Homofobia e suas consequências psicológicas

É necessário que a sociedade seja mais justa e tolerante com orientações sexuais e identidades de gênero diversas

Homofobia e suas consequências psicológicas
O respeito a diversidade continua sendo fundamental/Foto: Freepik

As consequências da homofobia são experiências vivenciadas diariamente pela população LGBTQIA+ em todo o mundo. Ao longo da vida, as pessoas desse grupo, são forçadas a enfrentar uma série de adversidades, que vão desde a pressão que a família exerce sobre elas, passando pelas relações sociais afetadas, bullying e até a exclusão em alguns espaços religiosos. Essas são apenas algumas das consequências que ocorrem com a homofobia.

Desde a década de 1970 que a Associação Americana de Psiquiatria retirou o “homossexualismo” da lista de transtornos mentais. Após diversas pesquisas realizadas por décadas, visando associar a orientação sexual-afetiva a distúrbios de ordem psiquiátrica, não se conseguiu comprovar essa ligação. Face a essas pesquisas inconclusivas, a Organização Mundial de Saúde – OMS em maio de 1990, excluiu a homossexualidade da lista internacional de doenças.

Um dado alarmante se refere a marginalização e o preconceito contra transexuais, transgêneros e travestis, os quais já registram uma baixa expectativa de vida no Brasil (em média 35 anos), o que seria metade da média nacional. Em pleno século XXI, a transgeneridade e o amor por pessoas do mesmo sexo/gênero, ainda encontram fortes barreiras da sociedade, que enxerga nisso uma anomalia, um “desvio” da identidade sexual.

Estudos tem demonstrado que pessoas homossexuais e transexuais estão mais suscetíveis a doenças psiquiátricas e psicológicas do que as heterossexuais. Foi o que comprovou estudos realizados pela Mental Health Foundation, instituição de promoção à saúde mental do Reino Unido. Segundo a pesquisa, isso ocorre devido as desigualdades, desvantagens sociais e discriminação sofridas por essas pessoas.

Estudos têm revelado que pessoas da comunidade LGBTQIA+, são as mais sujeitas a experimentar uma diversidade de problemas de saúde mental, incluindo a depressão, ansiedade, pensamentos suicidas, automutilação, abuso de álcool e drogas ilícitas. E, ainda na esteira das pesquisas, essa predominância de problemas mentais na comunidade LGBTQIA+, pode ser atribuída a diversos fatores como a discriminação, isolamento e homofobia.

O ambiente social em torno dessas pessoas é altamente hostil, em virtude dos estigmas e das discriminações que as rodeiam, o que torna favorável o desenvolvimento de problemas de saúde mental. Os estudos realizados descrevem processos de alto estresse vivenciados por lésbicas, gays e transexuais, como experiências de rejeição, homofobia internalizada e eventos de preconceito, dentre muitos outros.

A Pesquisa da Universidade do Estado de Michigan, realizada por professores da área de Sociologia, a qual foi publicada na revista The Gerontologist, no ano de 2020, corrobora com os estudos apresentados e apresenta mais um dado alarmante, onde informa que pessoas da comunidade LGBTQIA+ têm mais propensão de desenvolver demência na velhice. Conforme o estudo, a causa para isso é o quase permanente estado de estresse e depressão, que essas pessoas experimentam, o que as leva a fatores de risco para o prejuízo cognitivo ao longo da vida.

Para se buscar reverter tal situação, necessário que a sociedade seja mais justa e tolerante com essas orientações sexuais e identidades de gênero diversas. Isso poderia ajudar a prevenir a demência e reduzir a carga crescente de problemas de saúde mental na comunidade LGBTQIA+.

 

Hismayla PinheiroHismayla Pinheiro (@psihismaylapinheiro) é psicóloga clínica e especialista em avaliação psicológica, com experiência em orientação profissional. Além disso, é a psicóloga oficial do “Miss Universo Roraima”. Toda segunda-feira, orientações valiosas nesse divã virtual de como manter a sua saúde mental. Marque sua consulta (95) 99144-1131

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