Relatos apontam 30 casos de jovens Yanomami grávidas de garimpeiros

Conselho Indígena de Roraima (CIR) apresentou os relatos na última segunda-feira (30)

Relatos apontam 30 casos de jovens Yanomami grávidas de garimpeiros
Povo Yanomami – Foto: Alan Azevedo/ISA

O secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ariel de Castro, informou que denúncias mostram que pelo menos 30 meninas e adolescentes Yanomami estariam grávidas. Os abusos aconteceram por parte de garimpeiros em Roraima.

De acordo com o secretário, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) apresentou os relatos, na última segunda-feira (30). A reunião ocorreu na sede do Distrito Especial Yanomami (Dsei-Y). A Funai e a Coordenação de Operações Emergenciais do Ministério da Saúde participaram também.

“Pedimos mais informações ao CIR para termos os nomes das jovens e solicitarmos apurações dos possíveis estupros de vulneráveis para a Polícia Civil de Roraima. Além da Polícia Federal e para o Ministério Público Federal”, informou.

Nesse sentido, Ariel Castro disse que há relatos de seis casos suspeitos de acolhimento irregular de crianças Yanomami. Sendo que, em dois casos, os processos de adoção acontecem por famílias não Yanomami.

Além disso, todos os relatos mostram que os governos Federal, Estadual negligenciaram a proteção e a prestação de atendimento aos povos indígenas. A região foi prejudicada, inclusive com a falta de vacinação de crianças e distribuição de alimentos.

“Nossa missão é apurar falhas nas políticas públicas de proteção aos indígenas. Estamos verificando, além das causas da mortalidade infantil, 570 mortes de crianças por causas evitáveis nos últimos quatro anos. Mas também possíveis adoções ilegais de crianças indígenas, acolhimentos irregulares de crianças em abrigos, abusos sexuais e exploração sexual infantil. Além de falhas no atendimento à saúde de gestantes, crianças e enfrentamento da desnutrição das crianças indígenas na primeira infância”, afirmou.

Crise humanitária dos Yanomami

As comunidades Yanomami vivem uma grave crise humanitária. Segundo o Governo Federal, aos menos 570 crianças da Terra Indígena Yanomami morreram em quatro anos.

De acordo com as lideranças indígenas, eles já haviam denunciado a situação. No entanto, a situação só causou grande mobilização após a divulgação de imagens, em janeiro. Crianças e adultos Yanomami apresentavam um quadro grave de desnutrição, malária e falta de atendimento médico.

Dessa forma, o Ministério da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional depois 5 dias com equipes que elaboraram um diagnóstico da situação.

O Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Y) começou a funcionar com objetivo de coordenar as medidas a serem implementadas. Portanto, a unidade inclui distribuição de recursos para o restabelecimento dos serviços e a articulação com os gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS).

Indicações de políticos

O senador Mecias de Jesus e o filho, Jhonatan de Jesus, ambos do Republicanos, indicaram os três últimos gestores do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami.

O mais polêmico deles foi Rômulo Pinheiro de Freitas, cuja indicação partiu de Jhonatan de Jesus. Ele teve a gestão marcada por cobranças e manifestações dos indígenas.

O período de sua administração do Dsei-Y sobre a proteção de Jhonatan, também coincide com o agravamento da crise dos Yanomami. Aumentou o número de crianças e adultos desnutridos, assim como o de mortes. E, sendo assim, todos esses fatos divulgados massificamente pela imprensa roraimense.

Mas antes de Rômulo, Mecias havia indicado Francisco Dias Nascimento Filho. E depois de Rômulo, quem assumiu o DSEI-Y foi o ex-vereador de Mucajaí, Ramsés Almeida. Também indicação de Mecias de Jesus.

Fonte: Da Redação e Agência Brasil

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