Paciente com fratura exposta aguarda cirurgia há nove meses

Jovem relata que tem medo, pois corre risco de perder a perna

Paciente com fratura exposta aguarda cirurgia há nove meses
Jovem tem que escovar o osso da perna que está exposto há nove meses – Foto: Arquivo Pessoal

O paciente Isaac Dalton, de 18 anos, denunciou ao Roraima em Tempo que aguarda há nove meses por uma cirurgia de urgência. O jovem sofreu um acidente de trânsito em abril deste ano, em que teve fratura exposta e o osso da perna quebrado em sete partes.

Após o ocorrido, Isaac ficou dois meses e 16 dias internado no Hospital Geral de Roraima (HGR). No entanto, como a cirurgia de que precisa não é realizada em Roraima, os médicos o liberaram para realizar o Tratamento Fora de Domicílio (TFD).

Situação

Dessa forma a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) deveria garantir que Isaac realizasse a cirurgia fora do estado. Contudo, desde então nada foi feito. O paciente relata que corre risco de perder a perna e, mesmo assim, não há nenhuma ação por parte do governo para possibilitar a cirurgia.

“Eu espero que o estado veja o nosso lado, não é? […] Porque a gente se sente assim com uma insegurança de que eles não vão fazer nada. Então a única coisa que eles falam para nós é que estão vendo, vão ver alguma coisa, vão ver outros estados e até agora nada. Então, eu espero que eles agilizem mais, que sejam um pouco mais rápidos, porque quanto mais rápido melhor, porque não vai ter um perigo de eu perder minha perna e usar uma perna mecânica” disse Isaac.

A mãe de Isaac, Ida Melo, demonstra preocupação com a situação do filho. Ela contou que nem os médicos compreendem o porquê dele estar em casa nessa situação.

“Os médicos ainda não sabem porque que o Isaque está em casa, mas simplesmente o Isaac foi liberado para que fizesse essa cirurgia pelo TFD. Só que o TFD não deu nenhuma resposta que eles poderiam nos mandar pra fazer essa cirurgia. Até então, TFD já está descartado” relatou Ida Melo.

Justiça

Por outro lado, em agosto deste ano a família de Isaac entrou na Justiça para procurar uma solução. No mês seguinte, em setembro, o Judiciário concedeu uma liminar que obriga o Estado a realizar o procedimento em um prazo de 5 dias.

Ainda assim, conforme relato do advogado de Isaac, Samuel Lopes, a Sesau não se manifestou e nem recorreu da decisão. Além disso, Samuel ressaltou a gravidade do caso.

“É um caso muito sensível porque o Isaac, ele está aguardando esse procedimento há nove meses, está com um osso exposto, todos os dias a família tendo que escovar os ossos da perna do Isaac para não necrosar” contou o advogado.

Devido a isso, em 26 de outubro, o Ministério Público de Roraima (MPRR) recomendou que a Sesau e o Judiciário desse uma solução para o caso.

Pedido de bloqueio

No dia seguinte, a família solicitou o bloqueio de R$ 25 mil nas contas do Estado para custear a ida de Isaac a outra unidade fora de Roraima. Lá realizariam o orçamento da cirurgia, pois os familiares não têm condições de fazer isso hoje.

“Nós informamos ao juízo da Fazenda Pública que o Isaac não tem como apresentar um orçamento, visto que, para a obtenção de um orçamento, é necessário deslocamento do requerente, do paciente, até uma unidade hospitalar. Ou seja, o paciente tem que tem que viajar, tem que se deslocar para fora do estado e após uma consulta por um cirurgião especialista a obter um orçamento, um diagnóstico desse tratamento” explicou o advogado.

Nesta quinta-feira (9), o juiz Aluizio Ferreira indeferiu o pedido de bloqueio. Pois, de acordo com o documento, é necessário que se justifique de que forma os valores serão usados.

Conforme o advogado, como no estado não tem médico que realize o procedimento, não há como apresentar um orçamento.

“A liminar foi indeferida e nós voltamos a estaca zero. Hoje eu não sei como advogado, como profissional, eu não sei o que falar para a família.” lamentou Samuel Lopes.

O juiz ainda intimou o secretário de Saúde para que preste informações acerca do procedimento de TFD no prazo de 72 horas devido à gravidade do caso.

Citado

Em nota a Sesau informou que está buscando alternativas para que o tratamento seja viabilizado. Reforçou ainda que se trata de um tratamento complexo que não existe em Roraima. E que, por isso, informou à família que está buscando meios junto às outras unidades credenciadas ao SUS para que a demanda seja atendida o mais breve possível.

Fonte: Da Redação e Rádio 93FM

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