Com o crescimento populacional em Pacaraima, município ao Norte de Roraima, os moradores têm cobrado reforço na segurança da cidade. O Roraima em Tempo esteve no local no último sábado (23) e ouviu alguns moradores.
João Batista, de 59 anos, é dono de um restaurante e vive em Pacaraima há 25 anos. À reportagem, o comerciante conta que os casos de assaltos viraram rotina para quem mora no lugar.
“Precisamos de mais organização, uma polícia que ficasse andando pela cidade, não só dentro dos carros. É muita gente nas ruas e pouca segurança”, cobrou.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Pacaraima foi o munícipio com o maior crescimento populacional do Brasil. Entre 2020 e 2021, a população saltou de 18.913 para 20.108 habitantes.
Conforme o IBGE, o cenário é devido ao “efeito da migração internacional, considerada desde 2015”.
Outro morador, que preferiu não se identificar, afirma que vive em Pacaraima há cinco anos. Desde então, tem visto o cenário da pequena cidade mudar rapidamente. Por conta da insegurança, ele buscou outras formas de se proteger.
“Tem muito caso de arrombamento. Só não roubaram lá em casa porque eu tenho oito cachorros. Até desistem de entrar, quem não tem segurança em casa com certeza já foi vítima de roubo. Falta fiscalização”, disse.
Sobrecarga
De acordo com o delegado da Polícia Civil, Francisco Araújo, não só os casos de roubo e furto aumentaram. As ocorrências de violência contra a mulher também se tornaram mais frequentes.
Ele diz que nos últimos quatro meses, a delegacia da cidade registra por semana 3 casos das ocorrências citadas. Como resultado, o município ficou sobrecarregado.
“Em comparação com o ano passado, esses crimes triplicaram neste período de reabertura da fronteira. Por consequência disso, Pacaraima está praticamente virando uma ‘favela’. O fluxo de migrantes é intenso e a revolta da população é por causa do aumento da criminalidade”, avaliou
O delegado atribui o problema à falta de equipes por tempo integral na fronteira. Conforme Araújo, alguns migrantes entram a pé na cidade, não apresentam antecedentes criminais, praticam os crimes e voltam para a Venezuela.
“A situação é caótica. Os governos Federal e Estadual precisam dar uma atenção especial para a cidade, pois a situação deve se complicar. Hoje a população da cidade tem muito mais venezuelanos que brasileiros, a maioria deles nas ruas”, disse.
Ao Roraima em Tempo, o Governo informou que vem aumentando o contingente da Polícia Militar de Roraima (PMRR) em Pacaraima nos últimos anos, e que o quadro será reforçado com os novos soldados aprovados em concurso.
População desabrigada em Pacaraima
Em março de 2020, o Governo Federal proibiu o fluxo entre Brasil e Venezuela por conta da pandemia da Covid-19. Contudo, em julho deste ano, a União voltou a autorizar a entrada de refugiados venezuelanos através de Pacaraima.
De acordo com a Casa Civil, a decisão foi tomada para continuar o processo de interiorização dos migrantes, já que o processo de regularização deixou de ser feito com o fechamento da fronteira.
Assim, o número de venezuelanos em busca de documentação aumentou na fronteira entre Pacaraima e Santa Elena de Uairén. Isso levou o crescimento da população em situação de rua no município ao Norte de Roraima.
Conforme a Organização Internacional para as Migrações (OIM), só em agosto o números de desabrigados chegava a 4.015. Já em setembro, o crescimento foi de 5,2%, com 4.225 refugiados em situação de rua.
Fonte: Da Redação