A prefeita de Amajari, Núbia Lima (Progressistas), foi denunciada no Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) por suposta fraude nas eleições municipais deste ano.
De acordo com a ação, um grande número de pessoas transferiu domicílio eleitoral para Amajarí, aumentando, assim, em cerca de 1.500 o número de eleitores no município.
O vereador Kleudisson Mota Wanderley, que ficou em segundo lugar nas eleições, protocolou a denúncia no TRE-RR no último dia 14. A diferença entre o parlamentar e a prefeita foi de apenas 182 votos.
“Há indícios robustos de que esse incremento no número de eleitores pode estar associado a práticas de aumento artificial do eleitorado, realizadas com o intuito de influenciar o resultado do pleito, uma vez que ao comparar os resultados obtidos pela candidata Núbia Lima nos pleitos municipais de 2016, 2020 e 2024 , onde no primeiro foram obtidos 1.547 votos válidos, no segundo foram obtidos 1.548 votos válidos e no terceiro foram obtidos 3.127 votos válidos, observou-se um crescimento substancial de 1.579 votos válidos, corroborando com os 1.526 votos transferidos para o município de Amajari entre uma eleição e outra”, diz trecho da denúncia.
Outro ponto destacado pela ação consiste no fato da existência de listas que, segundo o denunciante, vazaram por meio de aplicativo de mensagens. Conforme o relato, os documentos contêm dados de eleitores que tiveram seus domicílios eleitorais transferidos para Amajari para votar no pleito de 2024. Isso sem que houvesse qualquer vínculo com aquele local, seja pessoal ou empregatício, apenas com o objetivo de fraudar o resultado da eleição.
A denúncia, a qual o portal Roraima em Tempo teve acesso, contém imagens das listas. Há ainda vídeos que mostram pessoas descendo de um ônibus em Boa Vista, supostamente chegando de Amajari após a votação do dia 6 de outubro. No entanto, segundo a ação, o Tribunal Regional Eleitoral não registrou credenciamento de veículos para transporte de eleitores, “evidenciando que a prática de condução de eleitores externos foi realizada de forma estruturada e ilegal”.
Além disso, há também prints de perfis dos supostos eleitores que mostram que eles moram e trabalham na capital. Na denúncia, a acusação também inseriu os endereços de alguns eleitores que transferiram os títulos para Amajari.
“Observe, Excelência, que no caso ora em exame, tratam-se de eleitores que anteriormente votaram na capital Boa Vista, mas que para o pleito de 2024, transferiram seus domicílios eleitorais para o município de Amajari, especificamente para o mesmo colégio eleitoral situado na VILA TEPEQUÉM, sem a comprovação de qualquer vínculo legal com o município, e permanecem residindo em BOA VISTA, caracterizando conduta delituosa e manipulação no resultado das eleições, uma vez que esse crescimento desordenado e criminoso, influenciou diretamente no resultado da eleição”.
A denúncia esclarece que nas eleições de 2020, Amajari possuía 5.172 leitores, enquanto em 2024 registrou 7.545, uma diferença de 2.282, o que o autor da ação considerou como um aumento exponencial de cerca de 45,88%.
A ação mostra ainda dados do crescimento populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no município dos últimos 13 anos. Os números mostram crescimento de 1 a 496 pessoas por ano.
Como resultado, a acusação entende que o número de crescimento eleitoral representam grande disparidade se comparados aos números de crescimento populacional.
A denúncia relata ainda a ação de um dos apoiadores da prefeita Núbia, que liderou parte das transferências de votos para o município. Conforme e relato, na semana que antecedeu a eleição, as movimentações financeiras do apoiador e de sua secretária se intensificaram de forma drástica. Pois havia a necessidade de custear toda a logística de transporte das pessoas que estavam indo de Boa Vista para votar em no Amajari.
Diante disso, entre os dias 23 de setembro e 5 de outubro, tanto o apoiador como sua secretára fizeram inúmeras transferências bancárias via Pix para todas as pessoas que necessitavam de combustível ou de transporte para votarem no Amajari.
Por fim, segundo o relato, uma das pessoas que realizavam os pagamentos é a irmã do homem e seria “quem possui a chave do cofre”.
Por conta dos fatos relatados, o presidente da Câmara pede a não diplomação de Nubia e a inelegibilidade. Além disso, pede sua convocação para diplomação e posse.
A reportagem entrou em contato com a prefeita e aguarda retorno.
Fonte: Da Redação
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