Por falta de pagamento do Estado, clínica conveniada reduz sessões de hemodiálise e pacientes protestam

De acordo com informações, o Governo parou de pagar a clínica em agosto do ano passado

Por falta de pagamento do Estado, clínica conveniada reduz sessões de hemodiálise e pacientes protestam
pacientes cobram solução do Governo – Foto: Ian Vitor Freitas/Roraima em Tempo

Pacientes que fazem hemodiálise em Roraima cobraram do Governo de Roraima o pagamento atrasado da clínica conveniada. Eles reuniram no local na manhã desta terça-feira (7).

A clínica emitiu um comunicado para informar que não tem mais condições mínimas para absorver a demanda do Estado. Disse ainda que já houve inúmeras tratativas para sanar as pendências. Contudo, não obteve sucesso.

Como resultado, reduziu o número de sessões de hemodiálise dos pacientes do SUS. Dessa forma, os que faziam três vezes por semana, agora farão apenas duas.

É o caso de Celso Caxias, 46 anos. Ele faz hemodiálise há quatro anos. De acordo com ele, o Governo parou de repassar o pagamento da clínica em agosto do ano passado. Ele teme, pois seu estado de saúde pode se agravar com uma sessão a menos.

“Eu faço hemodiálise há quatro anos nos dias de terça, quinta e sábado. Só que o governador não está repassando a verba e vão tirar a hemodiálise de sábado. Só vai ficar duas hemodiálises. E se tirar uma hemodiálise da semana, muita gente via passar mal. Principalmente eu. Eu vou ter que passar quatro dias sem fazer a hemodiálise. Aí vou parar no hospital. Não consigo sobreviver com a hemodiálise incompleta. Então não é só eu. É muita gente E aí vai morrer gente. Se começar a faltar o sábado vai começar a morrer gente. Principalmente as pessoas que não urinam”.

Interior

Sinai Santos de Oliveira, 70 anos, acompanha o marido, de 76, no tratamento há cinco anos. Eles tiveram que se mudar de Caroebe pare Boa Vista para fazer hemodiálise três vezes por semana.

“Nós estamos aqui tem cinco anos que ele está aqui, e nós moramos em Caroebe. Estamos aqui em casa alugada, pagando água, luz, carro para trazer ele, estou vendendo bombom para poder comprar o medicamento dele. E ele depende muito desse tratamento, depende muito dessa hemodiálise. Estou muito preocupada de perder meu esposo. Ele tem 76 anos e eu 70”. disse

Preocupada com as consequências da redução do tratamento, Sinai faz um apelo ao governador Antonio Denarium (PP).

“Estou morando aqui no Buritis, em uma casa alugada. R$ 1000 reais por mês […] Nós vendemos [bombom] para poder ajudar. Nós não temos outra renda. Eu não posso trabalhar. 70 anos. Ele também não pode e estamos aqui na luta. Ô governador Antonio Denarium, tenha compaixão, tenha misericórdia de nós. Nós votamos no senhor, minha família votou no senhor, demos um voto de confiança no senhor. Pague os funcionários para que não deixe nossa clínica renal parar. Eu peço ao senhor em nome de Jesus, governador”.

Transplante

Roraima não dispõe de estrutura para realizar transplantes. De acordo com a paciente Maria Estela Soares, o governador prometeu implantar o serviço no Estado.

“Seu Denarium veio aqui na clínica, apertou a nossa mão dizendo que ia nos tirar da máquina e ia trazer o transplante. Mas ele nem fala mais nisso”, disse.

O paciente Jupi José também pede que o Governo providencie transplante em Roraima. Pois há muitos pacientes correndo risco de vida.

“Nós já falamos sobre esse assunto aqui. Já tivemos umas duas ou três reuniões sobre isso, para ver se nós conseguimos uma maneira de falar com as autoridades competentes para trazer o transplante para Roraima. Porque não vão curar o pessoal, o pessoal tá morrendo e nós não podemos conseguir o TFD que é muito protocolo e isso é gestão, é questão de governo, né? Então fazemos um apelo para senhor Denarium e ao secretário de Saúde, para que eles parem de informação boba na televisão e traga o transplante para Roraima. Isso não é justo. Que eles pelo menos não deixem de fazer hemodiálise”.

Jupi José também pede ajuda aos políticos de Roraima para que se mobilizem e busquem uma forma de ajudar.

“Quero fazer um apelo aqui para as autoridades, os deputados e os senadores. Que ouçam minhas palavras e coloque isso na Assembleia para ver se nós conseguimos uma maneira de transplantar o pessoal aqui em Boa Vista. Porque o roraimense, ele tem o mesmo direito que o paulista tem, o cearense tem. Nós temos direito do transplante sim. Não pode idealizar um homem mais de que dois anos sem transplantar. É contra a lei, é contra a regra”, concluiu.

Citada.

A reportagem entrou em contato com o Governo de Roraima. Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde disse que devido a mudanças no sistema Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças, só estão sendo permitidos o pagamento de empenho.

Disse ainda que ainda que está no aguardo de orientações da Secretaria da Fazenda quanto ao desbloqueio das demais funções do Sistema, para que sejam providenciados o pagamento de empresas terceirizadas, dentre elas a Clínica Renal de Roraima.

Fonte: Da Redação

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