Por falta de transporte, moradores de comunidade indígena no Amajari sofrem dificuldades para fazer hemodiálise em Boa Vista

Segundo a tuxaua da comunidade, apenas um carro é responsável por toda a demanda da Saúde na região

Por falta de transporte, moradores de comunidade indígena no Amajari sofrem dificuldades para fazer hemodiálise em Boa Vista
Foto: Arquivo pessoal

Três moradores da comunidade indígena Três Corações, município de Amajari, Norte de Roraima, precisam de sessões frequentes de hemodiálise. O serviço só é oferecido em Boa Vista, por isso, eles precisam se deslocar até a capital três vezes por semana. No entanto, apenas um carro é responsável por toda a demanda da Saúde na região, conforme denunciou a tuxaua Janaína Peixoto em entrevista à TV Imperial.

“Nós estamos sofrendo essa dificuldade de carro pela nossa instituição da Sesai [Secretaria de Saúde Indígena], pelo nosso município, pelo nosso estado também, porque nós somos regidos pela Sesai, mas tem as contrapartidas do município e do estado. Hoje nós estamos com um carro somente para hemodiálise, para eletiva, para remoções, atendimentos nas comunidades. Um carro só para tudo“.

A liderança relata ainda que em março deste ano, as comunidades indígenas de Roraima contavam com cerca de 72 caminhonetes para atender as demandas de Saúde. Atualmente, só possuem 40, sendo que algumas eventualmente apresentam problemas.

“Isso é inadmissível. Nós já presenciamos pacientes de outras regiões, outras comunidades, indo a óbito por falta de carro, por falta de medicação. Isso aí é fato”, ressaltou a tuxaua.

Apoio

A comunidade Três Corações conta com aproximadamente 1.500. Segundo Janaína Peixoto, é preciso apoio dos órgãos competentes para conseguir atender toda a demanda.

“A nossa base já está cansada. E hoje, quem sabe amanhã, pode um paciente da hemodiálise, uma eletiva, por que lá a gente não atende só comunidades. É uma BR entre uma RR. Tem as fazendas, tem muita gente […] Como é que a gente fica? desassistido. Cadê os nossos governantes? Então peço que as nossas lideranças, prefeitura, Sesai, Funai, a nossa liderança indígena lá em cima, tenham um olhar diferente para nós. Nos dê socorro. Estamos pedindo socorro em nome daquela população”, desabafou a tuxaua.

Ela ainda destacou a necessidade dos pacientes de manter um tratamento constante, para evitar regressos e até possíveis mortes.

“Tem uma criança agora recente, tem essa idosa cadeirante e tem uma senhora por volta de 40 anos. Se interrompido, é certo o óbito, porque se eles precisam estar fazendo três vezes por semana, é porque é preciso. Não é questão de eles não querer, eles têm que vir e tem que fazer o tratamento. Então é a minha preocupação, porque se um dia vem e outro dia não vem, e aí? Quem é que vai pagar essa vida se for a óbito?“, questionou a liderança.

O que diz a Sesai

Em nota, a Secretaria de Saúde Indígena disse que o tratamento de hemodiálise não foi interrompido na comunidade indígena Três Corações. E que a pasta “tem trabalhado para melhorar o sistema de transporte local”.  A frota do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Leste conta com 45 veículos.

Por fim, a Sesai afirmou afirmou que assegura que todos os cuidados necessários são disponibilizados para que os pacientes recebam o tratamento adequado e em tempo oportuno.

Fonte: TV Imperial

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