Dilma Costa é exonerada do cargo de presidente do Iteraima

Dilma é investigada em comissão da ALE-RR por suspeita de grilagem de terras públicas e favorecimento indevido na regularização fundiária da Gleba Baliza

Dilma Costa é exonerada do cargo de presidente do Iteraima
Presidente do Iteraima, Dilma Lindalva Pereira da Costa – Foto: Eduardo Andrade

Dilma Costa foi exonerada do cargo de Presidente do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima) nesta terça-feira, 8.

Conforme comunicado, Dilma deixa o cargo após pedido próprio e protocolado, no dia 7 deste mês. A exoneração foi assinada pelo govenador Antonio Denarium (PP) e publicada em decreto.

De testemunha à investigada

Dilma passou de testemunha à investigada na CPI da Grilagem de Terras na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).

Em uma das oitiva, os deputados que compõem a comissão analisaram um requerimento feito pelo presidente da Casa, Soldado Sampaio (Republicanos), e aprovaram por unanimidade, o pedido.

Para Sampaio haviam claros indícios de irregularidades na atuação de Dilma na gestão do órgão. Ele citou como exemplo seis despachos feitos por ela, onde cinco eram correções em processo do filho do governador Antonio Denarium.

“No meu ponto de vista, a senhora não preenche mais os requisitos nessa CPI como testemunha e, sim, como investigada, senhora Dilma”, disse Sampaio.

‘Interferindo nas investigações’

Além disso, após o depoimento, o presidente da comissão, deputado Jorge Everton (União) pediu ao jurídico da Casa, análise para a produção de um Projeto de Decreto Legislativo para solicitar o afastamento de Dilma do cargo. Isso porque, segundo ele, ela estava interferindo nas investigações.

“A presidente Dilma está interferindo diretamente na investigação a partir do momento que ela entra pessoalmente nos processos do filho do governador Antônio Denarium e tenta alterar decisões que já foram proferidas”, justificou.

Deputados sabatinaram Dilma

Na sessão, a presidente do Iteraima respondeu aos questionamentos dos deputados sobre os trâmites para emissão de Autorizações de Ocupação (AOs), entre outros documentos.

Os parlamentares mostraram imagens de satélite retiradas de um relatório de vistoria. As fotos são de uma área de mata, a qual o Instituto emitiu AO para um homem que vive em São Paulo. Para isso, um diretor do órgão retirou o local da área de interesse do Estado.

Entretanto, na área, que tem cerca de 1.700 hectares há apenas um barraco e uma minúscula plantação de abóbora que corresponde a 0,1 hectare. Confira a imagem:

Gleba Baliza

Outro ponto apresentado na CPI trata das terras da Gleba Baliza, no Sul de Roraima. Em abril de 2014, mais de 150 famílias de Caroebe denunciaram irregularidades em processos de regularização de terras pelo Iteraima.

Os moradores da região relataram que regularizaram as terras em 2004, através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). No entanto, o órgão federal passou a responsabilidade do território para o Governo de Roraima em 2021. Dessa forma, os produtores tiveram que reiniciar o processo, dessa vez, pelo Iteraima.

Após as denúncias, a Assembleia foi até o Sul do Estado ouvir os moradores através de audiência pública. Na ocasião eles relataram detalhes do problema.

Presidente teria tentado ocultar irregularidades

A sessão desta segunda-feira foi marcada pela oitiva dos diretores do Iteraima como testemunhas, mas terminou com a mudança da condição de Dilma Costa e de João Silva, diretor de Governança Fundiária, de testemunhas para investigados.

De acordo com Jorge Everton, há indícios de que a então presidente do Iteraima teha tentado ocultar irregularidades após o início das investigações da comissão, o que, segundo ele, reforça a necessidade de seu afastamento. “Ela tem contribuído, sim, para que a organização criminosa pratique seus atos ilegais. Além de negar documentos e informações a essa CPI.”

Por conta dessa negativa de acesso a documentos, a CPI estipulou prazo até o dia 1º de abril para que o Iteraima enviasse a documentação solicitada pela comissão. Caso o material não fosse entregue dentro do prazo, a comissão poderia autorizar uma operação de busca e apreensão no órgão.

Fonte: Da Redação

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