Ministro André Mendonça tem até 60 dias para analisar processo de Denarium, que estava disponível há um ano no TSE

Pedido de vista tem prazo de 30 dias, que pode ser prorrogado por mais 30, com fundamentação do ministro

Ministro André Mendonça tem até 60 dias para analisar processo de Denarium, que estava disponível há um ano no TSE
Advogada Laize Alencar – Foto: TV Imperial

O ministro André Mendonça, que pediu vista no julgamento do governador Antonio Denarium (PP) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última terça-feira, 26, tem até 60 dias para analisar o processo. Isso porque o prazo para a análise é de 30 dias, prorrogáveis por mais 30, com justificativa fundamentada do ministro.

“De acordo com os prazos regimentais, o ministro vistor tem 30 dias para fazer a análise desse processo, que podem ser prorrogados por mais 30 dias, caso haja motivo justificado. Se não houver essa justificativa de forma clara e precisa, o processo pode ser pautado, independente desse pedido dele”, explicou a advogada Laize Alencar, à TV Imperial.

Outro ponto esclarecido é que, em caso de conclusão do julgamento e confirmação da cassação, um possível recurso do governador não suspenderia a decisão. Ou seja, ele poderia recorrer, mas continuaria com o mandato cassado.

Além disso, o Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR) receberia notificação imediata do TSE para iniciar o processo para novas eleições.

“De acordo com o precedente do Tribunal Superior Eleitoral, já começa a cumprir o acordão, independente de recurso, pois um recurso não tem efeito suspensivo. E aí o presidente da Assembleia assume, ate que haja novas eleições”.

Gravidade e complexidade

A advogada também falou da gravidade, assim como da complexidade do caso. Duas situações que a presidente do TSE, ministra Carmem Lúcia também citou.

“Como a própria ministra Carmem Lúcia falou, são acusações graves. E acusações que foram levadas por meio de diversas ações para o TSE. Houve ações de impugnação de mandato eletivo, mas houve também essa Aije [Ação de Investigação Judicial Eleitoral] que é a que está em pauta no momento. Essa Aije é uma ação muito mais complexa porque ela reúne todos os fatos que ocorreram durante o período eleitoral. Tanto que, no voto da ministra relatora, Isabel Galotti, ela pontua cada um dos fatos que foi levado por meio dessa Aije”.

Da mesma forma, Laize destacou que a relatora do processo, ministra Isabel Galotti, destacou a influência da compra de votos nas eleições. A ministra considerou que o complexo de irregularidades modificou o resultado das eleições.

“Na minha opinião é uma situação bem grave, tendo em vista o número de ações que foram levadas para o TSE. Tanto que ela conseguiu afastar uma ou outra alegação, mas ela acolheu a Aije de forma geral porque? Ela disse que, poderia ser que aquela ação de forma isolada não influenciasse no pleito eleitoral, mas elas somadas, tiveram um impacto muito grande”.

Julgamento

O julgamento dos recursos do governador Antonio Denarium e do vice Edilson Damião (Republicanos) já teve início e suspensão pro duas vezes. A primeira vez ocorreu em 13 de agosto de 2024. Enquanto a segunda, aconteceu na última terça-feira, 26.

Na primeira ocasião, a ministra Carmem Lúcia suspendeu o julgamento. Ela chegou a pautar o processo sete dias depois, mas retirou da pauta a poucas horas antes de iniciar a sessão.

Por outro lado, a segunda suspensão aconteceu após um ano de processo parado, quando ministro André Mendonça pediu vista. O pedido acontece, sobretudo, quando um ministro precisa de mais tempo para analisar um caso.

Outro caso

Esta e a segunda decisão do ministro André Mendonça que beneficia o governador de Roraima. Em abril do ano passado, Mendonça autorizou o governador a fazer um empréstimo de R$ 805,7 milhões que endividou o estado por 10 anos.

A Secretaria Nacional do Tesouro (STF) havia negado a garantia da União para a concessão do empréstimo no dia 5 de fevereiro. Isso porque o órgão federal solicitou documentos para analisar a situação fiscal do Estado e encontrou irregularidades.

Em outubro do ano anterior, após extrapolar o limite de gastos com pessoal, o governador Antonio Denarium (Progressistas) publicou um decreto de ajuste fiscal em que o Estado se comprometia em não contratar novos comissionados, concursados e seletivados.

Ele tomou a medida para enquadrar o Estado nas normas legais para conseguir a aprovação do empréstimo na União. No entanto, conforme a Coordenadoria-Geral de Contabilidade do próprio Governo, o Estado não alcançou as metas prometidas no decreto.

O Governo do Estado então acionou o Supremo Tribunal Federal (STF), e o ministro André Mendonça suspendeu a decisão do Tesouro Nacional. Garantindo, assim, que o Governo realizasse o empréstimo.

Distribuição do empréstimo e polêmica

Em Roraima, a contração do empréstimo causou polêmica. Ao enviar um plano de aplicação dos R$ 805,7 milhões com o objetivo de obter a aprovação da Assembleia Legislativa (ALE-RR), o governador demostrou a distribuição do valor de uma forma. No entanto, após conseguir a aprovação dos deputados, ele publicou um decreto em que modificou o destino do valor quase bilionário.

Dessa forma, a Secretaria comanda pelo vice-governador Edilson Damião (Republicanos), ficou com quase 90% do valor. Sendo assim, dos R$ 805,7 milhões, R$ 714,8 milhões ficaram na Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinf).

A mudança motivou a Assembleia Legislativa a se mobilizar para que o dinheiro fosse aplicado de acordo com o que está na lei aprovada pelos deputados.

Assim, a Assembleia apresentou um PL que para alterar a lei que autorizou o Governo do Estado a fazer o empréstimo de R$ 805 milhões. A proposta inclui na lei o plano original que prevê como o dinheiro deve ser usado. Além disso, o presidente da Casa, deputado Soldado Sampaio (Republicanos) anunciou a criação de uma comissão especial, composta por nove parlamentares para acompanhar a aplicação do dinheiro.

Fonte: Da Redação

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