O sequestro do jornalista Romano dos Anjos completa três anos nesta quinta-feira (26). O caso segue sem um desfecho na Justiça.
Em entrevista para o Roraima em Tempo, o apresentador contou como vive hoje. Romano ainda está em recuperação de todo o trauma que sofreu.
“São três anos tentando me recuperar. Porque é uma recuperação lenta, tanto física, quanto mental. Eu ainda faço tratamento, tento voltar à minha vida normal, tanto no trabalho, quanto a minha vida pessoal. Eu evito sair para lugares que não têm tanta movimentação, então assim, tenho vários cuidados. É uma vida que é muito difícil ainda, por causa das restrições que eu tenho”, disse.
Além disso, ele ressaltou que o sentimento que fica é que quem devia estar preso não está, e que ele é quem vive em uma prisão, por se privar de andar em diversos lugares. Ele destacou ainda, que um dos réus quebrou as medidas cautelares e segue livre.
“É complicado saber que tem gente envolvida e que estão soltas. Pessoas que quebram medidas cautelares e estão aí. Acaba que quem fica preso sou eu. Eu sou prisioneiro da minha própria vida. Estou tentando fazer com que tudo volte ao normal, não só para mim, como para minha família também. Espero e conto com a Justiça para que isso termine o mais rápido possível e que a Justiça condene quem tem culpa”, finalizou.
O processo judicial está na fase de oitivas em que o juiz ouve as testemunhas para captação de provas orais. Na última sexta-feira (20), o juiz responsável pelo caso realizou a segunda rodada de oitivas. No sistema do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), consta a informação “audiência de instrução realizada parcialmente”. Ou seja, o juiz deve ainda ouvir mais testemunhas.
Sequestro de Romano dos Anjos
Na noite de 26 de outubro de 2020, Romano dos Anjos e a esposa Nattacha Vasconcelos, estavam em casa quando foram surpreendidos por homens encapuzados.
Após usarem técnicas policiais para imobilização, os criminosos amarraram a mulher e sequestraram o jornalista. Em seguida, usaram o carro dele para a ação e incendiaram o veículo. Além disso, jogaram o celular da vítima em uma área de mata no meio do caminho.
Quase 12 horas após a invasão à residência do casal, um funcionário da Roraima Energia encontrou Romano no Bom Intento, zona Rural de Boa Vista. O jornalista sofreu tortura, que resultou em um braço quebrado, assim como em lesões nas duas pernas.
Em setembro de 2021, quase um ano depois do sequestro, o Ministério Público de Roraima (MPRR) deflagrou a Operação Pulitzer, na qual prendeu cinco policiais militares investigados no caso e um ex-servidor da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).
Logo depois, o órgão, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou a 2ª fase da operação e prendeu mais três policiais e o então presidente da ALE-RR, Jalser Renier, que conseguiu liberdade seis dias depois.
O então parlamentar teve que cumprir medidas cautelares e chegou a frequentar a Assembleia fazendo uso de tornozeleira eletrônica.
Cassação
Apontado nas investigações como o mandante do crime, Jalser acabou perdendo o cargo de deputado na ALE-RR. O s colegas parlamentares abriram um processo disciplina na Comisso o de Ética após o extinto Partido Social Brasileiro (PSL) protocolar um pedido de cassação.
Jalser tentou derrubar a medida diversas vezes tanto na Justiça local como na federal, no entanto nunca obteve sucesso.
Fonte: Da Redação