A Câmara Municipal de Boa Vista realiza sessão normalmente após a Operação Martellus da Polícia Federal (PF) na manhã desta quarta-feira, 18.
Na ausência do presidente, Genilson Costa (Republicanos), a vice-presidente da Casa, Juliana Garcia (PP), está conduzindo os trabalhos na Casa Legislativa. Durante a operação de hoje, a PF também cumpriu mandados na Câmara.
Servidores que chegaram no momento tiveram que esperar do lado de fora, enquanto os policiais federais faziam o trabalho.
Os vereadores devem concluir a votação do Orçamento 2025, iniciada na semana passada, mas adiada após discussões envolvendo o vereador Ítalo Otávio, que apresentou 41 das 54 emendas.
Operação
A Operação Martellus tem o objetivo de desarticular uma associação criminosa constituída durante o período eleitoral de 2024, voltada à compra de votos, assim como outros crimes eleitorais.
A PF cumpriu 18 mandados de busca e apreensão e 14 de prisão temporária expedidos pela Justiça da 1ª Zona Eleitoral de Roraima.
A investigação teve início após a prisão em flagrante de dez pessoas no dia, 5 de outubro, por corrupção eleitoral. Na ocasião, um suspeito, apontado na investigação como líder de campanha, teria cooptado eleitores para votar em determinado candidato que disputava a reeleição ao cargo de vereador no município de Boa Vista. Em contrapartida ao voto, essas pessoas teriam recebido valores que variavam entre R$ 100 e R$ 150. O candidato, reeleito, também foi alvo das ações.
No dia 6 de outubro, uma busca e apreensão conduzida pela PF identificou a prática de diversos crimes eleitorais. Culminando na prisão em flagrante do então candidato pela prática dos crimes de corrupção eleitoral bem como lavagem de dinheiro. Policiais encontraram ainda em sua residência ouro em sua forma bruta, o que é crime.
Após a prisão, o candidato recebeu liberação por meio de um habeas corpus.
Esquema
Ainda conforme a PF o esquema, que seria liderado pelo candidato, contaria com apoio de agentes públicos. A ação incluía o subcomandante da Polícia Militar do Estado de Roraima (PMRR), coronel Francisco Chagas Lisboa, que manteria o vereador informado sobre denúncias recebidas sobre a compra de votos investigada.
O vereador possuía um grupo em aplicativo de mensagens onde os envolvidos fariam prestação de contas sobre o esquema. Ao menos R$ 1 milhão foi utilizado na compra de votos.
O inquérito policial aponta ainda que o vereador, já investigado em outros momentos por diversos crimes, teria recebido patrocínio do tráfico para o exercício de suas atividades parlamentares, inclusive, para a disputa à presidência da casa legislativa municipal.
Indiciamento
A Justiça poderá indiciar os investigados pelos crimes de associação criminosa, corrupção eleitoral, assim como falsidade ideológica eleitoral. Além de transporte ilegal de eleitores, violação do sigilo do voto, violação de sigilo funcional, bem como prevaricação e lavagem de dinheiro.
A Polícia Federal destacou que a repressão aos crimes eleitorais é essencial para garantir a integridade do processo democrático. A atuação rigorosa da PF em Roraima contra esses crimes não só desestimula a repetição dessas condutas, mas também, reforça o princípio da legalidade e a transparência do processo eleitoral. “Com isso, a PF reafirma seu compromisso no combate à corrupção eleitoral no estado, não permitindo a impunidade de seus executores”, destacou a instituição.
Fonte: Da Redação