Picanha a R$ 87: preço da carne aumenta abate de frangos e suínos

Economista fala que com a diminuição do poder de compra, consumidores buscam os chamados ‘bens substitutos’, como frango e peixe

Picanha a R$ 87: preço da carne aumenta abate de frangos e suínos
Quilo da picanha chega a quase R$ 80 – Foto: Yara Walker/Roraima em Tempo

O abate de bovinos no segundo trimestre de 2021 caiu 4,5% em comparação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, o abate de frango e suíno aumentou.

Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), divulgados na semana passada.

De acordo com o estudo, o aumento no abate de suínos foi de 7,1% e de 7,4% para o de frangos. No total, mais de 7 milhões de bovinos foram abatidos, enquanto os suínos somaram 13 milhões e os frangos 1,5 bilhão. 

Além disso, outro dado é o aumento de 0,1% na produção de ovos, que passou de 975 milhões no segundo trimestre de 2020 para 977 milhões em 2021.

Em Roraima

Essa realidade também é sentida em Roraima. Conforme o presidente da Cooperativa Agropecuária de Roraima (Coopercarne), Nadson Pinheiro, o estado segue o cenário nacional.

“Devido ao aumento considerável na carne bovina, a população mais vulnerável voltou a comprar outras proteínas mais baratas, como frango, calabresa e ovo. Com isso, houve essa queda no abate, as vendas diminuíram e, consequentemente, o abate também caiu”, disse.

A reportagem visitou alguns comércios de Boa Vista. O preço do quilo da picanha, por exemplo, chega a R$ 87. A costela fica em R$ 21,99. Quem quiser filé precisa desembolsar R$ 59,99. Alcatra R$ 45,99, patinho R$ 43,99, acém com osso R$ 26,99, são outros exemplos.

Bens substitutos

A compra de outros tipos de carne comentada por Nadson faz parte da lógica de mercado. É o que afirma o economista Paulo Henrique da Silva.

Ele fala que com a diminuição do poder de compra da carne, as pessoas buscam os chamados “bens substitutos”: frango, peixe, suínos, e outros tipos de carne.

Em outras palavras, os preços aumentaram por causa da inflação, mas as pessoas continuam com as mesmas remunerações.

Ou seja, o aumento pode vir somente em 2022, com o novo salário mínimo, e ainda dependa da inflação.

“Na medida em que as pessoas buscam esses bens, a demanda cresce e não tem a oferta. Ou seja, ocorre um aumento do abate de outros tipos de carne e, consequentemente, o preço [dos bens substitutos] também aumenta”, disse.

Paulo lembrou que, anteriormente, as pessoas migraram da carne de primeira para a carne de segunda, justamente por causa dos preços.

Aumento na carne bovina

O presidente Nadson Pinheiro adianta que para os próximos meses a situação deve ser semelhante. A causa está ligada com o período de chuva que se prolongou mais do que o esperado.

De acordo com ele, a chuva impacta na oferta da carne bovina, pois o pasto perde qualidade. Com isso, os bois também perdem.

Assim, os produtores preferem aguardar por mais tempo até que o gado recupere o peso ideal para a venda.

“Com o inverno rigoroso o acesso dos produtores as estradas das vicinais está difícil, temos uma situação bem diferente esse ano. Temos uma diminuição na oferta. Quando diminui a oferta desses animais, pode gerar uma alta no produto”, explica.

Por Samantha Rufino

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