A filha de uma paciente da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, que teve a reforma inaugurada na última sexta-feira (6), procurou o Roraima em Tempo para reclamar da falta de conforto dos acompanhantes no bloco das Margaridas.
Segundo a mulher, os acompanhantes precisam aguardar pela alta das pacientes em uma cadeira de plástico, o que é desconfortável para quem precisa dormir no local ou permanecer por muitas horas.
“Tem um senhor que está acompanhando sua esposa. Ele nem aqui na cidade mora. Está na cadeira de plástico e vai ficar aqui até a sua esposa ter alta, por não ter condições de ficar indo e voltando para a sua casa. E sua esposa sequer tem previsão de alta. O tempo que ele for ficar acompanhando sua esposa, ele irá ter que ficar nessa cadeira”, relatou a denunciante.
A denunciante conta que os transtornos começaram ainda durante a transferência para o prédio no bairro São Francisco. A mãe dela chegou a mudar de quarto por duas vezes e, no último, já não havia poltronas para os acompanhantes.
“Minha mãe chegou no quarto onde ela iria ficar e logo em seguida transferiram para outro quarto, porque o lugar onde fica o oxigênio estourou e estava vazando para todo lado. Aí no outro quarto onde ela foi transferida já não tinha tomada e não estava pronto. Tiveram que mudar ela de novo. Quando chegaram nesse quarto em que estão agora, tinha três camas a mais e já não tinha nem poltrona e nem cadeira de plástico para os acompanhantes. Os acompanhantes que já estavam lá disseram que desde que foi reinaugurada que não tem poltronas lá”, detalhou a mulher.
‘Sem suporte’
Algumas pessoas chegaram a procurar por poltronas para melhor se acomodarem. No entanto, foram informados de que ficariam em cadeiras de plástico para “não dormir”. “Ontem eles foram atrás das poltronas e os enfermeiros disseram que os acompanhantes iam ficar na cadeira de plástico, porque acompanhantes não são para dormir”, disse.
O governador Antonio Denarium (Progressistas) esteve na unidade na noite desta quinta-feira, 12, para acompanhar o primeiro parto na “nova” maternidade. A denunciante criticou a situação.
“Não está tendo banheiro nem para os funcionários. Os funcionários não podem falar muita coisa, reclamar, porque são obrigados a se calar. E ontem o governador esteve aqui. Onde ele foi estava tudo organizado, enquanto os outros estão largados”.
Para a mulher, o prédio não deveria ter sido entregue, já que ainda não possui estrutura suficiente para atender a população. “Se não tem suporte para receber as pessoas, por que reinauguraram? Se entregaram a maternidade como uma forma de jogada política para ganhar visibilidade, então se deram mal. Só quem sofre mais com isso são os pacientes que estão lá dentro”, desabafou.
O que diz a Sesau
Procurada, a Secretaria de Estado a Saúde (Sesau) disse que a situação foi solucionada e as poltronas remanejadas para o bloco onde havia acompanhantes. Além disso, a pasta lamentou o fato, pediu desculpas e reforçou que qualquer reclamação ou sugestão deve ser imediatamente comunicada na direção ou ouvidoria da unidade.
O usuário também pode recorrer à Ouvidora Geral do SUS em Roraima, que fica na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, n°1364, no Bairro dos Estados. Do mesmo modo, a queixa pode ser formalizada por meio do WhatsApp da OGSUS-RR (95 98410-6188), no e-mail [email protected], pelo site https://falabr.cgu.gov.br, ou pelo Disk Saúde 136.
Licitação
O Governo de Roraima abriu uma licitação estimada em R$ 60,4 milhões para a compra de móveis hospitalares para atender unidades de saúde da capital e do interior, incluindo a Maternidade Nossa Senhora de Nazareth. Para o local, a Sesau pretende adquirir cerca de 3,5 mil itens, que incluem 250 poltronas para acompanhantes.
A Sesau lançou o edital do pregão eletrônico apenas uma semana antes da inauguração do prédio reformado. A licitação ainda não foi finalizada. Enquanto isso, acompanhantes seguem desconfortavelmente em cadeiras de plástico.
Atraso na entrega da obra da maternidade
A obra da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, foi inaugurada após três anos de atraso. O governador Antonio Denarium havia dito que a situação duraria apenas cinco meses.
O local entrou em reforma em 2021, por isso, a Secretaria de Saúde transferiu, no dia 5 de junho do mesmo ano, as pacientes do prédio da unidade para uma estrutura improvisada, no bairro 13 de Setembro, zona Oeste da capital.
Deputado criticou inauguração sem os equipamentos novos pelo Governo
Dias antes da entrega da obra, o deputado Jorge Everton (União) criticou a inauguração do prédio sem equipamentos novos. Ele disse que parte dos móveis usados na ‘nova’ maternidade já vieram de outro hospital.
“O governador está sendo omisso […] a secretaria de Saúde teve até afastamento judicial com busca e apreensão na casa da secretária e ela [Cecília] sequer foi cogitada a sair da pasta. O governador é conivente sim. Vão inaugurar agora a maternidade e correndo. Não existe um estetoscópio novo comprado para a maternidade. Estão pegando os móveis do Hospital das Clínicas e levando para a maternidade para fazer a inauguração […] que gestão de qualidade é essa?” questionou.
Fonte: Da Redação