Polícia

PM usa spray de pimenta contra ambulantes em parque; ‘queriam apagar provas’

Uma ação policial no Parque Anauá, zona Norte de Boa Vista, terminou em confusão na noite de ontem (5). Ambulantes denunciaram à reportagem que os militares agiram com truculência.

De acordo com o empresário Fagner Pereira, que trabalha há 16 anos como vendedor, as equipes utilizaram spray de pimenta contra os comerciantes que se recusaram a entregar celulares.

“O que aconteceu é que eles queriam apagar as provas que eles jogaram spray de pimenta no rosto de um senhor sem necessidade. Quando nos negamos a dar os celulares eles disseram que seríamos presos por desacato”, disse.

Os moradores divulgaram os vídeos da confusão. Conforme Fagner, a Polícia Militar (PM) abordou jovens à procura de drogas, próximo a um trailer.

Contudo, após a abordagem os militares jogaram spray de pimenta contra os suspeitos. Em seguida, os clientes do local fugiram, pois passaram mal.

O vendedor falou que os pais e as crianças correram para o trailer onde trabalha. Logo depois, ele a esposa desceram do e a mulher começou a filmar.

“O homem que estava com as crianças foi reclamar para os policiais. Em nenhum momento ele desrespeitou os policiais, ele apenas disse: ‘p*, os meus filhos estão passando mal’. O policial é dissimulado, forçou o rapaz a dizer que ele tinha xingado ele. Querendo colocar palavras na nossa boca”, lembra.

Spray de pimenta

As imagens também mostram um dos policiais gritando e jogando o spray de pimenta no rosto de um homem. Além disso, o militar usa palavras de baixo calão.

“Está xingando quem está trabalhando? Tu cria respeito, p*. Tenha respeito, c*!”, diz o policial. Em seguida, o homem nega a acusação, mas é atingido com o spray no rosto.

De acordo com Fagner, ele pediu à esposa para filmar a situação e questionou se havia gravado. Logo depois, ele disse que publicaria os vídeos. Mas, os militares ouviram e, segundo ele, tentaram pegar o celular.

“Entrei no trailer, comecei a fechar tudo, eles tentaram puxar minha esposa”, disse Fagner.

Em outra gravação é possível ver que um dos policiais segura o braço de Caroline Pereira, esposa de Fagner. Ainda assim, outros dois militares jogam spray de pimenta dentro do trailer onde ela estava.

“Os caras são totalmente despreparados, sem escrúpulos, vão totalmente contra a lei. Eles começaram a jogar spray de pimenta no local. Minha esposa, eu e outro funcionário começamos a passar mal. Então, abrimos o trailer. Um dos policiais tentou puxar o braço da minha esposa, peguei o balde com colheres de plástico e joguei nele para soltá-la. Inclusive, minha esposa está com dois hematomas no braço por causa disso”, cita.

Boletim de ocorrência

Mulher ficou com hematomas após ser puxada por policial militar – Foto: Arquivo pessoal

Posteriormente, Fagner, a esposa, o funcionário que trabalha no trailer, além de outras duas pessoas foram levadas à delegacia para registrar o caso.

Conforme o relatório de ocorrência dos policiais ao qual o Roraima em Tempo teve acesso, Fagner desacatou a guarnição e incitou quem estava no local a desrespeitá-los.

“Ele começou a bradar palavras de baixo calão. Estava gritando que estava sendo agredido e queriam fechar seu lanche, sendo que a prisão seria por desacato”, descreve a PM.

Por outro lado, Fagner negou as acusações e disse que as prisões foram arbitrárias. Ele afirma que os policiais não respeitaram a população.

“Eu não sou contra a polícia, pelo contrário, como trabalhador sou a favor. Só que fui tratado com desrespeito, humilhado. Não resisti à prisão. Eles pediram o celular e eu não dei. Por isso fui preso […] os policiais que fizeram isso não foram até a delegacia. Duas vezes ele apontou a arma pra mim, querendo atirar sem que eu reagisse. A única reação foi quando joguei o balde de colher”, comenta.

Citada

A Polícia Militar informa que no início da noite desse domingo, durante a Operação Paz no Parque, no Parque Anauá, uma guarnição, ao orientar a dispersão de algumas pessoas que se encontravam aglomeradas e próximas a carros com som automotivo, em visível estado de embriaguez e em evidente conduta de perturbação do sossego, passou a ser desacatada por um casal, que não estava entre as pessoas orientadas pelos policiais, e começou a ofender os agentes com palavras de baixo calão.

Os cidadãos foram advertidos e a polícia determinou que cessassem as ofensas, mas eles continuaram a destratar verbalmente, de forma mais ofensiva, e arremessaram objetos contra os policiais.

Ao receberem a voz de prisão, os indivíduos entraram em um trailer, resistindo à ordem dos policiais, que passaram a utilizar instrumentos de menor potencial ofensivo, preservando ao máximo a integridade física dos envolvidos, até a apresentação destes na Delegacia pelos crimes de resistência (Art. 329 do Código Penal), desobediência (Art. 330 do Código Penal) e desacato (Art. 331 do Código Penal).

A ocorrência foi acompanhada pelo oficial coordenador de Operações, que realizou todas as orientações pertinentes aos policiais e cidadãos envolvidos.

Por Redação

Yara Walker

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