Nicoletti: “Acolhida não tem estrutura para assistir fluxo migratório”

Declaração foi dada em entrevista à Rádio 93FM, nesta sexta-feira (16)

Nicoletti: “Acolhida não tem estrutura para assistir fluxo migratório”
Declaração do deputado sobre a Operação Acolhida foi dada em entrevista à Rádio 93FM, nesta sexta-feira/Divulgação Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O deputado federal Nicoletti (PSL) avaliou que a Operação Acolhida não tem estrutura suficiente para prestar assistência ao novo aumento do fluxo migratório de venezuelanos em Roraima.  A declaração foi dada em entrevista à Rádio 93FM, na tarde desta sexta-feira (16).

O parlamentar visitou a fronteira, que teve o acesso flexibilizado no último dia 24 de junho. Desde então, o fluxo de imigrantes aumentou e causou filas no atendimento no Posto de Triagem e Interiorização da Acolhida em Pacaraima.

“Vimos crianças, mulheres e pessoas dormindo no chão, sem comer. A Acolhida não está dando conta do recado e não há limite na portaria. Como a Operação não comunica ao Governo Federal? Por que eles não falam: ‘se abrir a fronteira eu não vou conseguir receber eles?’ A situação está bem crítica”, argumentou.

Conforme o deputado, com a pandemia da Covid-19, o caso também envolve saúde pública, já que a fiscalização está fragilizada devido ao grande número de imigrantes no local. Ele afirmou ainda que o cenário foi relatado ao chefe de gabinete da Casa Civil do Governo Federal, porém ainda não teve retorno.

“Infelizmente, Roraima é esquecida pelo Governo Federal e acho muito difícil eles reverem a portaria. Queremos acolher com dignidade, porque acolher como estão sendo recebidos em Pacaraima, no chão, no frio, crianças passando fome, não é acolhida e nem questão humanitária. É preciso entender esse contexto. Vamos acolher? Será que temos estrutura? Se tiver, acolhe. E se não tem? Não tem vacina, não tem medicamento, como vou acolher mais de 100 mil pessoas?”, indagou.

A reportagem solicitou posicionamento sobre as declarações do parlamentar, todavia a Operação Acolhida ainda não enviou resposta.

Reabertura

A entrada de pessoas pela fronteira entre Brasil e Venezuela foi interrompida em março de 2020, devido à pandemia, sobretudo para evitar a proliferação do coronavírus. Mesmo assim, o fluxo de pessoas continuou por rotas clandestinas, com imigrantes chagando a Roraima de forma irregular.

A reabertura foi autorizada em junho deste ano, através de portaria publicada pelo Governo Federal. Com a autorização, a Casa Civil também liberou a regularização de documentos dos imigrantes ilegais. Após a publicação, a Operação Acolhida estimou que cerca de 100 pessoas seriam atendidas diariamente no Posto de Triagem e Interiorização em Pacaraima.

Nesta quinta-feira (15), o Roraima em Tempo registrou um movimento intenso de imigrantes na fronteira em Pacaraima. Conforme informações repassadas por oficiais do Exército, cerca de 1.300 pessoas esperavam atendimento, sendo que mais de 200 foram atendidas e seguiram viagem para o Brasil. Outras 1.100 ainda aguardavam sua vez.

Venda de lugar na fila da Acolhida

De acordo com um dos oficiais, imigrantes passaram a vender o lugar na fila para aqueles que chegavam depois, o que gerou um clima de tensão na localidade. O Exército interviu na organização e estabeleceu senhas para o atendimento.

Por Samantha Rufino

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