Não resta dúvida. O senador Mecias de Jesus, líder do Republicanos em Roraima, é o maior vilão da saúde pública do Estado. O “baixinho da Xuxa”, ou o “homem do milagre da multiplicação de seus bens”, é um dos grandes responsáveis por muitas mortes no HGR em tempo de pandemia. Explico.
Escutei agora há pouco um áudio da CPI da Saúde da ALE/RR e, confesso, fiquei boquiaberto com tamanha sem-vergonhice do senador. Jorge Everton, relator, pergunta a uma depoente se existe padrinho político na Sesau. E ela responde sem titubear: “Sim. Mecias de Jesus e sua suplente, Roberta Acciolly”.
O senador agia, e ainda age, diretamente nos procedimentos cirúrgicos no HGR. Conforme a depoente, os próprios profissionais da Saúde usavam o nome do Mecias para fazer cirurgias estéticas. Entre os casos absurdos, um me chamou a atenção. Os dentistas aumentaram até o queixo de um bonitão, cabo eleitoral do senador. Enquanto um pobre idoso, com fratura exposta na face, não conseguiu fazer a cirurgia.
Esperando na fila das cirurgias buco-maxilo-facial, muitos pacientes contraíram o Corona e morreram no HGR. Enquanto isso, Mecias, o padrinho político, mandava “desempenar a lataria” apenas de seus cabos eleitorais. Ou seja, Mecias usou, e ainda usa, a Saúde pública para barganhar votos, em detrimento do sofrido povo roraimense, sem atendimento médico decente, digno na carniçaria que virou o HGR.
Talvez isso explique porque, depois de dois anos de investigação da CPI, mesmo com todas as provas, deputados apadrinhados do governador Antônio Denarium retiraram o nome dos cirurgiões bucomaxilos da lista de pedido de indiciamento. É claro que esses dentistas, mais cedo ou mais tarde, entregariam Mecias e sua suplente, a Roberta.
Mas pior é saber que duas das testemunhas foram até ameaçadas por denunciarem o criminoso esquema dos cirurgiões dentro da Sesau. O relatório diz que, com o pretexto de que não teria material cirúrgico, as cirurgias buco-maxilares deixavam de ocorrer. Mentira. Só era operado paciente indicado pelo senador ou por sua suplente.
Outra maracutaia na Sasau. O MP pedia três orçamentos diferentes para avaliar a melhor proposta para o SUS. Então, os três orçamentos sempre citavam os três cirurgiões: Rodrigo Accioly, Denis Dinely e Daniel do Carmo. Eles estipulavam valores bem próximos para que o MP sempre escolhesse um dos três. E assim parte da grana chegava à facção do senador.
Então, fica claro, explícito que Mecias de Jesus é “parça” de um dos bucomaxilos, o Rodrigo Accioly, maridão da Roberta, que é suplente do senador. Tá explicado, ou preciso desenhar?
Estranho foi o pedido da deputada Lenir Rodrigues, marionete descabelada do deputado miliciano, Jalser Renier, para retirar o nome de todos os bucomaxilos da lista de indiciamento. Mas qual a verdadeira intenção de Lenir?
Jorge Everton, relator, assim como Nilton Sindpol, vice-presidente da CPI, ficaram mordidos da vida com tal manobra para livrar a cara de Mecias e Denarium, que sabia, com certeza, de todo esse criminoso esquema dentro da Sesau.
A pergunta é: o senador Mecias de Jesus se preocupa com a saúde do debilitado roraimense? Muitos contraíram o Corona no HGR e morreram esperando a bendita cirurgia. Será que Mecias consegue dormir sossegado, sabendo que, mesmo indiretamente, provocou a morte de dezenas, talvez centenas de pacientes no HGR?
Homem com a consciência pesada, pobre Mecias; rico em fortuna, mas tão pobre de espírito. Deus tenha misericórdia.
Álvares dos Anjos – cronista
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