O casal suspeito de realizar uma lipoaspiração em uma clínica clandestina, que resultou na morte de Alzenir Vitor da Silva, se apresentou nesta quarta-feira (23) à Polícia Civil de Roraima. O caso aconteceu no dia 2 de agosto, no bairro Caimbé, zona Oeste de Boa Vista.
Acompanhados de um advogado, o homem apresentou diploma de médico cirurgião, obtido na Venezuela, e a mulher afirmou ser técnica em Enfermagem.
Após a morte de Alzenir, o casal fugiu para Santa Helena, cidade fronteiriça da Venezuela. No entanto, após negociações, eles retornaram, se apresentaram ontem na Delegacia Geral de Homicídios (DGH) e foram ouvidos. Agora, responderão em liberdade.
A investigação vai ouvir novas testemunhas e aguardar conclusão de laudo que determinará a causa da morte para, assim, a polícia encaminhar o caso à Justiça.
Relembre o caso da lipoaspiração clandestina
Alzenir Vitor da Silva morreu no Hospital Geral de Roraima (HGR) na noite do dia 2 de agosto, após realizar uma lipoaspiração em uma casa no bairro Caimbé, zona Oeste de Boa Vista.
Conforme a Polícia Militar de Roraima (PMRR), a vítima teria sofrido uma parada cardiorrespiratória ainda no local e foi deixada na unidade de saúde por um homem gordo, pardo e de cerca de 1,75m. Ele chegou no hospital com a vítima em um carro branco. Em seguida, bastante nervoso, solicitou uma cadeira de rodas para Alzenir.
A mulher estava desacordada e sem roupas, com marcações pelo corpo que indicavam locais para realização da lipoaspiração.
O homem se dirigiu até a recepção do pronto socorro e tentou informar os dados pessoais da vítima, dizendo que ela havia acabado de chegar da Venezuela.
Um dos policiais que ficam no HGR, o ouviu explicar que fazia uma massagem na mulher, quando ela passou mal e pediu um copo d’água. Neste momento, o agente percebeu que ele poderia se tratar de um venezuelano, por conta do sotaque.
Quando os policiais foram até a médica buscar informações de Alzenir, o homem fez um sinal para um outro carro, com duas mulheres, que estava próximo à unidade. O veículo branco, que possuía uma das lanternas traseiras quebradas, se aproximou. Então ele entrou e fugiu no sentido contrário. Os agentes ainda tentaram alcançá-lo, mas sem sucesso.
Não avisou a família
Ainda de acordo com a Polícia Militar, uma mulher se apresentou no HGR, juntamente com o filho da vítima, que tem de 16 anos. Ela relatou que Alzenir, que era sua amiga, havia comunicado alguns dias antes que iria realizar uma lipoaspiração e que não iria informar a família.
Ainda no dia anterior ao ocorrido, Alzenir teria ligado para a amiga pedindo para que fosse dormir em sua casa, pois necessitaria de cuidados pós-operatórios. A vítima chegou a enviar o endereço do local onde realizaria a cirurgia.
A mulher então foi até lá com o namorado. Quando chegou, percebeu se tratar de uma casa simples, e que não parecia uma clínica.
Ela entrou e soube que Alzenir já se encontrava em procedimento cirúrgico em uma sala anexa ao imóvel com um médico de origem venezuelana e duas mulheres assistentes. Depois de algum tempo, a mulher saiu à frente do local para falar com o namorado. Neste momento, as três pessoas que realizavam o procedimento saíram com a vítima, afirmando que ela estava desmaiada e que seria levada para o hospital.
A casa
A guarnição da Polícia Militar seguiu até o endereço da suposta clínica, onde foram recebidos por um casal. A mulher informou que a casa pertence à sogra, que é esteticista e realiza trabalhos em uma sala anexa ao imóvel.
Ela disse ainda que a sogra eventualmente aluga o espaço e equipamentos para outras pessoas, inclusive venezuelanos, para realizarem procedimentos no local, mas não soube confirmar se eram médicos.
Questionado sobre o paradeiro da mãe, o filho não soube responder e relatou que ela teria “ido dar uma volta”. A esposa dele ligou para a mulher, e ela afirmou que se apresentaria na delegacia com um advogado.
Em seguida, os policias entraram na casa e observaram em uma sala anexa ao imóvel equipamentos estéticos, materiais cirúrgicos, como bisturi e bata cirúrgica. A perícia verificou que havia exames no nome de Alzenir e suas roupas. Havia ainda muitas cintas cirúrgicas, além de aparentar que o local havia sido limpado recentemente.
A casa possui sistema de câmeras, no entanto, a polícia não encontrou aparelho de armazenamento de imagens.
Fonte: Da Redação