganda enganosa

Só para lembrar, no começo de maio deste ano, o governo do Estado anunciou que o serviço de transporte escolar havia sido regularizado em todo o interior. Seu Antônio pagou R$ 43 milhões e contratou 600 veículos para atenderem todas as rotas dos municípios, atendendo assim oito mil alunos em vicinais e em comunidades indígenas.

Mas até o momento, o transporte escolar ainda não passou pela porta da dona Maria, mãe de quatro alunos que estudam em uma escola estadual na comunidade do Manoá, no Bonfim, Nordeste de Roiraima, na fronteira do Brasil com a Guiana.

O mais engraçado é que a propaganda enganosa do governo disse que “agora o serviço chegará na ponta, ou seja, ao estudante, que terá garantido o seu direito constitucional de chegar à escola, utilizando o transporte escolar”. SQN.

“Pinóquio” macuxi

Todo serelepe, com a cara mais cínica do mundo, o governador disse: “foi um processo longo até aqui, mas com seriedade e compromisso conseguimos contratar o transporte escolar e agora, todos os alunos que necessitam do serviço em todo o interior do Estado, serão atendidos”, destacou.

À época, o Governo de Roraima contratou 32 empresas com 600 veículos, entre ônibus, micro-ônibus, vans e picapes. O investimento foi de R$ 43 milhões do PNATE (Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar).

A grana saiu do cofre público, é verdade, mas os alunos do interior continuam metendo o pé na lama, sem transporte escolar. Então, resta-me perguntar: para onde foram esse milhões? Cadê os 600 veículos contratados por seu Antônio para o transporte escolar?
Até quando tanta mentira e enganação, vossa excelência?

Álvares dos Anjos – cronista.

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