Na avaliação dos 100 primeiros dias de gestão do segundo mandato, o governador Antônio Denarium (PP) afirmou que “tudo está dentro da normalidade”. E ele tem razão nessa fala. Afinal de contas todos os setores do Governo de Roraima seguem com os mesmos problemas e a população com as mesmas reclamações. Em suma, está tudo como antes. Tudo normal.
Gestão na Saúde
Na maternidade de lona as denúncias continuaram como nos anos anteriores. Se por um lado falta estrutura para que os profissionais trabalhem, por outro, as mães sofrem com as péssimas condições e a falta de humanização e gestão. Recentemente uma mãe denunciou que sofreu violência obstrética e que por pouco não morreu e perdeu o bebê. Ela e o marido narraram momentos de horror vividos na unidade de saúde.
Enquanto o Governo paga R$13 milhões ao ano para manter um acampamento improvisado chamado maternidade. No inverno passado com as chuvas fortes e ventos, mais uma vez, profissionais e mães viveram um drama com a água entrando e as lonas voando, o que deixou todos assustados e revoltados.
Mas, para piorar, o período de chuvas está chegando e as obras da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth sequer estão próximas do fim. Aliás, após denúncias da imprensa deputados estaduais se mexeram e visitaram o local, mas combinado com o vice-governador Edilson Damião que assumiu que o Governo perdeu mais de R$17 milhões de emendas para finalização da reforma.
Ou seja, a maternidade não ficará pronta esse ano e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) deverá renovar o contrato com as tendas mais caras do mundo e com valor provavelmente reajustado.
HGR
Do mesmo modo, o Hospital Geral de Roraima (HGR) é outro alvo de denúncias constantes. Nesses 100 dias, os problemas continuaram. Além das cirurgias que não acontecem, estão faltando leitos e os pacientes estão sendo colocados nos corredores. Além disso, os elevadores no novo bloco e o teto também já apresentaram diversas avarias. Os registros foram feitos por profissionais e pacientes.
O pior de tudo é que a secretária estadual de Saúde, Cecília Lorenzon, mesmo no meio de um bombardeio de denúncias de contratos superfaturados e corrupção, não é demitida pelo governador Antônio Denarium. Os motivos são um mistério.
Gestão na Educação
Nessa área a situação segue sendo dramática. Por problemas na gestão, algumas escolas estão com aulas remotas desde a pandemia, que iniciou ainda em 2020. Já as escolas que estão tendo aulas presenciais não têm professores ou condições necessárias para o andamento do ano letivo como ar condicionado, merenda, bem como estrutura básica dos prédios.
No interior a situação se repete e com o agravante da falta de transporte escolar, estradas destruídas e pontes quebradas. No período de chuvas muitos alunos ficarão sem a oportunidade de estudar.
Outro agravante é a denúncia da suposta compra de livros que não teriam sido entregues e custaram R$15 milhões e justamente no período eleitoral.
Esse caso está sendo investigado pelo Ministério Público de Roraima (MPRR) e o secretário estadual de Educação, Nonato Mesquita, indicação de Soldado Sampaio (Republicanos), nunca conseguiu explicar essa denúncia apresentada com exclusividade pelo Roraima em Tempo à época.
Nos bastidores ainda seguem as especulações de troca de Nonato pela cunhada de Denarium, Leila Perrusolo, por determinação da esposa Simone Denarium. Acontece que se o governador tirar o secretário, ele desagrada o presidente da Assembleia. E se mantiver, compra briga com a primeira dama. Lembrando que Sampaio tem em mãos quatro pedidos de impeachment contra Denarium. Um apresentado pelo jornalista Bruno Perez e três do advogado Marco Vicenzo.
Vicinais
No interior os pequenos e médios produtores já estão contando os dias para o drama começar novamente. A péssima estrutura das estradas vicinais e pontes já mostram como será o inverno. Essas pessoas, mais uma vez, irão procurar a imprensa e gravarem vídeos mostrando que estão atolados e que perderam parte da produção. Essas cenas se tornaram normais em todo inverno. Mas acontece que Denarium ganhou a eleição em todos os municípios do interior, o que é algo contraditório.
Péssima qualidade da água
Outro problema que continua sendo revoltante para quem mora no Estado é a péssima qualidade da água da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer). As denúncias de falta d’água são diárias nas redes sociais e na imprensa. Além disso, a água barrenta se tornou um tormento para os moradores.
Para piorar, em 2022, os deputados estaduais autorizaram o envio de cerca de mais de R$ 60 milhões para o presidente da Caer James Serrador, fiel escudeiro do senador Mecias de Jesus (Republicanos), utilizar sabe lá como. Melhorias para a população nunca aconteceram. Pois a Caer atualizou o valor da conta e os roraimenses passaram a pagar mais caro pela água barrenta desde dezembro.
Para resumir tudo isso que vem acontecendo, destacamos que a falta de uma oposição responsável na Assembleia Legislativa tem causado sérios problemas ao Estado. Enquanto a população somente assistir às mazelas e a falta de atenção dispensada a ela, a situação vai somente piorar. Nós já provamos por centenas de vezes que dinheiro tem e o que realmente falta é gestão.
E como resultado, o foco da gestão é fazer do Governo de Roraima um balcão de negócios. E Denarium, sem coração, quer somente valorizar suas terras, assim como acolher seus aliados com salários altos e proteção além do normal como ocorre com secretários, esposas e filhos de amigos. Por fim, está tudo dentro da normalidade, sim, Denarium.
Fonte: Da Redação