A Justiça de Roraima negou um pedido de revogação de prisão do médico Fabrício de Freitas Almeida. O documento, ao qual o Roraima em Tempo teve acesso, é do último dia 10.
A defesa do médico já havia feito outros dois pedidos. Um de prisão domiciliar, assim como um de revogação de prisão preventiva. E, da mesma forma, a Justiça negou.
No documento da última sexta-feira (10), a juíza Daniela Schirato entendeu que o modo que as agressões ocorreram causaram abalo à ordem pública.
“Os fatos, ocorridos em 27/11/2022, se deram em frente dos filhos e em via pública. Confirmado com a juntada de um acervo de vídeos onde evidencia-se uma forte sequência de agressões sofridas pela vítima a qual sequer esboçava reação. A não ser gritar por socorro. Neste sentido, a ordem pública sofreu um grande abalo devido à repercussão social, por tratar-se, inclusive de pessoas conhecidas pela sociedade local”.
Além disso, Schirato entendeu ainda que é preciso resguardar a segurança da vítima e de testemunhas. Entre elas a secretária que também presenciou os fatos.
Do mesmo modo, a juíza considerou a manifestação do Ministério Público de Roraima (MPRR), que alegou que não foi possível localizar e apreender a arma de propriedade de Fabrício. Dessa forma, ela destacou que isso “demonstra risco evidente e concreto”.
No dia 29 de novembro do ano passado, um dia antes da agressão, o homem chegou em casa pela manhã e se apossou do celular da esposa, a fisioterapeuta Carol Queiroz. Além disso, ele a deixou em cárcere privado no próprio quarto, sem ao menos deixá-la falar com os filhos.
Na ocasião, Carol disse que o marido tentou convencê-la de aquela atitude era para cuidar dela. E, mais uma vez, por conta do temor, ela decidiu baixar a guarda para que o pior não acontecesse.
“Eu não tive contato nem com a minha mãe nesse dia. Ele retirou o meu celular e só estava a babá dos meus filhos aqui na minha casa e os meus filhos. Então eu não tive como conversar com ninguém, porque eu fui completamente tolhida, impedida de ter contato com qualquer outra pessoa. E todas as vezes que eu saí do quarto, que eu tentei até falar com a babá pra ver se ela me ajudava de alguma forma, ele logo vinha atrás de mim perguntando o que estava havendo, o que eu estava precisando e me impedindo de falar”, explicou.
Na noite do mesmo dia, o médico pediu para sair com a esposa. Apavorada com a situação, ela decidiu ir. Então, o homem a levou para a casa dos amigos, restaurante e boates. Para a fisioterapeuta, isso se tratava de um plano do marido para tentar demonstrar, em público, estabilidade no relacionamento.
O médico ficou bêbado e “apagou” no canteiro central da Avenida Ville Roy. Na oportunidade, a mulher recuperou o celular, trocou a senha, colocou o marido no carro e retornou com ele para casa. Quando o homem acordou e percebeu que ela havia trocado a senha do celular, ficou transtornado.
Cansada da situação, a mulher decidiu pôr fim à relação, mas o médico não aceitou. Ela pediu para que ele fosse embora, mas ele se recusou. Carol então pegou as chaves do carro e, no momento em que tentava sair, ele se deitou atrás do veículo para impedi-la.
Através do vídeo divulgado amplamente nas redes sociais, é possível ver o momento em que o médico entra no carro. O neurocirurgião chegou a enforcá-la, até que Carol desmaiou.
“A forma que ele me olhava quando ele me enforcava não era de quem estava tentando me assustar. Até então eu realmente acreditava que ele estava tentando me dar um susto, mas as vezes que ele tentou me enforcar, a forma como ele me olhava e o que ele me dizia, eu tinha certeza que realmente não me queria mais viva“, relatou a mulher.
A babá chamou os vizinhos para que pudessem ajudar a fisioterapeuta, que foi socorrida logo em seguida. O homem chegou a tentar pular o muro da casa dos vizinhos que a abrigavam para tentar continuar a agressão. Mas logo ele foi preso.
Após a prisão de Fabrício e o testemunho de Carol na delegacia, outra situação ocorreu ao retornar para casa.
O médico havia deixado o celular na residência e a mulher recebeu uma ligação do sogro através dele. O homem pediu para que ela entregasse o aparelho para ele. Contudo, a fisioterapeuta negou.
Diante da atitude do sogro, ela resolveu consultar o histórico de pesquisa do celular do marido. Lá, ela encontrou buscas sobre doses letais de medicamentos.
A maioria dos medicamentos que ela viu no histórico de pesquisas, inclusive a insulina, havia sido comprado pelo médico com uma receita em nome da vítima. O material estava dentro do porta-malas do homem, o que aumentou ainda mais as suspeitas da mulher de que ele planejava matá-la.
“Eu poderia não estar aqui, vocês não iam nem desconfiar que tinha sido ele, porque realmente a forma como eu acredito que ele tenha planejado tudo, era para ninguém desconfiar […] Quando eu fui percebendo o movimento da premeditação, que eu fui entendendo, no momento em que eu peguei as pesquisas de celular, que eu via que realmente a intenção eram doses letais, como causar a morte, até hoje eu me lembro que eu comecei a me tremer inteira”, ressaltou.
Apesar de Fabrício continuar preso, Carol afirmou, em janeiro deste ano, que ainda sentia muito medo, e que todos os dias precisa enfrentá-lo para seguir em frente.
“O fato de eu conseguir, hoje, começar a pensar em voltar a trabalhar, a levar meus filhos para a escola, voltar a ter, relativamente, uma vida comum como todo mundo tem, é porque ele está preso. A partir do momento, se um dia acontecer de ele não estar mais preso, de ele estar livre, eu não vou ter medo, eu vou ter pavor”, comentou.
A fisioterapeuta destacou que se sentiu amparada após a repercussão do caso, pois trouxe suporte de pessoas que se envolveram com a história de Carol, além da identificação de muitos. A mulher então aproveitou a oportunidade de uma entrevista para a TV Imperial e deu um recato para aquelas que passam ou que já passaram pelo mesmo que ela.
“Se você se sentir intimidada, se a pessoa te causa desconforto, se o relacionamento te gera medo, te gera angústia, começa a pensar. Se você sofre agressão física, não tolere. Existem muitas alternativas, para que você saia disso. Coisas que eu nem sabia […] Existem muitas alternativas para a mulher que está sofrendo violência psicológica, patrimonial, física, sexual […] Acho que não tem nada que valha mais a pena na sua vida do que a sua vida. Deus te deu tua vida para tu honrar, né? Teus pais te deram a vida. E nenhuma mulher merece passar por essas situações”, destacou.
Fonte: Da Redação
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Parabéns a senhora Juíza. Que Deus continue iluminando e dando sobriedade para continuar a tomar decisões que preservam a vida das pessoas.
Meu Deus, quando será que as mulheres vão ter segurança? Porque a justiça brasileira é falha, se fosse num país sério, esse médico iria pegar prisão perpétua ou pena de morte!