Casal de pastores e membros de igreja evangélica são indiciados por associação criminosa, estelionato e apropriação de bens de idosa

Segundo as investigações, a vítima teria sido pressionada pelos suspeitos a realizar transações financeiras, inclusive aquisição de veículos, passagens aéreas e outros bens de alto valor, usando o nome da idosa

Casal de pastores e membros de igreja evangélica são indiciados por associação criminosa, estelionato e apropriação de bens de idosa
Foto: Arquivo/Polícia Civil de Roraima

Um casal de pastores e outros três membros de uma igreja evangélica foram indiciados por associação criminosa, estelionato e apropriação de bens de Severina Lima Sobral da Cruz, de 66 anos. Conforme a Polícia Civil de Roraima, o esquema causou um prejuízo de aproximadamente R$ 500 mil.

As investigações do caso tiveram início após uma denúncia feita por um dos filhos da vítima, que morreu em 2020. Antes de falecer, a idosa teve seus bens e finanças dilapidados. Um casal de pastores, o tesoureiro de uma igreja e dois missionários são suspeitos dos crimes.

Segundo a Civil, a idosa, que sofria de diabetes e pressão alta, além de problemas renais, começou a frequentar uma igreja, pastoreada pelo casal. E teria sido pressionada por eles a realizar transações financeiras, inclusive a aquisição de veículos, passagens aéreas e outros bens de alto valor, usando o nome da vítima.

Nos anos de convivência, conforme a polícia, foram adquiridos quatro veículos: um Siena, um Corolla, uma Hilux e um Ford Focus. Apesar de terem sido financiados pela idosa, eles eram de uso exclusivo do casal de pastores.

No decorrer das investigações, foi constatado ainda que um dos carros foi transferido para o nome do tesoureiro da igreja. Isso sem que a vítima recebesse qualquer valor.

Passagens aéreas

Foi apurado ainda que a vítima também arcou com a compra de passagens aéreas para os pastores e seus familiares, utilizando seu cartão de crédito. Investigações também indicam que a idosa, em algumas ocasiões, pagou pelas passagens para evitar que seu nome ficasse com restrição, causando-lhe prejuízo financeiro. A dívida foi confessada pela pastora em uma conversa por WhatsApp.

No entanto, essa dívida, segundo a Civil, embora reconhecida, não foi suficiente para caracterizar um crime de estelionato. Isso porque não foi comprovado que a vítima tenha arcado com o pagamento dessa fatura, dado que ela faleceu antes de saldar a dívida.

Outra situação investigada envolveu um suposto esquema de parceria na compra de lingeries. A vítima teria investido em mercadorias com a promessa de divisão de lucros entre ela e a pastora. Contudo, ainda conforme a Civil, embora a suspeita tenha confirmado a parceria, não foram coletados elementos suficientes para comprovar que a idosa tenha sofrido prejuízo financeiro com esse investimento.

Curandeirismo

O crime de curandeirismo também foi considerado, pois os pastores foram acusados de administrar substâncias em garrafas que seriam ministradas à vítima, as conhecidas “Garrafadas”, sem a devida formação acadêmica ou licença para atuar na área de saúde.

Além dessas fraudes financeiras e de saúde, foi identificado um esquema de associação criminosa envolvendo os pastores, o tesoureiro e outros membros.

Os pastores, com o auxílio de outros dois membros da igreja, tentaram garantir que os crimes cometidos permanecessem ocultos. Um dos missionários teria entrado em contato com o marido da vítima, pedindo que ele se deslocasse para Boa Vista para ajudar a elaborar uma escritura que transferiria o veículo para o nome de outra pessoa. O outro missionário, por sua vez, foi responsável por receber o marido da vítima na frente do cartório e auxiliá-lo a formalizar o documento.

Para a Polícia Civil, as provas reunidas, a atuação coordenada entre pastores, tesoureiro e missionários, caracteriza uma rede de crimes, incluindo estelionato, apropriação de bens de pessoa idosa e tentativa de favorecimento ilícito.

O inquérito do caso foi encerrado na Polícia Civil com o indiciamento dos acusados no crime, e encaminhado ao Ministério Público de Roraima e à Justiça.

Fonte: Da Redação

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