Mais de 21 mil pacientes com câncer de Roraima buscaram tratamento de quimioterapia em outros estados em 2018, conforme levantamento da Fiocruz, publicado na revista The Lancet nesta semana.
O estudo analisa dados do Sistema Único de Saúde (SUS) para mapear a acessibilidade ao tratamento do câncer para serviços cirúrgicos, radioterápicos e quimioterápicos entre 2009 e 2010, bem como 2017 e 2018.
De acordo com a pesquisa, as maiores distâncias percorridas para buscar tratamento a doença são de pacientes do Amapá e Roraima.
No estado, por exemplo, os pacientes que buscam tratamento quimioterápico percorreram 3.045 km até as cidades de São Paulo (SP), Salvador (BA) e Barretos (SP).
Da mesma forma, o paciente roraimense, assim como o amapaense percorreu uma distância média de 2.000 km para buscar tratamento de radioterapia.
Confira a lista com dados de pacientes de Roraima entre 2017 e 2018:
Tratamento Número de pacientes Km percorridos por paciente Cirurgias 659 692 km Radioterapia 1.143 3.020 km Quimioterapia 21.134 3.045 km
Conforme a Fiocruz, a distância média ponderada percorrida pelos pacientes é marcante. Por outro lado, nas regiões Sul e Sudeste, a população viajou menos para receber estes serviços variando de 90 a 134 km.
Em contrapartida, quase metade (48%) dos pacientes cirúrgicos nos estados do Norte percorreram uma distância média ponderada 612 km para receber tratamento em 2017 e 2018.
Desse modo, a baixa acessibilidade aos serviços especializados para pacientes com câncer, tem sido associada ao tratamento inadequado, piora no prognóstico e na qualidade de vida.
Conforme a Fiocruz, um total de 12.751.728 procedimentos de tratamento foram analisados.
Denúncia de pacientes
Além das dificuldades de deslocamento, em Roraima, são constantes as denúncias de pacientes que buscam Tratamento Fora de Domicílio (TFD), mas não recebem pagamento dos recursos da Secretaria do Estado da Saúde (Sesau).
Assim, somente neste ano, a filha da paciente Francisca Fernandes Lima Silva, de 43 anos, denunciou por três vezes que a Sesau atrasou o pagamento do benefício.
Do mesmo modo, há aqueles que correm risco de serem despejados. É assim, o caso da filha de um paciente, que faz tratamento no fígado há 5 meses no Ceará.
Ela contou em dezembro de 2021, ao Roraima em Tempo, que usa os valores para pagar conta de aluguel, água e demais custos para o pai.
Por conta disso, eles correm o risco de serem despejados do local, pois desde o dia 25 de novembro não conseguiam custear o aluguel. À época, a Sesau disse que havia feito pagamento aos pacientes.
Fonte: Da Redação