Após a Clínica Renal ter suspendido os atendimentos por falta de pagamento do Governo do Estado, o Hospital Geral de Roraima (HGR) recebeu na manhã desta segunda-feira (17), a demanda de pacientes crônicos.
Conforme a familiar de um dos pacientes, a unidade dispõe de cerca de 10 macas para terapia renal. Contudo, apenas na manhã de hoje, o hospital recebeu mais de 30 pacientes crônicos. Esses fazem até quatro sessões por semana, que duram, em média, quatro horas cada. Segundo ela, para conseguir atender a demanda, o HGR reduziu o tempo do procedimento.
“Um médico representante foi explicar a situação [para os pacientes], que eles só tem dez macas no HGR e dez macas no HC [Hospital das Clínicas] […] E eles vão reduzir para uma hora e meia [o tempo da sessão]. Os pacientes fazem até quatro horas de hemodiálise”, relatou a mulher.
O servidor público Antônio Barroso faz hemodiálise há 5 anos, pois sofre com insuficiência renal. Ele, que é paciente crônico, afirma se sentir perdido diante da situação. “É fatal. Não tem para onde correr. E a Clínica [Renal] é que estava fazendo [as sessões de hemodiálise]. É genocídio, é morrer mais de 320 pessoas”, lamentou.
Revoltados, alguns pacientes se concentraram em frente à Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) para assim cobrar um posicionamento dos deputados estaduais.
“Onde vocês estão agora? Vocês estão vendo a população morrer! Eu não escolhi estar aqui, não. E nem os meus amigos. Eu estava há quatro anos esperando uma cirurgia, a qual o Governo não fez. E de tanto tempo ficar acamado, meus rins pararam. Mas enfim, aonde estão vocês, deputados? Tem 24 deputados nessa casa e não tem um que nos representa! Vocês vão deixar a gente morrer?”, questionou Renato, um dos pacientes que foram até à Casa Legislativa na manhã de hoje.
Joel de Souza, marido de uma das pacientes que faz terapia renal, pede ajuda das autoridades para resolver o problema que atinge mais de 300 pessoas.
“Eu estive dentro do HGR e eu vi o desespero de muitas mães, muitos pais, sofrendo. Crianças lá acompanhando os seus pais, com medo de eles morrerem. Agora, a vida deles está contra o tempo. A cada minuto que se passa, se não dialisarem cada um deles, a consequência amanhã será muito grande!”, ressaltou.
O Ministério Público de Roraima (MPRR) informou que a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde já expediu ofício à Secretaria de Estado da Saúde, o qual requer informação sobre a continuidade do serviço de hemodiálise aos pacientes que sofrem de problemas renais no Estado.
A Sesau tem uma dívida de R$ 8.396.728,70 com a Clínica Renal. A informação foi confirmada pelo assessor jurídico da empresa, Daniel Amaral.
Segundo o advogado, somente em 2022, o débito acumulado foi de R$ 4.287.063,63. Mesmo assim, a empresa foi obrigada a continuar atendendo as demandas do Estado, após imposição administrativa da pasta.
“Esse débito passou de um ano para o outro e, naturalmente, toda a despesa que a clínica teve para aquisição de insumos, equipamentos, recursos humanos, infraestrutura, enfim, todos os recursos inerentes à essa prestação de serviços, a clínica não recebeu o seu pagamento“, explicou.
No início deste mês de julho, a Sesau credenciou duas empresas para prestar o serviço de terapia renal a pacientes internados nos hospitais do Estado. E, no último dia 10, encaminhou à clínica notificação de encerramento unilateral do contrato.
Na última sexta-feira (14), a Clínica Renal de Roraima informou a suspensão dos atendimentos para os pacientes crônicos a partir desta segunda-feira (17).
Assim, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) possui débitos em aberto com a empresa desde dezembro de 2022. A pasta ainda tem os meses de março, abril, maio e junho de 2023 inadimplentes, referente ao contrato para prestação de serviços aos pacientes crônicos, aqueles que recebem atendimento diretamente na sede da empresa.
Em ofício enviado à secretária de Saúde Cecília Lorenzom, a empresa destacou que não tem mais recursos financeiros para manter a prestação de serviços sem receber o justo e devido pagamento.
Do mesmo modo, os pacientes foram encaminhados para os hospitais do Estado, para ter acesso ao atendimento médico necessário.
Em nota, o Governo disse então que recebeu a notícia com “surpresa”. E que decisão de paralisar os serviços para os pacientes crônicos renais pelo SUS devem ser comunicados com 30 dias de antecedência. Disse também, que descumprimentos no contrato resultam em medidas judiciais.
Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que as tratativas de pagamento de valores em atraso ocorrem normalmente, e que vem mantendo contato com a Clínica Renal no sentido de sanar quaisquer dúvidas em relação aos serviços prestados.
Além disso, a pasta ressaltou que a interrupção causa espanto, “uma vez que todo impasse está sendo negociado”.
Por fim, a Sesau reforçou que está organizando de forma imediata o fluxo de atendimento, a fim de não comprometer a continuidade do serviço.
Fonte: Da Redação
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