Pessoas que sofrem com o Transtorno por Comportamento Sexual Compulsivo -TCSC não conseguem reprimir seu descontrole no comportamento sexual. Por muitos anos esse transtorno sexual foi chamado de “ninfomania” ou “dependência de sexo” ou “hipertextualidade”. Várias outras expressões também eram usadas erroneamente para definir pessoas que sofrem de desejo sexual “excessivo”, ou seja, que não têm controle sobre seus comportamentos sexuais.
Diversos estudos foram realizados sobre esse transtorno, o que levou a Organização Mundial da Saúde – OMS a incluir em 2018 o termo “Transtorno do Comportamento Sexual Compulsivo (TCSC), para denominar a doença que afeta as pessoas que se percebem afetadas por um descontrole na sua conduta sexual e, que não conseguem controla-lo e nem sentem prazer nessas experiências sexuais compulsivas.
Geralmente as pessoas afetadas pelo TCSC, usam comportamentos sexuais como pornografia, prostituição, bate-papos “quentes” em redes sociais ou webcams sexuais, com o objetivo de regular seu mundo afetivo, por sua vez, quando essas pessoas com dificuldades não conseguem gerenciar suas emoções, procuram o sexo de forma compulsiva para buscar uma tranquilidade.
Segundo estes estudos realizados, o TCSC afeta cerca de 10,3% dos homens e 7% das mulheres na população em geral. E mais, algo em torno de 87% dos pacientes diagnosticados com o TCSC têm dificuldades com o controle do uso de pornografia e, de 15 a 20% realizam práticas sexuais como prostituição e infidelidade.
As pessoas que sofrem com o TCSC podem ser afetadas em diferentes setores da vida, como por exemplo: Na vida pessoal o modo de pensar e entender a sexualidade é distorcido, surgindo uma perda de autoestima e da confiança em si próprio, bem como, sentimentos de incapacidade, alteração do bem-estar espiritual, mal-estar pessoal, humilhações ou desprezo, vergonha, culpa e falta de desenvolvimento da identidade pessoal; na vida econômica pode levar a perda do emprego, gastos excessivos ou desnecessários, ser vítima de chantagens e fraudes; nas relações interpessoais pode levar a rompimentos de relações amorosas, perda de confiança das outras pessoas, alterações ou dificuldades nas relações interpessoais, danos emocionais a outras pessoas, isolamento social, falhas no cuidado com uma pessoa querida, rompimentos matrimoniais e perda de amizades; nas questões médicas pode levar a adquirir doenças sexualmente transmissíveis, relações sexuais fisicamente não saudáveis, distúrbios cognitivos, psicopatologias, disfunções sexuais e piora da saúde; no campo criminal/legal pode levar as pessoas a responder por certos tipos de crimes relacionados ao sexo, o que ocasiona abalo na imagem pública do paciente.
O TCSC tem como fator característico a perda de interesse pela(o) própria(o) parceira(o), o que corrobora com estudos neurobiológicos realizados, os quais concluíram que o TCSC exibe alterações no cérebro, semelhantes aos que provocam a dependência em substâncias entorpecentes (drogas ilícitas), face que, os centros cerebrais relativos à recompensa e à dopamina podem deteriorar-se devido a este descontrole sexual. Além disso, as áreas do cérebro que regulam o autocontrole, o planejamento, a atenção e a empatia podem ser alteradas, segundo estudos mais recentes.
Alguns indícios ajudam a reconhecer o transtorno: Impulsividade, incapacidade de retardar a gratificação ou falta de controle inibitório da sexualidade compulsiva; mudanças de estado de ânimo, como por exemplo a irritabilidade, sintomas de depressão, ansiedade, ou mesmo, instabilidade emocional; presença comum de doenças sexualmente transmissíveis; dependência da tecnologia, em especial, uso da internet para acessar conteúdos pornográficos; visível baixa no rendimento acadêmico e/ou profissional; consumo de drogas como álcool, cigarro, maconha e outras substâncias ilícitas; instabilidade emocional; vontade incontrolável em buscar novidades ou sensações novas; dificuldade de se expressar emocionalmente; linguagem excessivamente sexualizada; problemas de estabilidade no relacionamento, o que leva a infidelidade; baixo interesse nas relações sexuais com a(o) própria(o) parceira(o); se culpa com relação aos seus atos sexuais.
As terapias psicológicas podem trazer a solução para esse transtorno, no entanto, o caminho é longo e exige consciência, motivação, força, apoio, paciência, carinho, ajuda e dedicação, mas existe sim uma saída.
Hismayla Pinheiro (@psihismaylapinheiro) é psicóloga clínica e especialista em avaliação psicológica, com experiência em orientação profissional. Além disso, é a psicóloga oficial do “Miss Universo Roraima”. Toda segunda-feira, orientações valiosas nesse divã virtual de como manter a sua saúde mental. Marque sua consulta (95) 99144-1131