O relatório do Ministério da Saúde (MS) apontou um desvio de cerca de 90% nos medicamentos no Dsei-yanomami. O órgão divulgou o documento nesta terça-feira (7).
Conforme o MS, em um dos processos a empresa Balme Empreendimentos recebeu R$ 1.072.985,66. Contudo, forneceu medicamentos referentes a R$ 108.413,89. Ou seja, forneceu apenas cerca de 10% pelo valor que recebeu.
No dia 30 de novembro do ano passado, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na empresa. A ação era parte da Operação Yoasi. O intuito era investigar desvio de medicamentos no Dsei-Yanomami.
À época, o órgão era comandado pelo ex-vereador de Mucajaí, Ramsés Almeida. Ele era indicação do senador Mecias de Jesus (Republicanos) no cargo. Logo em seguida Ramsés saiu da função.
A PF instaurou o inquérito após o receber de um inquérito civil, conduzido pelo Ministério Público Federal (MPF). O órgão apurou notícias divulgadas pela imprensa que relatavam a falta de medicamentos para malária e verminoses na Terra Indígena.
As diligências do MPF identificaram o recebimento de Albendazol em quantidades inferiores ao adquirido pelo Dsei.
Conforme a PF, com o apoio de agentes públicos, os recebimentos das entregas seriam fraudados. E indicariam o cumprimento integral da contratação.
Apenas em relação ao prejuízo para tratamento de verminoses, o esquema teria deixado 10.193 crianças desassistidas. O que resultou no aumento de infecções, bem como de manifestações de formas graves da doença, com crianças expelindo vermes pela boca.
Interferência de políticos
O secretário especial da saúde indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, concedeu coletiva nesta terça-feira (7).
Ele então afirmou que houve aparelhamento político no serviço público de assistência à saúde do povo Yanomami em Roraima.
“O que a gente experimentou no Dsei Yanomami nos últimos anos, foi um verdadeiro aparelhamento político. Verdadeiras oligarquias políticas que detêm o poder aqui em Roraima”, denunciou
Tapeba participa de ações em Roraima para lidar com a crise. De acordo com o MS, em todo o país, 34 Dseis estão vinculados à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
Fonte: Da Redação