Cidades

Indígenas Yanomami contam agora com sistema de alertas para monitorar território

A Hutukara Associação Yanomami (HAY) implementou no início deste mês uma nova ferramenta de sistema de alertas na Terra Indígena Yanomami (TIY). As próprias comunidades podem alimentar, por meio do aplicativo ODK Collect para celulares, um sistema de alertas com informações sobre riscos sanitários, ambientais e ao território.

Por meio de um formulário, indígenas devidamente capacitados podem anexar fotos, vídeos, áudios, assim como pontos de localização com coordenadas geográficas e relatos. Além disso, eles podem fazer os envios offline, incluídos no dispositivo quando tiver conexão.

A fim de garantir o acesso a todos os povos do território, a ferramenta disponibiliza as opções de idioma em yanomami, ye’kwana, sanoma e português.

O presidente da HAY, o xamã e liderança Yanomami Davi Kopenawa, acredita que a ferramenta é importante para que as pessoas da cidade entendam a realidade vivida pelo povo Yanomami. Conforme ele, o sistema pode facilitar o entendimento das autoridades sobre as necessidades dos indígenas que vivem no território.

“Eu sempre digo que hoje já é o futuro. Eu acho importante a gente conseguir sonhar e pensar com outros amigos que estão apoiando, trabalhando e lutando juntos. Quem está na cidade escuta, mas não sente o que os Yanomami precisam, por isso é muito bom ter esse sistema de alertas para nosso monitoramento”, disse Kopenawa.

Oficina

Para o uso da ferramenta, o geógrafo e pesquisador do Instituto Socioambiental (ISA) Estêvão Senra e a advogada do ISA Daniela Nakano ministraram uma oficina de quatro dias na comunidade de WatorikƗ, na região do Demini. Eles apresentaram o sistema para 10 indígenas da região que integram os grupos de agentes indígenas de saúde e saneamento, comunicadores e pesquisadores.

Treinamento para uso do novo sistema na Terra Indígena YanomamiFoto: Evilene Paixão/ Hutukara Yanomami

“A recepção foi bastante positiva. Eles entenderam imediatamente a importância da ferramenta para dar mais peso às demandas das comunidades por políticas públicas mais eficientes”, disse Senra sobre o período de cinco dias, de 11 a 15 de agosto, da oficina.

Uma central de comunicação foi instalada no Demini durante a oficina. A ideia é que os Yanomami treinados operem esta base, que deve receber as denúncias de todas as partes da Terra Indígena Yanomami. A HAY faz todo o projeto com apoio do Fundo das Nações Unidas Para Infância (Unicef) e ISA.

“Às vezes um alerta chega incompleto ou com informações que precisam ser verificadas. A central de comunicação tem por objetivo qualificar os alertas que estão nessa situação. Os responsáveis pela Central devem entrar em contato com as comunidades de origem do alerta para fazer essa checagem ou colher mais elementos que podem enriquecê-la. Os responsáveis pela central também ajudam na tradução dos relatos que na maioria dos casos chegam somente nas línguas indígenas”, explica Senra.

Para garantir que todas as regiões tenham pessoas capacitadas para repassar as informações, outras oficinas devem ocorrer com o apoio de parceiros. Então a próxima ocorrerá em setembro na região da Missão Catrimani.

Fonte: Instituto Socioambiental

Lara Muniz

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