Uma denúncia enviada a órgãos federais e estaduais afirma que o governador Antonio Denarium (PP) e o deputado estadual Soldado Sampaio (Republicanos) utilizaram o Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar de Roraima (PMRR) para se promoverem politicamente.
A denúncia foi enviada ao Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE–RR) no dia 1º de julho.
Conforme o documento, em abril de 2021 deu-se início a uma “milícia” para trabalhar em favor da reeleição do presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) e do chefe do Executivo. Os dois agiam por meio da Associação dos Policiais e Bombeiros Militar de Roraima (APBMRR), através da presidente, Quésia Mendonça.
Além disso, o denunciante também acusa o comandante-geral da PMRR, coronel Francisco Xavier de improbidade administrativa. A denúncia se dá ao fato de ele autorizar a entrada da presidente da associação nos cursos de formação para fazer propaganda política.
“Tanto a Quésia, quanto o comandante-geral, por meio do seu interlocutor, que ocupa o cargo na Coordenação de Ensino Policial, aproveitam da distância do convívio familiar que os alunos têm, deixando-os suscetíveis a qualquer afago ou demonstrando preocupação e empatia ao ponto de interferir nas instruções de militares”, diz um trecho do documento.
Ainda de acordo com a denúncia, as ações supracitadas levam os alunos a praticarem “atos insanos” de, inclusive, se disporem a fazer propaganda para ambos os políticos.
“Postando propagandas no Instagram, tecendo comentários e postando propagandas dos referidos políticos no status do Whats”, apontou outro trecho.
Abusos
O documento também citou sobre os relatos e denúncias no Ministério Público Estadual (MPE-RR) sobre abusos ocorridos na Instrução Militar Básica.
A ocasião se trata de um “batismo” dos policiais no curso de formação de 2021.1 onde subjugavam os alunos. Conforme a denúncia, após esse episódio, a diretora da APBM apareceu com sopa para dar aos jovens que estavam há quatro dias sem comer.
“Essa prática tem sido comum em todos os cursos de formação de soldado. Ou seja, a sopa distribuída é vista e entendida como um artifício para ‘lavagem cerebral’ para que todos vissem a Quésia como a líder máxima”, relatou o documento.
Do mesmo modo, o denunciante afirmou que, desde a denúncia, as ações dentro da Academia de Polícia Integrada Coronel Santiago (APICS) passaram a ocorrer de forma velada. Eles utilizam como artifícios as festividades dos 100 dias, gincanas e distribuição de sopa após a instrução, por exemplo.
Nestas ocasiões, de acordo com a denúncia, Soldado Sampaio, Quésia Mendonça, Francisco Xavier e, em alguns casos, o próprio governador, se faziam presentes.
“As falas sempre tendenciosas enaltecendo o conhecido como dono da Polícia Militar, Soldado Sampaio, e seu fiel amigo, governador Antonio Denarium”, destacou.
Reunião política
Ao documento, o denunciante anexou imagens que, de acordo com ele, mostram a veracidade dos relatos apresentados.
Uma delas é de um vídeo onde mostra o comandante-geral participando de uma reunião política fardado e exercendo um cargo de secretário do estado. Atitude essa vedada pela legislação militar.
Outra foto extraída do blog de uma jornalista mostra Xavier ao lado do senador Mecias de Jesus (Republicanos), aliado político de Denarium.
Da mesma forma, há também imagens compartilhadas nas redes sociais do Soldado Sampaio onde ele aparece ao lado de Quésia Mendonça, diretora da APBM.
“É cabo eleitoral atuante do presidente da Assembleia legislativa de Roraima e do governador Antonio Denarium. Ela, com a autorização do comandante-geral Francisco Xavier, indicado pelo Deputado Soldado Sampaio para ocupar cargo de tão relevância tem passe livre para atuar na captação de voto e apoio. Inclusive, marcando presença em todos os eventos para fortalecer a associação e disseminar o nome dos seus candidatos”, pontuou um trecho do documento.
Politicagem
Outra imagem mostra a denúncia de um policial em curso de formação. Conforme ele, o comandante suspendeu as aulas de três cursos para que os policiais comparecessem à ALE-RR como forma de apoio ao Soldado Sampaio. No dia, ocorria a votação de cassação do mandato de Jalser Renier. Com a perca de mandato de ex-parlamentar, Sampaio assumiu novamente a presidência da Casa Legislativa.
Citados
A redação procurou Quésia Mendonça que afirmou que disse que não recebeu nenhuma notificação relacionada à denúncia.
O Roraima em Tempo também procurou o Governo de Roraima, assim como a Assembleia Legislativa e não obteve retorno.
Fonte: Da Redação