O descaso com as gestantes e recém-nascidos na maternidade de lona tomou proporção nacional em reportagem especial na Rede Globo na noite desta segunda-feira (5). O Jornal Nacional mostrou a realidade vivida pelas mulheres sob tendas e lonas e focou no triste resultado de tudo isso: o aumento expressivo de mortes de recém-nascidos.
Mas isso é novidade apenas para quem vive em outros estados. Aqui em Roraima a imprensa já vem mostrando isso e muito mais há dois anos e oito meses. Como por exemplo, em agosto de 2021, o Roraima em Tempo, a Rádio 93 FM e a TV imperial mostraram o valor do aluguel da maternidade de lona, que naquela época, era de quase R$ 11 milhões. E, depois disso, a Secretaria de Saúde (Sesau) reajustou em 18% e renovou o contrato por dois anos. Desse modo, o valor total do aluguel até agora é de cerca de R$ 36 milhões.
Outro escândalo que a Globo mostrou no JN foi a morte de três bebes por falta de hemodiálise ou pela realização incorreta do procedimento. Janice de Lima de Sousa Gil, estava esperando gêmeos. Ela contou para esta equipe de reportagem que houve uma grande demora para a realização de diálise em um dos recém-nascidos, o bebê Vicente de Lima. Esse relato também consta na denúncia que um médico nefrologista da maternidade fez na Assembleia Legislativa, no CRM e no Ministério Público. Até o momento, não há nada relatos sobre o resultado das denúncias.
Após a divulgação da denúncia na imprensa, a Sesau divulgou comunicado em que negou que as mortes das três crianças estivessem relacionadas com a falta de diálise. Além disso, repudiou as reportagens e disse que a vida de pessoas estavam sendo “indevidamente exploradas”. Ou seja, tentou fugir da própria responsabilidade.
“Pessoas que dão show”
Os problemas da maternidade de lona vão além da estrutura. O tratamento às gestantes ali é desumano. A própria ex-secretária de saúde, Cecília Lorezon, chegou a criticar uma gestante que chorava em desespero no chão da unidade. Ela implorava por atendimento.
Mas, para a surpresa de todos, ao invés de determinar atendimento digno para a gestante, Cecília rebateu uma reportagem nas redes sociais e comentou que não havia problemas na maternidade e que “tem gente que se presta a dar show”.
Cecília virou alvo de duas operações d PF por suspeitas de fraude em processos licitatórios da Saúde. Além disso, ela teve dois processos suspensos pelo Tribunal de Contas do Estado e um pelo Tribunal de Contas da União. Esse último, trata-se da contratação de uma empresa já investigada por fraude em outros estados e que também virou alvo de operação da PF na Sesau. Na sexta-feira passada, o Tribunal Regional Federal afastou Cecília e a proibiu de ocupar cargos públicos.