Edison Prola confirma tentativa de interferência de delegado-geral em investigações do caso Romano dos Anjos

Herbert Amorim pediu apoio para retirar membros da força-tarefa que investiga o sequestro do jornalista

Edison Prola confirma tentativa de interferência de delegado-geral em investigações do caso Romano dos Anjos
Foto: Reprodução/Redes Sociais/ALE-RR

O secretário de Segurança do Estado, Edison Prola confirmou que o ex-delegado-geral da Polícia Civil Hebert Amorim Cardoso pediu sua ajuda para retirar o delegado João Evangelista da presidência da força-tarefa criada para apurar o sequestro do jornalista Romano dos Anjos.

Prola foi a primeira testemunha indicada por Jalser Renier a prestar depoimento nas oitivas da Subcomissão na manhã desta segunda-feira (21).

Conforme o inquérito da própria Polícia Civil, Herbert tentou atrapalhar as investigações com a retirada do delegado Evangelista do caso. Ele também tentou mover outros membros da força-tarefa.

Conforme o inquérito, a ação do ex-delegado-geral configura como embaraço.

“Na condição de auxílio, após cometimentos dos delitos, com a finalidade de prejudicar ou embaraçar as investigações, foram identificados indícios de envolvimento do delegado-geral de Polícia Civil, Herbert Amorim Cardoso e participação de Eduardo Wayner Santos Brasileiro, delegado-geral adjunto”.

O relato do depoimento de Prola à Polícia Civil, nas páginas 459 e 460 do inquérito, aponta que Herbert solicitou a ajuda do secretário.

Durante as oitivas desta segunda e após Edison Prola reafirmar o pedido de Herbert para mexer na equipe da força-tarefa, o delegado também prestou depoimento na Subcomissão e negou mais uma vez.

O delegado disse que pediu apenas para que Prola o ajudasse a falar com o governador Antonio Denarium para retirar um agente da equipe, pois conforme Herbert, o policial responde processos na Corregedoria.

Mudança de estratégia

O inquérito aponta que sem obter êxito com o pedido feito a Edison Prola, o delegado Herbert Amorim resolveu fazer mudanças no quadro da força-tarefa. Dessa forma, ele editou a portaria que a criou.

Amorim alterou a formação da equipe e inseriu novos policiais. Além disso, atribuiu a coordenação dos trabalhos de investigação a outras duas delegadas, ainda conforme as investigações.

“[…] e, mais, determinou que a investigação continuasse de forma cumulativa com os trabalhos ordinários da unidade de lotação de cada membro da equipe, inclusive deste signatário, conforme se observa na imagem parcial do documento”, cita Evangelista.

O delegado-geral também removeu alguns investigadores das respectivas unidades policiais, dificultando, assim, a produção de diligências.

Conforme o documento, Evangelista informou a Herbert que não havia necessidade de novos membros na apuração do crime. Argumentou também sobre prejuízo que a mudança causaria nas atividades dos agentes.

No dia 8 de janeiro de 2021, a força-tarefa enviou memorando ao delegado-geral, no qual solicitou a revogação da portaria que oficializou as mudanças.

Procedimento administrativo

No dia 8 de outubro do ano passado, após divulgação do caso no Roraima em Tempo, a Corregedoria da Polícia Civil abriu um Processo Administrativo Disciplinar (PAD).

O processo apura a conduta do delegado-geral Herbert Amorim, bem como do adjunto Eduardo Wayner.

À época, o governo disse que “é de total interesse do Governo do Estado a elucidação dos fatos para que sejam adotadas medidas administrativas caso necessário”.

O Roraima em Tempo entrou em contato com a PCRR  por várias vezes para saber sobre o andamento do procedimento, contudo, nunca obteve resposta.

Delegado levou recado de Jalser

O inquérito relata que os chefes da Polícia Civil também levaram um “recado” do então presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jalser Renier (SD) a Prola.

Herbert afirmou que Jalser Renier havia dito que: “se a investigação continuar, vai morrer gente”. A informação foi confirmada em depoimento pelo próprio secretário Edison Prola nas investigações e na Subcomissão.

Mas, as investigações também revelam que o “recado” não teria sido a primeira tentativa de interferência do parlamentar.

Ainda em novembro, antes de Herbet e Wayner encontrarem Prola, Jalser fez uma visita a Denarium no Palácio do Governo.

Com ele estavam os policiais coronel Moisés Granjeiro, coronel Natanael Felipe, e tenente-coronel Paulo Cézar. Todos presos atualmente.

O motivo da visita do deputado seria para exigir do governador a interrupção dos trabalhos policiais. Ontem (21), durante a sessão, o atual presidente da Casa, Soldado Sampaio (PC do B), citou o encontro.

Durante depoimento na Subcomissão de Ética na manhã desta segunda-feira (21), tanto Prola como Herbert afirmaram ter sido informados da ameaça de Jalser ao governador.

Delegado será candidato

No dia 04 de fevereiro o governador Antonio Denarium anunciou a saída de Herbert da direção da Polícia Civil.

Conforme a Secretaria de Comunicação do Governo (Secom), o delegado pretende concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados. Por isso pediu a exoneração do cargo. O delegado comandava a Polícia Civil desde dezembro de 2018.

Matéria em atualização*

Fonte: Da Redação

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