158% no aumento de cachê. Esta é a proposta que a Banda Capital do Sol fez ao governo de Roraima para se apresentar no Arraial do Anauá. O Estado, por sua vez, aceitou o valor, bem como topou pagar um cachê mais alto do que o comum para outros quatro artistas que se apresentarão no Parque Anauá.
Para contratar as atrações, o governo precisou fazer uma pesquisa de preços e depois pedir o orçamento. Os documentos estão registrados no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), por onde o Roraima em Tempo teve acesso aos valores nesta quinta-feira (23).
O grupo dos anos 1990 cobrou R$ 129 mil pela apresentação, que ocorre em 1º de julho. Enquanto para cantar em Tracunhaém, em Pernambumco, no próximo dia 07, a banda pediu R$ 50 mil. A Banda Capital do Sol terá o segundo menor cachê pago pelos cofres públicos de Roraima.
Em nota, a banda disse que o preço é tabelado a nível nacional. Também afirmou que os R$ 79 mil a mais são referentes a todo custo operacional de um grupo de pessoas. Além disso, citou como exemplo gastos com passagens, hospedagem e outras despesas.
A tradicional festa com raízes católicas contará ainda com a apresentação do artista gospel Regis Danese. O cachê que gira em torno de R$ 35 mil e R$ 37,5 mil teve um salto de 136%. Ele pediu R$ 82,6 mil parcelado em duas vezes, uma adiantada e outra em até 48 horas após o show desta sexta-feira (24).
A assessoria do artista afirmou que o contrato ocorreu de forma que a empresa ficou responsável por todas as despesas e que o valor líquido da apresentação do cantor é de R$ 40 mil.
Disse ainda que a justificativa da diferença de preço se deve ao fato de que o Governo do Estado realizou a pesquisa levando em consideração cachês de valores defasados e ainda comparando preço de eventos onde o contratante assume todas as despesas.
O cantor Tierry, que canta no dia 30 de junho, é a única exceção. Ele cobrou R$ 200 mil, mesmo já tendo cobrado cachê de até R$ 250 mil para se apresentar em uma festa de ano novo em São Luís, Maranhão, conforme a pesquisa feita pelo governo.
Procurados, o governo de Roraima e os outros artistas citados nesta reportagem não responderam até a última atualização desta reportagem.
As duplas sertanejas
Ao todo, oito artistas nacionais se apresentam durante os oito dias de festa. Conforme o governador Antonio Denarium (PP), seis serão custeados pelo governo e outros dois serão ofertas de patrocinadores, que terão suas marcas divulgadas no arraial.
No entanto, o governador não divulgou os valores dos cachês dos dois artistas pagos por patrocinadores.
Entre os pagos com dinheiro público estão as duplas Humberto e Ronaldo e João Neto e Frederico. Ambas também elevaram os preços para apresentação. Respectivamente, os shows ocorrem nos dias 28 e 29 de junho.
O governo fechou contrato para pagar cerca de 31% a mais para cada uma das duplas. Acostumados a cobrar cachês por volta de R$ 160 mil, os artistas resolveram pedir R$ 210 mil para se apresentarem no extremo Norte do país. Ambos pedem metade antes do show e o restante em até 48 horas após apresentação.
De acordo com as pesquisas de preço do próprio governo, Humberto e Ronaldo cobraram R$ 160 mil para cantar em uma formatura em fevereiro deste ano em Ribeirão Preto, São Paulo. No mesmo mês, cobraram R$ 162,5 mil em um festa de carnaval.
Enquanto a dupla João Neto e Frederico, no contrato mais recente da pesquisa, cobrou R$ 160 mil para cantar em uma festa do município de Mateus Leme, em Minas Gerais no dia 10 de junho. O valor mais alto da pesquisa é referente a comemoração de 142 anos de emancipação política do município de Criciúma, em Santa Catarina, ocorrida 06 de janeiro de 2022.
Japinha Conde
Para se apresentar na festa de emancipação da cidade Craibas, no estado de Alagoas, a cantora Japinha Conde recebeu R$ 130 mil. A festa ocorreu em 23 de abril deste ano.
Para ela cantar em Roraima no próximo dia 26, o governo teve que fechar um contrato de R$ 200 mil. Nos mesmos moldes das duplas sertanejas, o governo deve pagar metade antes e o resto depois.
Antes, o cachê mais alto da artista, conforme a pesquisa do Estado, foi de R$ 155 mil para cantar na cidade de Santana do Araguaia, no Pará.
Fonte: Fabrício Araújo, jornalista do Roraima em Tempo