Cidades

Documentos mostram superfaturamento em cirurgias ortopédicas no HGR; veja preços

O empresário Frederico Bispo, apresentou documentos que mostram o superfaturamento de itens usados nas cirurgias eletivas ortopédicas realizadas no Hospital Geral de Roraima (HGR). A denúncia foi feita durante entrevista ao jornalista Bruno, no programa Rádio Verdade, da Rádio 93 FM, nesta Sexta-feira (1º).

Dessa forma, Frederico apontou documentos que mostram que os preços dos itens praticados em Roraima são superiores aos valores praticados pela tabela do Sistema Único de Saúde (SUS).

Conforme a denúncia, somente no mês de fevereiro, o sobrepreço chegou a mais de 2000%, apenas nos itens de órteses, próteses e materiais especiais.

A Medtrauma faturou e recebeu R$ 1.2 milhão sendo R$ 1.1 milhão de itens que são tabelados pelo SUS. Todavia vendidos com alto sobrepreço” disse.

Confira os preços:

MATERIALVALOR
MEDTRAUMA
VALOR
SIGTAP/SUS
haste intramedularR$ 7.840,00R$ 1.120,00
Fio de kirschnerR$ 78,00R$ 13,00
fixador externo
circular / semi-
circular
R$ 8.147,30R$ 1.163,90
placa cervical
associada a

parafuso intra-
somático de titanio
R$ 17.938,04R$ 2.419,72

Além disso, Bispo explicou que a empresa também forneceu itens não padronizados. O que totalizou R$ 74 mil.

Veja:

MATERIALVALOR
MEDTRAUMA
VALOR MERCADO
enxerto
hidroxiapatita 5gf
R$ 7.400,00R$ 600,00
broca drill (fresa
cortante)
R$ 5.525,00R$ 300,00

Assim, a justificativa do sobrepreço e superfaturamento seria a logística para Roraima, o que elevaria o custo.

Confira o comparativo com outros estados:

MATERIALRORAIMAAMAZONASRONDONIAAMAPÁ
haste
intramedular
de tibia
R$ 7.674,52R$ 1.290,00R$ 882,60R$ 1.090,00
haste femoral
longa com
bloqueio
cefálico
(inclui
parafusos)
R$ 5.387,90R$ 1.350,00R$ 800,00R$ 936,58
parafuso
cortical 4,5mm
R$ 132,74R$ 22,00R$ 15,00R$ 18,06

‘Fraude de contrato’

Ainda, Frederico citou que a Sesau fraudou o contato de adesão da ata. É que a ata de registro de preços da Sesacre já trazia quanto ao tipo de procedimento e atendimento a ser realizado.

“Quando a Cecília realizou o contrato de adesão, ela incluiu um objeto que desvirtua […] Ela incluiu ‘Cirurgias eletivas’ e com isso, ela deu um poder das cirurgias ortopédicas para a Medtrauma. Era urgência e emergência e ela incluiu o termo ‘cirurgias eletivas’, fraudando o termo de adesão da ata. Ou seja, ela não poderia ter feito isso. Pois quando você adere ao contrato de adesão, ele deve ser igual ao da ata”, explicou.

Em fevereiro, a secretária de Saúde, Cecilia Lorezon foi alvo de Polícia Federal (PF). Ela chegou a ser afastada do cargo mais retornou após 14 dias. O objetivo era de investigar a existência de uma organização criminosa que teria atuado em fraude de licitações para serviços de traumatologia e ortopedia, resultando na adesão de uma ata de registro de preço licitada pelo Governo do Acre.

Relembre

Em abril de 2023, o TCU embargou o contrato de R$ 30 milhões da Sesau com a empresa MedTrauma. O órgão também determinou a paralisação dos pagamentos.

A Corte havia determinado diligências no contrato depois que os auditores identificaram relações suspeitas da empresa com outro contrato na mesma modalidade com o Governo do Acre.

No relatório, o TCU afirmou que a Sesau aderiu à Ata de Registro de Preços decorrente do pregão eletrônico sob exame e celebrou o contato com a Medtrauma no valor de R$ 30,2 milhões com a previsão de utilização de recursos federais, conforme consta no Diário Oficial.

Em outubro do ano passado, a Secretaria de Saúde prorrogou por mais um ano o contrato com a empresa, que agora é válido até novembro deste ano.

A CGU chegou a afirmar que se os recursos fossem empregados sem desvios na Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), o número de cirurgias ortopédicas seria maior.

Enquanto membros de uma organização criminosa auferem vantagens econômicas ilícitas, a malversação de recursos prejudica a efetividade da execução de políticas públicas em Roraima. O Hospital Geral do Estado (HGR) atende à população que totalizou 636.707 em 2022, ano em que, até outubro, o número de cirurgias ortopédicas, entre eletivas e de emergência, passou de 1,5 mil – número poderia ser maior caso os recursos fossem empregados sem desvios”.

Tribunal de Contas do Estado

O Tribunal de Contas do Estado (TCE-RR) chegou a suspender duas licitações na casa dos R$ 100 milhões durante a gestão de Cecília na Sesau.

O primeiro trata-se de um chamamento público para contratação de empresa para terceirização do Hospital Gerald e Roraima (HGR). Conforme documentos, o valor do contrato seria de R$ 430 milhões. No entanto, após encontrar uma série de irregularidades, o Tribunal determinou a suspensão do processo.

O segundo processo licitatório era para contratar empresa de engenharia para fazer reparos em prédios administrativos e unidades de saúde. O valor era de R$ 117 milhões, mas após detectar sobrepreço de R$ 45 milhões o TCE-RR também suspendeu.

A reportagem chegou a entrar em contato com o TCE-RR no último dia 16 para perguntar se o órgão considerava o afastamento da secretária de Saúde, ou se já havia aplicado multa pelas irregularidades encontradas nos contratos. No entanto, o Tribunal não respondeu.

Polêmicas na gestão da secretária

As duas passagens de Cecília Lorenzon na Secretaria de Saúde de Roraima ficaram marcadas por polêmicas. Na primeira vez que ela assumiu a pasta, a titular travou um embate com os enfermeiros em meio a uma greve em 2019, que exigiam melhores condições de trabalho e diálogo com a Sesau.

Lorenzon ordenou aplicação de falta nos profissionais pelos dias de greve, oque acabou gerando mal-estar no Governo e findou na sua exoneração.

Naquela época, o Ministério Público de Contas (MPC) pediu o afastamento de Cecília por suspeita de irregularidades na contratação de empresas, compra de medicamentos sem licitação e até superfaturamento de contratos.

Entretanto, ela voltou a assumir a pasta em fevereiro de 2022. Um dos momentos mais marcantes da segunda passagem dela na Secretaria da Saúde foi em um grupo de WhatsApp, após a repercussão do vídeo de uma gestante caída no chão da ‘Maternidade de Lona’, desesperada por atendimento.

Por fim, a titular da pasta escreveu que não havia superlotação na maternidade e que haviam “pessoas que se prestam a dar show”, referindo-se ao episódio.

Fonte: Da Redação

Polyana Girardi

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