Beber refrigerante todos os dias, mesmo nas versões zero ou diet, pode elevar em até 60% o risco de desenvolver esteatose hepática, o excesso de gordura no fígado. É o que mostra um novo estudo apresentado na terça-feira (7/10), durante o encontro anual da United European Gastroenterology (UEG), o maior congresso europeu de gastroenterologia.
A pesquisa usou dados do UK Biobank para avaliar a rotina de 123.788 pessoas sem doença hepática ao longo de 10 anos. E vinculou o consumo diário de bebidas adoçadas com açúcar (SSBs) e de versões com adoçantes artificiais (LNSSBs) ao risco de desenvolver problemas no fígado. Nesta categoria estão refrigerantes, chás e sucos industrializados.
Os resultados mostraram por exemplo, que o consumo acima de 250 ml por dia aumentou em 60% o risco entre quem tomava versões adoçadas artificialmente. E em 50% entre quem optava pelas tradicionais. Como resultado, todo, 1.178 pessoas desenvolveram a doença e 108 morreram por causas relacionadas ao fígado.
Risco dos refrigerantes para o fígado
A condição observada no estudo é a doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD). Trata-se de um acúmulo de gordura nas células do fígado, que pode evoluir para inflamação, cirrose e falência hepática em casos graves.
Os autores apontam que a MASLD é hoje a forma mais comum de doença crônica do fígado e afeta cerca de 30% da população global. Muitos casos permanecem sem diagnóstico, já que os sintomas iniciais — fadiga e dor abdominal — costumam ser leves e desprezados.
“As bebidas adoçadas com açúcar são alvo de críticas há muito tempo, mas as versões ‘dietéticas’ ainda são vistas como alternativas seguras. Nosso estudo desafia essa percepção”, afirmou em comunicado à imprensa o gastroenterologista Lihe Liu, pesquisador líder da análise.
Efeitos além das calorias
Além disso, o grupo de Liu sugere que o risco elevado pode ser resultado de mecanismos distintos. No caso das bebidas com açúcar, os picos de glicose e insulina favorecem o acúmulo de gordura e o ganho de peso. Já as versões com adoçantes podem alterar o microbioma intestinal e estimular o apetite.
Água como aliada do fígado
O estudo também avaliou o impacto da substituição das bebidas por água. Trocar refrigerantes comuns por água reduziu o risco de doença hepática em 12,8%. A troca das versões adoçadas artificialmente por água reduziu o risco em 15,2%.

