Em 10 anos, Roraima registrou um aumento de 24.677% no número de apreensões de maconha. Em 2013, foram apreendidos 10,29 kg da droga. Já no ano passado foram apreendidos 2.549 kg. Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Em comparação a 2022, quando foram apreendidos 622 kg de maconha, houve um aumento de 309% no estado. Os números apresentados no 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública são dados das apreensões registradas pela Polícia Federal que, no entanto, não correspondem a todas as apreensões.
Conforme o documento, as apreensões de cocaína também subiram em Roraima: foram de 31,64% em 2013 para 187 kg no ano passado, um aumento de 491,11%.
Tráfico e posse
O crime de tráfico de drogas também registrou aumento significativo: 1.197% em 10 anos, com 40 ocorrências em 2013 e 519 em 2023.
Outro dado destacado pelo Anuário é a posse e o uso de drogas. Em 2013, Roraima registrou 66 ocorrências. No ano passado, foram 251. Os números representam assim um aumento de 280% em uma década.
A especialista em Segurança Pública, Carla Domingues, destacou três elementos que podem justificar o aumento das apreensões e tráfico de drogas no estado: a chegada da maior facção criminosa do país no estado (PCC), a migração e o garimpo ilegal.
“Os imigrantes vieram, chegaram a Roraima fugindo de uma crise financeira em seus países. Mas juntamente com as que estavam fugindo da crise financeira, vieram pessoas que tinham ligações com tráfico de drogas na Venezuela. Ou seja, os faccionados venezuelanos. Estes foram batizados pela maior facção criminosa no Brasil e com isso a gente consegue perceber uma mudança no perfil do traficante de Roraima”, explicou.
“Quando a gente vai falar sobre o garimpo ilegal, a gente não fala somente daquelas pessoas que querem garimpar para poder sustentar a família, não. É sabido de todos que a maior facção criminosa também esteve, está, presente no garimpo. Então são três situações que culminaram no aumento das apreensões de drogas aqui no estado”, completou Domingues.
Ainda de acordo com a especialista, os dados que apontam para o aumento desses crimes em Roraima também são justificados pela falta de ações repressivas do Estado.
“Infelizmente os nossos gestores não agiram de forma repressiva no combate ao tráfico de drogas. As coisas foram acontecendo ao longo do tempo e eles foram vendo acontecer e não agiram para poder inibir e impedir o aumento do tráfico de drogas no estado de Roraima”, ressaltou.
Apreensões
Roraima teve os últimos anos marcados por apreensões recordes. Em agosto de 2023, por exemplo, uma operação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Roraima (Ficco) apreendeu 1.678 kg de drogas, entre skunk (supermaconha) e cocaína em Rorainópolis, ao Sul do estado.
Em dezembro do ano passado, a Polícia Federal apreendeu quase uma tonelada de drogas, entre skunk e cocaína em Boa Vista, capital de Roraima.
Além disso, neste ano, a Ficco apreendeu mais de 407 kg de skunk e cocaína na zona rural do município de Alto Alegre, ao Norte de Roraima.
Uma das ocorrências chamou a atenção da mídia nacional. Dois sobrinhos do governador Antonio Denarium (Progressistas) foram presos em maio com mais de 70 quilos de skunk, um revólver, assim como um fuzil. Como resultado, o empresário Fabrício de Souza Almeida se tornou réu por tráfico de drogas e posse de arma de uso restrito.
À época, o governador de Roraima afirmou em nota que defende a apuração rigorosa de todos os fatos relacionados ao caso apresentado pela Polícia Civil, dentro da legalidade.
Fonte: Da Redação com a colaboração da Rádio 93 FM