As constantes quedas do serviço de internet em Roraima não são novidade para a população. Os problemas causados em razão da qualidade do serviço para a região afetam a rotina de bancos, mercados e instituições. Empresas sofrem prejuízos, já que parte das atividades precisam de acesso à internet para funcionar.
O Roraima em Tempo conversou com especialistas para entender quais são motivos que levam o estado a sofrer com as constantes quedas de conexão com a internet, além de oferecer uma das piores velocidades do país, conforme levantamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR realizado em janeiro deste ano.
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‘Caminhos para conexão’
De acordo com o Coordenador da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RPN) Roberto Câmara, Roraima, é o único estado ligado com apenas duas ‘portas de conexão’. Assim quando um desses caminhos apresenta problema de rompimento da fibra, a conexão cai.
“Roraima é o único que está ligado com uma fibra que vai de Boa Vista a Manaus. Temos uma segunda fibra que vai pra Fortaleza que sai pela Venezuela, mas a capacidade dessa fibra é muito reduzida. Quando o caminho que sai pra Manaus rompe, acaba a internet.”
Roberto ainda explicou que, quando o problema do rompimento ocorre, a alternativa é mandar o fluxo para a segunda opção, que é a porta que sai pela Venezuela. No entanto, devido à intensa demanda, o serviço se torna lento.
“Todo o fluxo de internet das operadoras é mandando para a da Venezuela. Então, fica muito lenta. Não perde completamente [ o sinal], mas fica muito lenta”, disse Roberto.
Causas do rompimento
A fibra óptica é composta de filamentos flexíveis revestidos com um material chamado polietileno. Logo, ela é uma resina termoplástica parcialmente cristalina e flexível, obtida através da polimerização do etileno. De acordo com Roberto, a fibra não pode ser dobrada.
“Ela não suporta ser dobrada. A fibra chegou a Roraima pelo meio que foi possível e é o que está na norma. A forma mais segura seria se ela viesse área, mas é muito alto, por meio de uma linha de alta tensão, por exemplo.”
Ivaldo Araújo, Coordenador e Gerente da Alffiber, empresa provedora de internet, também explicou que as condições das estradas, bem como a falta de manutenção nas vias próximas por onde passam o caminho da fibra, podem ser um fator que agrava o problema dos constantes rompimentos.
“A fibra óptica que liga Manaus a Boa Vista, passa pelo acostamento da estrada. Logo se trata de um cabo subterrâneo. Devido manutenções, enchentes, rompimentos, acaba danificando a fibra.”
Manutenção
Do mesmo modo, Roberto Câmara, explicou também que as obras na estradas, assim como os alagamentos dificultam na recuperação da fibra óptica após a manutenção. A principio, os técnicos fazem uma espécie de fusão onde colocam uma emenda usando o próprio material de fibra.
“O alagamento e a manutenção nas estradas dificulta no trabalho de recuperação da fibra depois que ela rompe. Principalmente quando o rompimento está submerso. É colocado uma ‘caixa’ de emenda, mas tem que ter fibra sobrando. Quando não tem, aumenta o número de caixas de emenda. O trabalho é feito todo de forma manual.”
Logo abaixo, confira a imagem de uma obra próxima a uma BR em Roraima, e os cabos de fibra ópticas expostos.
Solução
A solução da internet em Roraima, no entanto, envolve investimentos do Estado. Conforme Ivaldo, a tecnologia é uma das soluções para que Roraima tenha oportunidade para, enfim, ter internet de qualidade.
“A tecnologia ao longo dos anos vai avançando e as exigências de internet aumentam a cada ano. A demanda aumentou muito […]”
Estudo
Conforme informações da RNP, em 2020 foram realizados estudos de viabilidade técnica para avaliar interligação do Brasil à Guiana, por uma conexão de fibra óptica entre Boa Vista e Georgetown.
No litoral da país vizinho existem saídas internacionais por meio de cabos submarinos que a conectam o Paramaribo, no Suriname, a Porto de Espanha, em Trinidad e Tobago, e Fortaleza, no Ceará.
Assim, com uma nova rota entre Boa Vista e Georgetown, seria possível fechar um anel a partir de Fortaleza até Belém com diversas infraestruturas terrestres já existentes nas regiões Nordeste e Norte. Para isso, seria necessário o Linhão de Tucuruí em Roraima.
Por Polyana Girardi