A pesquisa O impacto da pandemia e da vacinação contra COVID‐19 e outras doenças respiratórias, conduzida pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) a pedido da Pfizer apontou que a importância da prevenção da Covid por meio da vacina não está clara para os pais de adolescentes de até 14 anos.
A iniciativa faz parte da campanha Mais Que Um Palpite, realizada em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). O objetivo é combater as fake news sobre saúde infantil e levar informações confiáveis à população.
Assim, ao todo, 2.372 pais ou responsáveis por crianças de 0 a 14 anos participaram do levantamento. Ele conta com uma amostra representativa da população brasileira com 18 ou mais. Além de especificamente respondentes de São Paulo, bem como regiões metropolitanas de Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre.
Dessa forma, a pesquisa apontou que 59% dos pais declararam que a Covid é a doença que mais os preocupa. Contudo, 31% não reconhecem que as vacinas protegem crianças ou adolescentes de formas graves da doença. Outras doenças que afligem as famílias são a meningite, mencionada por 56% da amostra, e pneumonia, citada por 48% dos respondentes.
Contudo, apesar da preocupação demonstrada pelos pais com doenças potencialmente graves, chama a atenção o desconhecimento deles sobre a possibilidade de preveni-las. Quase metade dos participantes (46%) desconhece que as vacinas possam prevenir formas graves de meningite, doença associada a altas taxas de letalidade. No caso da pneumonia esse porcentual é ainda maior, chegando a 76%.
“A desconfiança aliada a fake news em relação às vacinas são fatores que contribuem para a hesitação ou recusa vacinal. O que já se reflete nas baixas taxas de cobertura vacinal da nossa população pediátrica. Esse é um desafio que precisamos enfrentar: combater as fake news e disseminar informação confiável”, ressaltou.
Para o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri, é necessário reduzir a hesitação vacinal.
Logo, na opinião do médico, é preciso trabalhar intensamente para reduzir o porcentual de pessoas que desconhecem os benefícios da vacinação.
“Vivemos um período intenso de informações desencontradas ao longo da pandemia. E quando chegou a vez de as crianças se vacinarem contra Covid e outras doenças, houve uma forte hesitação. É preciso reafirmar sempre que as vacinas são seguras, que não há motivos para temer os imunizantes. Precisamos atuar para retomar a confiança nas vacinas no Brasil”, disse.
Nesse sentido, os resultados da pesquisa apontam que, além da desconfiança, o atraso vacinal também é comum para grande parte das famílias. A maioria (68%) apontou a falta de tempo como a principal causa do atraso na vacinação de filhos. Com 46% dos respondentes assinalando que a pandemia impactou ou atrapalhou o andamento da atualização do calendário das vacinas em geral.
No caso específico da vacina para a prevenção da Covid, houve resistência de parte dos pais entrevistados em proteger os filhos. Como resultado, 14% dos respondentes afirmam categoricamente que não vacinarão suas crianças contra a Covid. “As crianças são afetadas por uma carga muito grande de doenças respiratórias. Quando temos ferramentas seguras para prevenir muitas dessas enfermidades, não há motivo para hesitação”, comenta Kfouri.
Quando o assunto é conhecimento sobre importância de completar ciclos vacinais, ou seja, com todas as doses previstas, incluindo as de reforço, 66% dos respondentes da pesquisa confiam que apenas as primeiras doses de um ciclo já garantem proteção parcial ou total contra a enfermidade, ou formas mais brandas da doença – o que diverge da recomendação das sociedades médicas, uma vez que a eficácia das vacinas está totalmente correlacionada com a realização do seu esquema vacinal completo.
Além da falta de informação sobre as vacinas, os respondentes também demonstraram baixa percepção sobre os sintomas mais graves das doenças infectocontagiosas. Apenas 19% dos pais respondentes demonstrou preocupação com a rigidez da nuca, por exemplo, sintoma associado a casos graves de meningite, que exigem rápido atendimento médico. Sintomas comuns e corriqueiros, por outro lado, assustam mais as famílias: a febre foi mencionada por 56% dos participantes, figurando em primeiro lugar, seguida pela falta de ar, com 56%.
Segundo a investigação, com o início da pandemia, 83% dos pais afirmam que passaram a buscar mais informações sobre vacinação infantil, com as mães liderando a procura. Ao mesmo tempo, 67% dos respondentes alegam ter recebido alguma notícia falsa sobre o tema e 35% confirmam que a desinformação já causou algum nível de hesitação vacinal, sendo maior entre as mães (38%, ante 31% entre os pais) e os mais jovens na faixa de 18 a 24 anos (45%) e de 25 a 34 anos (40%).
Postos de saúde (58%), pediatras (41%), canais do Governo/Ministério da Saúde (38%), imprensa (32%), clínicas de vacinação (21%) e escolas (12%) foram as fontes de informação sobre vacinação infantil mais reportadas pelos participantes da pesquisa. As redes sociais também têm espaço no dia a dia de busca por dados e notícias sobre saúde, em uma lista composta por WhatsApp/Telegram (8%), YouTube (7%), Instagram (6%), Facebook (5%) e mensagens dos grupos das mães (5%).
Por fim, quando perguntadas sobre os novos hábitos de proteção e higiene adquiridos na pandemia que pretendem manter, 77% das famílias indicaram que higienizar as mãos com frequência será o principal, superando a manutenção da vacinação em dia (66%). Utilização de máscara para impedir a infecção por meio de sintomas respiratórios fecha a lista dos principais hábitos que seguirão no dia a dia de 52% das famílias.
Fonte: Da Redação
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