Servidores acusam secretário de Justiça de assédio moral e campanha velada para governador de RR

Secretário já retirou presos do regime fechado para fazer obras em sua casa, mas governo diz que nenhuma denúncia “passa em branco”

Servidores acusam secretário de Justiça de assédio moral e campanha velada para governador de RR
André Fernandes usou presos para obra particular em residência

Policiais penais acusaram, nessa terça-feira (8), o secretário de Justiça e Cidadania (Sejuc) André Fernandes de assédio moral contra servidores públicos. Além disso, eles também afirmam que Fernandes faz campanha velada para o governador Antonio Denarium (PP), que deve tentar reeleição neste ano.

Conforme os denunciantes, que preferem não serem identificados, o secretário reduziu para 30 minutos o horário de almoço dos agentes.

Ainda conforme eles, o secretário persegue servidores usando processo administrativo disciplinar.

“Se um servidor chegar dois minutos atrasado leva falta, mesmo que ele permaneça no plantão”, explicou um dos servidores.

André Fernandes e Renan Filho

Ainda segundo os servidores, o secretário junto ao deputado estadual Renan Filho (Republicanos), faz campanha velada para o governador Antônio Denarium.

“Ele se aproveita do cadastro de reserva e excedentes do concurso da Polícia Penal de Roraima”, diz.

No início deste mês, O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) determinou que Fernandes removesse uma pesquisa eleitoral de suas redes sociais. A Justiça entendeu a pesquisa não ponderou no plano amostral, o nível econômico dos entrevistados, o que inviabiliza sua divulgação.

A reportagem teve acesso à áudios nos quais uma das pessoas excedentes do concurso cobra dos demais que apoiem o governador nas redes sociais a pedido do secretário.

De acordo com o relato, eles devem acatar as medidas para que consigam a empatia do chefe do executivo a fim de garantir uma vaga na Polícia Penal.

“Uma outra sugestão do secretário é fazer uma lista com o nome de todos os candidatos, com Instagram e Facebook do lado para a gente ter essa arma a nosso favor. Dessa forma, podemos levar ao governador essa lista”, afirma.

Procurado, o governo afirmou que “não compactua com nenhum tipo de assédio” e que, por determinação de Denarium, “nenhuma denúncia passa em branco”.

A redação também procurou o secretário de Justiça e Cidadania, André Fernandes, e o deputado Renan Filho, mas até a última atualização desta matéria nenhum dos dois se pronunciou sobre as acusações.

Denúncias contra o secretário

Em setembro de 2019, André Fernandes tirou presos do regime fechado e os levou até a casa dele para instalarem uma cerca de madeira feita na marcenaria da prisão.

Em seguida, em novembro do mesmo ano, o Ministério Público (MP) o denunciou por improbidade. As investigações do órgão indicam que o secretário usou, inclusive, viatura oficial para transportar os detentos, sem escolta para vigiá-los.

Desde então, as partes tentaram diversos acordos judiciais, mas André não quer deixar o cargo, principal exigência do MP.

Em julho de 2021, o juiz Luiz Alberto de Morais Júnior aceitou a denúncia do MP e André Fernandes virou réu. Contudo, o secretário recorreu e alegou que as provas obtidas pelo MP são ilegais.

Já em novembro, o Ministério Público pediu que a justiça mantenha a decisão que o tornou réu. O promotor Luiz Antônio Araújo de Souza disse que André Fernandes causou “grande constrangimento” aos roraimenses. O processo ainda tramita na justiça.

Renan Filho

O deputado estadual Renan Filho, que teve mandato cassado três vezes por compra de votos é autor de um projeto na assembleia que homenageia o secretário com a comenda orgulho de Roraima.

Fonte: Da Redação, Rádio 93 FM

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