A família de uma paciente internada na Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, denunciou o descaso no local nesta terça-feira (12).
De acordo com o marido da mulher que não quis se identificar, a esposa que estava grávida de 39 semanas, deu entrada na maternidade no dia 3 de março.
Na ocasião, a paciente já estava com muitas contrações e sangramento, o que indicava o início do trabalho de parto. O problema começou quando a mulher não apresentava dilatação.
“Eu fiquei muito preocupado. Só ficavam medicando ela com dipirona e buscopan, dizendo eles que era para baixar o colo do útero. Por ela não ter dilatação, era para ela fazer a cirurgia, mas aqui na maternidade eles não fazem isso. Eles querem esperar até o último momento”, disse.
Além disso, ele destaca que depois de três dias de espera, um médica que acompanhava a situação queria mandar a mulher para casa, pois segundo ela, não estava no momento do parto. Conforme o denunciante, a médica estava se baseando em exames do dia que eles chegaram no hospital.
“Eu pedi dela para fazer novos exames para confirmar se de fato podiamos ir para casa, pois eu via o sofrimento da minha esposa, que chorava de dor. De tanto insistir, ela vez outros exames para escutar o coração do bebê. O exame deu alteração, ela informou que minha esposa ia ter o filho com 42 semanas, eu questionei e ela informou que sabia porque tinha anos de experiência. Não pode uma médica se basear apenas nas suas experiências, esses casos precisam de diagnóstico”, destacou.
Descaso com a paciente afetou o bebê
Por conta da negligência da médica e a recusa em fazer a cirurgia, o problema se agravou. Depois que o marido implorou por atendimento, descobriram que o liquído da barriga da paciente estava baixo, deixando a vida do bebê em risco.
“Eu implorei e eles fizeram o ultrassom, só depois disso que viram que o bebê estava nas últimas já. Eles tiveram que correr para fazer a cirurgia na minha esposa e tentar salvar meu filho. Meu filho já estava em sofrimento fetal. Como que a médica dá um diagnóstico sem fazer um ultrassom? Ela queria mandar a gente para casa, meu filho ia morrer”, ressaltou
O resultado foi as sequelas no bebê, que após a cirurgia de cesariana precisou ficar internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da maternidade.
“Enfim, eles fizeram a cesariana, o bebê ingeriu mecônio [corresponde às primeiras fezes do bebê], ficou cansado porque não havia oxigênio na barriga da mãe. Por mais que meu filho tenha saído da UTI, eu tenho medo se alguma coisa afetou o organismo dele. Eles não deixam nem eu pegar o prontuário do meu filho”, pontuou.
Forte odor e moscas na comida
Além do descaso no atendimento, o denunciante também relatou que o bloco Ala das Rosas, está com um forte odor, assim como a presença de moscas.
“Os funcionários me falaram que há meses está com o forte odor no bloco onde fica as pacientes. A gente é humano, tem mães cirurgiadas, bebês. Já pensou a gente ta limpando essas mães e um mosca pousa no cordão belical? Corre o risco de pegar uma doença ou uma infecção. Até na comida tem moscas. Falaram que iam resolver, mas até agora nada”, informou.
Dessa forma, o sentimento do denunciante é de vergonha, por ver as mães e a famílias sendo atendidas em uma lona.
“Isso aqui é um absurdo, um estado como Roraima ter uma maternidade de lona, é uma vergonha para gente. Isso aqui é desumano, como que pode eles tratarem de pessoas embaixo disso aqui? Esse lugar não é adequado para as pessoas, eles gastam milhões em aluguel só pra roubar. A gente se sente humilhado”, finalizou.
Citada
A redação do Roraima em Tempo entrou em contato com a Secretaria de Saúde (Sesau). Por meio de nota, a Sesau disse que ” as condutas adotadas na paciente seguiram os protocolos do Ministério da Saúde”.
Disse também que a criança recebeu alta nesta terça-feira, (12) após necessitar de suporte de Pressão Positiva Contínua de Vias Aéreas da UTI da unidade. Já sobre a limpeza do ambiente, informou que há equipes 24h no atendimento dos blocos e toda a extensão da unidade hospitalar. Contudo, havendo reclamações, é necessário que seja formalizado na Ouvidoria para as devidas providências administrativas.
Fonte: Da Redação