A Nortebank procurou a reportagem do Roraima em Tempo para se manifestar sobre a operação da Polícia Civil, ocorrida no dia 2 deste mês. A empresa de consórcio é investigada por suspeita de aplicar golpes por meio da venda ilegal de terrenos, imóveis e veículos.
A empresa informou que cientificou todos os clientes de forma prévia de que a contratação se referia a um consórcio tradicional. Assim, a contemplação ocorre exclusivamente por meio de sorteio ou oferta de lance em assembleia. E isso conforme a legislação vigente e as normas das administradoras.
Destacou anda que adota um rigoroso procedimento de contratação. “Todas as cláusulas do contrato, que detalham o modelo de consórcio, são lidas e gravadas por um funcionário na presença do cliente, garantindo que o consumidor não alegue desconhecimento das regras”.
Outra explicação é que a firma atua como uma intermediadora de consórcios, e não uma administradora. Desse forma, afirmou que a função da empresa consiste em cadastrar o cliente em uma administradora de consórcios legalmente habilitada.
Além disso, esclareceu que o cadastramento dos clientes nas administradoras ocorria por meio de um parceiro comercial. “O contrato de intermediação com o cliente é claro sobre a adesão ser feita em uma Administradora, dentro dos parâmetros contratados”, destacou.
A Nortebank negou falsificação nas adesões dos clientes. “O cliente, ao assinar o contrato de intermediação, está ciente de que será cadastrado em uma Administradora, o que, de fato, ocorreu”.
Repasse de valores e devolução de parcelas
Além disso, a empresa assegurou que todos os clientes foram devidamente cadastrados na administradora. E que repassou todas as parcelas recebidas integralmente às respectivas administradoras.
Do mesmo modo, a Nortbank afirmou que o contrato de intermediação detalha expressamente o valor cobrado a título de assessoria. “Este valor, referente ao serviço de intermediação, não é reembolsável”. disse.
Sobre a devolução dos valores, a firma disse o cliente desistente recebe de volta, em conformidade com a legislação do consórcio, que prevê o reembolso por meio de sorteio de desistentes ou em até 30 dias após o encerramento do grupo ao qual o cliente estava vinculado.
“A empresa tem obtido decisões judiciais favoráveis em ações cíveis que discutem a devolução do valor da assessoria, comprovando que a cobrança é legal e justa”, explicou.
Fechamento da empresa e suporte ao cliente
A nota enviada à reportagem diz ainda que o fechamento da empresa ocorreu antes mesmo da instauração de qualquer processo criminal ou do inquérito de investigação. “Não existia nenhuma reclamação no Procon antes do fechamento. Tudo se deu por causa de um único boletim de ocorrência. A empresa considera a medida injusta, visto que empresas como bancos e empresas de telecomunicações possuem milhares de reclamações e não são fechadas”, rexlamou.
Além disso, a empresa afirmou que o setor jurídico respondeu todas os pedidos de documentação formalizados pelo Procon.
Por fim, a empresa informou que já impetrou mandado de segurança contra o ato do Procon e aguarda a decisão judicial para a reabertura e plena retomada de suas atividades.
Operação Credencial Falsa
No dia 2 de outubro, A Polícia Civil deflagrou a operação Credencial Falsa contra uma empresa acusada de aplicar golpes milionários em financiamentos e consórcios falsos de imóveis. Os agentes cumpriram quatro mandados de busca e apreensão em Boa Vista, Manaus e São Luís (MA).
Segundo o delegado Eduardo Patrício, da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos o modus, o operandi da empresa consistia em prometer contemplação garantida para quem contratasse consórcios e financiamentos.
A firma atraía as vítimas por anúncios em redes sociais e as orientava a comparecer à sede da empresa. No local, as convenciam a pagar valores de entrada em que destinava apenas 5% a abertura de uma cota de consórcio. A empresa então se apropriava do restante (95%), sob a justificativa de uma suposta taxa de intermediação.
“Eles faziam postagens nas redes sociais prometendo contemplação imediata na compra de imóveis e automóveis e afirmavam que, para adquirir o bem mais rapidamente, era necessário dar um valor de entrada”, explicou o delegado.
As investigações revelaram que, além de receber valores de entrada, a empresa emitia boletos em nome próprio para o pagamento das parcelas mensais, sem repassar os valores às administradoras.
“Apenas uma pequena fração era destinada de fato a algum consórcio, o que tornava praticamente impossível que a pessoa fosse contemplada”, destacou Eduardo Patrício.
Fraudes documentais
As investigações também identificaram fraudes documentais, como alterações em contratos e confirmações falsas de adesão feitas por telefone por terceiros. Ficou comprovado ainda que a empresa não mantinha vínculo com administradoras oficiais de consórcios e financiamentos.
Outro ponto investigado é a participação de um dos suspeitos, residente em São Luís, que possuía contrato com administradoras de consórcio. Ele teria usado essa parceria para firmar um convênio informal com a empresa de Boa Vista, sem o conhecimento das administradoras.
Conforme a Civil, até aquele dia, já havia o registro de mais de 100 boletins de ocorrência contra a empresa. Além disso, os prejuízos ultrapassam R$ 1 milhão.
“As vítimas percebiam o golpe após pagar a entrada e, passados cerca de dois meses, não eram contempladas. Ao procurar a empresa, eram orientadas a aguardar o mês seguinte, mas a contemplação nunca acontecia. Além disso, os valores pagos não eram devolvidos”, relatou o delegado.
Durante as diligências, os policiais apreenderam aparelhos eletrônicos e bens ligados ao esquema. Eles ainda identificaram a violação de uma empresa interditada pelo Procon em fevereiro de 2025. Objetos foram retirados irregularmente do local.
Para evitar ser vítima desse tipo de crime, o delegado orienta que os cidadãos exijam contratos formais e procurem empresas reconhecidas e com credibilidade no mercado.
“As pessoas que desejam contratar um consórcio devem realizar o procedimento diretamente com as administradoras e não por meio de intermediárias, que acabam induzindo ao erro e recebendo valores de entrada que jamais chegam às administradoras”, alertou Eduardo Patrício.
Fonte: Da Redação

