A Comissão de Ética da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) deve deliberar sobre o relatório da Subcomissão de Ética nesta terça-feira (22), às 14h. O presidente da Comissão, deputado Coronel Chagas (PRTB) marcou a reunião.
O processo ocorre para definir se o deputado Jalser Renier, suspeito de arquitetar o sequestro do jornalista Romano dos Anjos, deve ser cassado.
Durante a manhã desta segunda-feira (21), testemunhas foram ouvidas pelos parlamentares que integram a subcomissão. Dessa forma, ao todo, deveriam ter sido ouvidas 31 testemunhas arroladas pela defesa do deputado.
No entanto, as oitivas foram encerradas após o deputado Jalser Renier acusar outros parlamentares de perseguição e, ainda, ameaçar o relator da subcomissão, deputado Jorge Everton (sem partido).
Durante a sessão, os deputados ouviram apenas quatro testemunhas, três convocadas pela subcomissão e uma pela defesa de Jalser. A maior parte das testemunhas não compareceu ao plenário. A defesa do parlamentar justificou que “não houve tempo hábil” para convocação das testemunhas. Dessa forma, os parlamentares ouviram:
- O secretário de Segurança do Estado, Edison Prola;
- O ex-delegado-geral da Polícia Civil Hebert Amorim Cardoso;
- A superintendente de Gestão de Pessoas da ALE-RR, Geórgia Amália Freire Briglia;
- O sargento da PM Hélio de Pinho Pinheiro.
Das quatro testemunhas, apenas Hélio de Pinho Pinheiro foi convocada pela defesa de Renier. Ele chegou a fazer a segurança pessoal do deputado. Durante o depoimento dele, a deputada Lenir Rodrigues (Cidadania), membro da comissão, protagonizou uma breve discussão com o relator durante os questionamentos.
Oitivas de Prola e Amorim
O secretário de Segurança do Estado, Edison Prola confirmou que o ex-delegado-geral da Polícia Civil Hebert Amorim Cardoso pediu sua ajuda para retirar o delegado João Evangelista da presidência da força-tarefa criada para apurar o sequestro do jornalista Romano dos Anjos.
No entanto, o delegado disse que pediu apenas para que Prola o ajudasse a falar com o governador Antonio Denarium para retirar um agente da equipe, pois conforme Herbert, o policial responde processos na Corregedoria.
Já a superintendente de Gestão de Pessoas da ALE-RR, Geórgia Amália Freire Briglia, apenas respondeu questões sobre locações de comissionados e datas de exoneração. Em suma, a servidora atua como RH da Casa Legislativa.
Jalser pode acompanhar o relato das testemunhas e teria o direito de se defender ao fim das oitivas. No entanto, optou por não se manifestar afirmando que era “vítima de uma perseguição”. O parlamentar disse que os outros deputados temem que o Supremo Tribunal Federal (STF) o reconduza ao cargo de presidente. Por isso, ainda segundo ele, os colegas o querem cassar.
Próximos passos
O relator Jorge Everton analisará a defesa de Jalser e emitirá parecer. O documento segue para o deputado Evangelista Siqueira (PT) fazer a revisão. Em seguida a deputada Lenir Rodrigues (Cidadania) irá apreciar o parecer.
Depois a Subcomissão encaminhará o documento para a Comissão de Ética para manifestação. Em seguida esta remeterá o processo à Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final, que, após deliberação, marcada para amanhã (22), encaminhará à Mesa Diretora.
A responsabilidade da Mesa Diretora será incluir o relatório na Ordem do Dia para os deputados analisarem e colocarem em votação em plenário.
O sequestro
O sequestro do jornalista Romano dos Anjos ocorreu no dia 26 de outubro do ano passado. Bandidos o retiraram de casa, o torturam e em seguida o deixaram em uma área na região o Bom Intento, na zona Rural de Boa Vista.
Romano estava com pés e mãos amarrados com fita adesiva, mas conseguiu se soltar. Como resultado, ele passou toda a noite próximo a uma árvore no Bom Intento. Os criminosos queimaram o carro do jornalista.
Em depoimento à Polícia Civil, o jornalista disse que os criminosos citaram o nome do governador Antonio Denarium (sem partido) e do senador Mecias de Jesus (Republicanos). Logo depois, os dois políticos negaram.
Denarium pediu à Polícia Federal que assumisse a investigação do sequestro, mas a Superintendência afirmou que não havia elemento que federalizasse o caso.
Detalhes
Romano relatou que havia saído para comprar sushi na noite do dia 26 de outubro com a esposa, Nattacha Vasconcelos. Ele não percebeu se estava sendo seguido ao ir ao estabelecimento no bairro Pricumã.
Ao chegar em casa, no bairro Aeroporto, fechou o portão, travou o carro, mas não fechou com a chave a porta da residência, pois os cachorros estavam soltos.
Quando jantava com a esposa, ouviu o latido, saiu para ver o que era, mas ao abrir a porta se deparou com três criminosos armados, sendo que um fazia segurança.
Os sequestradores colocaram o casal no quarto e os bandidos pediram dinheiro e perguntaram onde ficava o cofre. Romano foi algemado e teve boca e olhos vedados com fita.
Em seguida, o levantaram por meio de “técnica típica” que os policiais usam para conduzir presos.
Na sala da residência, pediram a chave do carro. O jornalista indicou onde estava e pediu que deixassem a carteira com documentos.
Os criminosos mandaram que ele calasse a boca, usaram novamente fita, desta vez do queixo até a parte de trás da cabeça, o colocaram na parte de trás do veículo e deixaram o imóvel.
Fonte: Da Redação