Governo inicia trâmites para renovar contrato da maternidade de lona por mais um ano com acréscimo de meio milhão

Com a renovação do contrato, maternidade pode completar quatro anos de funcionamento em uma estrutura improvisada no bairro 13 de Setembro

Governo inicia trâmites para renovar contrato da maternidade de lona por mais um ano com acréscimo de meio milhão
Estrutura é alvo constante de denúncias – Foto: Divulgação

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) iniciou os trâmites para renovar o aluguel da estrutura que abriga a Maternidade Nossa Senhora de Nazareth há mais de três anos. Se renovado, o contrato deve vigorar até agosto de 2025.

O Roraima em Tempo teve acesso ao ofício em que a titular da pasta, Cecília Lorenzon, manifesta interesse na renovação do contrato por mais um ano. O documento foi enviado no dia 31 de julho à empresa responsável pela ‘maternidade de lona’, como foi apelidada. A firma concordou com a proposta logo no dia seguinte.

Além disso, o contrato, que atualmente é de R$ 12,9 milhões, pode subir para R$ R$ 13,4 milhões, um acréscimo de cerca de R$ 530 mil. Conforme analisado pelo coordenador geral do Núcleo de Processos da Sesau, o aumento do valor seria justificado pela inflação. Isso porque há uma taxa de 4,23% do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado de 12 meses.

Em um despacho emitido nesta quarta-feira, 7, a responsável pela coordenadoria geral de Planejamento da Sesau solicitou ao diretor do Departamento de Orçamento da pasta a emissão de pedido e nota de empenho e que, posteriormente, envie o processo para elaboração e efetivação do contrato.

Procurada, a Secretaria de Saúde disse que a renovação é uma medida preventiva, uma vez que ao finalizar a obra do prédio da Maternidade, deve haver tempo hábil para a mudança física e desmonte da estrutura improvisada. Além disso, afirmou ainda o espaço ainda servirá de retaguarda até o encerramento do contrato.

TAC

Em março deste ano, o Ministério Público de Roraima estendeu o prazo para o Governo inaugurar a primeira parte da obra, que estava prevista para aquele mês. Agora, o Estado tem até setembro para entregar o serviço.

A Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinf) enviou ofício solicitando a prorrogação do prazo sob a justificativa da intrafegabilidade dos rios. A pasta disse que isso gerou a necessidade de revisão da quantidade e valores de produto e insumos previstos no quantitativo inicial da obra.

O Roraima em Tempo entrou em contato com o MPRR para que o órgão se manifeste, tendo em vista a aproximação do fim do prazo.

A obra

A reforma geral e ampliação da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth iniciou em junho de 2021. Para isso, o Governo do Estado transferiu as pacientes para o antigo Hospital e Campanha da Covid-19 que funciona sob uma estrutura improvisada.

Na ocasião, o governador Antonio Denarium (Progressistas) posou para fotos e publicou nas redes sociais que a situação duraria apenas cinco meses. O que não aconteceu.

Aluguel milionário

A estrutura de tendas e lonas é alugada pelo Governo do Estado. Dessa forma, em agosto de 2021, a Sesau assinou o contrato de aluguel por R$ 10 milhões por um ano. Em seguida, fez um reajuste de 18% e o aluguel passou a ser cerca de R$ 12 milhões. No dia 9 de agosto de 2022, a Sesau renovou o contrato por mais um ano e aumentou o valor para R$ 13 milhões.

Do mesmo modo, em agosto de 2023, a secretaria renovou o contrato por mais um ano e pelo mesmo valor do ano anterior.

Conforme a pasta, o local abrigaria a maternidade, assim como o Hospital Geral de Roraima (HGR). Contudo, em vez do HGR, o Governo instalou o Hospital de Retaguarda, fechado em março de 2023.

Mortes de bebês

Debaixo da estrutura improvisada, onde funciona a Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, 273 bebês morreram entre os anos de 2022 e 2023. Os dados são da própria Secretaria de Saúde de Roraima.

Conforme o levantamento, somente no ano passado, o número chegou a 171 óbitos. O registro é o maior dos últimos 16 anos. Além disso, é quase 70% maior do que o registrado em 2022, que foi de 102 mortes. Ou seja, 69 a mais.

O Governo de Roraima disse à imprensa que a falta de pré-natal e a crise migratória são os motivos das mortes das crianças. Disse ainda que a maternidade possui Comitês de Ética e Mortalidade em pleno funcionamento, que têm a finalidade de analisar todos os óbitos ocorridos na unidade hospitalar, verificando a causa do óbito para repassar dados importantes aos órgãos responsáveis. Isso, visando um melhor atendimento à população. Se constatado qualquer equívoco no procedimento, os Comitês adotam as devidas providências.

Fonte: Da Redação

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