“Depois dessa experiência assustadora, estamos traumatizados com tanto sofrimento”, iniciou France Damasceno, sogra da jovem Evelyn Costa, de 18 anos, que esperou três dias por um parto cesárea na ‘Maternidade de Lona’ em Boa Vista.
Conforme o relato, a jovem deu entrada na unidade de saúde por volta das 7h do dia 12 de junho com todos os indicativos para uma cesariana, pois se encontrava na 42ª semana de gestação.
“Ela estava super inchada e o bebê pesando 3 kg e 900 g, mas a fila para cesariana de emergência estava enorme, a Maternidade em um caos total, e com apenas dois médicos para fazer o procedimento”, relatou.
Após não conseguir fazer o procedimento, a equipe tentou induzir o parto natural na noite do dia 13, o que não teve sucesso. Momento este que intensificou o sofrimento da jovem.
“Forçaram minha nora a ter o bebê. Deram remédios para isso, mas não teve resultado. Um absurdo fazerem isso com uma grávida com 42 semanas de gestação que deveria ter passado pela cirurgia no primeiro dia” criticou.
Depois, ao perceberam que o quadro não evoluiu para um parto normal, resolveram marcar a cirurgia para às 18h de sexta-feira (14). Entretanto, o parto ocorreu somente por volta das 11h deste sábado (15).
“Ela estava com todos os indicativos para fazer a cesariana, então não entendo por que forçar um parto normal e causar tanto sofrimento. Todos os dias a gente ver os descasos. Enquanto isso a população paga o preço muitas das vezes com a própria vida”, lamentou France.
O Roraima em Tempo solicitou posicionamento da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). A mesma refutou as informações dos familiares e justificou a demora devido ao Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para Cesariana. Confira a nota:
“A Sesau esclarece que a paciente estava com 38 semanas de gestação e não 42 semanas como alegam os familiares. Informa que há um Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para Cesariana, diretriz do Ministério da Saúde, que traz os parâmetros que devem ser rigorosamente seguidos. Principalmente em pacientes jovens, pois possuem uma maior probabilidade de ter outra(s) gestação(ões) ao longo da vida.
O objetivo desse Protocolo, elaborado dentro de rigorosos parâmetros clínicos, precisão de indicação e evidências científicas nacionais e internacionais, é auxiliar e orientar os profissionais da saúde a diminuir o número de cesarianas desnecessárias, uma vez que o procedimento, quando não indicado corretamente, traz inúmeros riscos, como aumento da probabilidade de surgimento de problemas respiratórios para o recém-nascido e grande risco de morte materna e infantil.
Entre os principais destaques do protocolo, além de derrubar o mito de que a cesariana é mais segura e que o parto normal é sempre um procedimento de dor e sofrimento, é auxiliar na busca das melhores práticas em saúde. Além disso, é obrigatória a cientificação da gestante, ou do responsável legal, dos potenciais riscos e eventos adversos relacionados ao procedimento cirúrgico ou uso de medicamentos para a operação cesariana.”
Sobre a falta de médicos, a Sesau informou que a escola de plantão está sendo ajustada de forma a cobrir os períodos.
A denunciante rebatou a alegação e disse que tem exames que comprovam a gestação avançada. Segundo ela, justamente por estar em uma gestação com 42 semanas, a jovem foi internada imediatamente.
Um desses exames foi realizado no dia 6 de maio e mostra que Evelyn estava grávida de 37 semanas e 1 dia. Desse modo, neste sábado (15), a gestante deu à luz após uma gestação de 42 semanas e seis dias, o que comprova o relato da sogra da jovem.
“Querem mostrar que tudo é perfeito. A maquiagem da imundície desse governo é sempre assim. Eu votei dele e me arrependendo amargamente, porque é vergonhoso a maior maternidade do estado ser de lona”, concluiu.
Fonte: Da Redação
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