Em entrevista a um site de notícias, a psicóloga Leila Tardivo (Universidade de São Paulo-USP), fez um alerta para esse excesso de cuidados com bebês reborn. Informa a profissional que isso “pode ser um sinal de que a mãe de boneca esteja precisando de ajuda profissional”. Ainda, disse que “se a pessoa fica cuidando, dando mamadeira, trocando fralda intensamente, talvez seja o caso da própria pessoa ou da família pensar em: ‘será que a mãe de boneca não está precisando de alguma ajuda?’ Indagou a psicóloga Leila.
Vale ressaltar que esse apego a bonecas(os) não necessariamente seja algo de natureza patológica. Ou seja, não é pelo fato de que uma mulher adulta ainda brinque com bonecas(os) que está sofrendo de algum transtorno da mente.
Por sua vez, especialistas em comportamento humano defendem que existem nesse excesso de cuidados com bebês reborn, “fragilidades emocionais associadas ao substituir o cuidado de filhos reais por bonecos ultrarrealistas”.
Esse comportamento de mulheres adultas que agem dessa maneira, pode indicar que pode estar por trás dessa atitude uma necessidade de suprir problemas emocionais profundos, como luto não resolvido, desejo de maternidade não realizado ou carências afetivas, visto que, embora as(os) bonecas(os) possam proporcionar um conforto temporário, seu uso excessivo relacionado com situações reais do cotidiano, podem levar a situações de isolamento social, depressão e dependência emocional.
Inclusive já há relatos de muitos casos de mulheres que realmente estão assumindo o papel de “mãe” de bebês reborns, onde não conseguem mais distinguir a realidade do imaginário, o que se torna preocupante e deve acender um sinal de alerta em amigos e familiares dessas pessoas.
Muitas vezes tudo começa como uma mera diversão ou um hobby, porém, dependendo de como está a mente da pessoa, pode se tornar um vínculo emocional e ocorrer a distorção do traço da personalidade. Por isso é importante estar atento as atitudes dessa pessoa, já que os pequenos detalhes podem gerar gatilhos emocionais e, mesmo, transtornos psicológicos. Se familiares e/ou amigos observarem esse tipo de cuidados excessivos com esses bonecos, tente conversar com a pessoa e a convença a buscar uma ajuda de profissional da Psicologia.
Descartada a hipótese de ser apenas uma brincadeira passageira ou um hobby de colecionadores, então o sinal de alerta deve acender, já que nesses excessos de cuidados com bonecos podem estar presentes alguns aspectos psicológicos relevantes, como por exemplo, o apego e vinculação afetiva, onde os “pais” desses bebês reborn acabam desenvolvendo um apego emocional, já que para muitas pessoas esses “bebês” funcionam como substitutos simbólicos de um filho que não pôde ser gerado ou de um que faleceu, ou ainda, uma maternidade idealizada.
Importante ressaltar que o ato de cuidar desses bebês reborn pode ativar circuitos neurais associados ao cuidado parental que geram conforto emocional. Há relatos de mulheres que tiveram perdas e traumas que recorrem aos bebês reborn como parte do processo de luto. Nestes casos, o vínculo com esses “bebês” pode funcionar como um meio simbólico de expressar e reorganizar a dor da perda. Essa prática pode até ter uma função terapêutica se for inserida em um contexto de acolhimento e acompanhamento por profissional da Psicologia.
Se observa ainda que esse apego aos bebês reborn pode estar relacionado a uma regulação emocional e a redução da solidão. Comumente em pessoas que enfrentam solidão, depressão e/ou transtornos de ansiedade, esses cuidados podem representar uma estratégia inconsciente de autorregulação emocional, já que esse ritual de “alimentar”, trocar roupas e conversar com bebês reborn pode proporcionar uma sensação de rotina, companhia e pertencimento.
Por fim, mulheres que tem essa interação excessiva com bebês reborn relatam uma sensação de ser mãe de verdade de uma criança. Isso pode significar que essa pessoa busca por um papel social desejado, especialmente em contextos onde a maternidade é idealizada, já que com esse papel de “mãe” pode oferecer à mulher um sentido de identidade mais estável. Por isso, a importância de buscar ajuda de profissional da Psicologia, o qual saberá orientar e, mesmo, sugerir a psicoterapia para casos mais graves.

Hismayla Pinheiro é psicóloga clínica e especialista em avaliação psicológica com mais de 7 anos de experiência em consultório. Por aqui ela traz orientações valiosas nesse divã virtual de como manter sua saúde mental. Agende sua consulta: (95) 99144-1131

