Verdade seja dita: apesar da palavra “cinema” designar a arte de ver filmes, nem todo filme precisa ser visto no cinema. O maior sinal disso são os filmes lançados direto para home-video (tipo as continuações da Disney, como A Pequena Sereia 2 e O Rei Leão 2) ou, atualmente, para streaming (como as comédias românticas da Netflix). É o tipo que não faz mal tê-lo perdido. Por outro lado, existem filmes que DEVEM ser vistos na maior tela possível, como as obras que eu citei nessa lista aqui (dos filmes que tenho orgulho de ter visto no cinema).
Infelizmente, só descobrimos esse potencial cinematográfico em certos filmes depois que os vimos em casa. Isso acontece quando a gente assiste a um filme que alugamos e pensa o quão bom seria tê-lo visto no cinema. Independe se foi por falta de oportunidade ou se o filme foi subestimado por nós na época de lançamento: é a mesma vontade de voltar no tempo só para ter a experiência completa daquele filme. Ou seja, na sala escura, com som nas alturas, comendo pipoca e curtindo a sintonia com a plateia.
Dito isso, separei abaixo os 10 filmes que eu mais lamento por ter perdido no cinema, em forma de ranking. Nem todos aqui são obras-primas, mas eu os adoro. São obras pelas quais eu sinto que, por algum motivo, eu deveria ter visto na telona. Lembre-se: a coisa aqui é mais subjetiva do que crítica. Então, me deixa!
10. HOMEM DE FERRO (2008)
Quando anunciaram o filme do Homem de Ferro, achei que fosse só mais uma entre tantas adaptações de histórias em quadrinhos da Marvel. Jamais passou pela minha cabeça que seria: a) um dos melhores filmes de super-heróis já feitos; e b) o marco inicial do Universo Cinematográfico Marvel, que está fazendo uma trajetória única no entretenimento audiovisual.
Pena que eu só constatei a qualidade da obra quando chegou nas locadoras. E minha lamentação piorou quando eu assisti a Vingadores: Ultimato no cinema e o emocionante fechamento do arco do personagem, impedindo que eu tivesse a experiência completa de acompanhar a Saga do Infinito. Se arrependimento matasse…
9. 007: OPERAÇÃO SKYFALL (2012)
Eu nunca tinha me empolgado para ver o agente secreto James Bond no cinema. Porém, o excelente Cassino Royale, que eu assisti em casa, mudou minha opinião. Então resolvi ver no cinema o filme seguinte, só que achei 007: Quantum of Solace tão fraco que nem me dei o trabalho de ver o próximo, que foi justamente 007: Operação Skyfall.
Mas como eu adivinharia que Skyfall seria o melhor filme da coleção 007? Claro que a escolha do melhor da saga é algo pessoal, mas eu não conheço outra obra tão bem feita em tantos aspectos na coletânea. E, em todas essas décadas, o meu Bond favorito foi lançado justamente na minha época, quando eu poderia ter visto no cinema. Por que eu perdi isso?
8. PROCURANDO NEMO (2003)
Tenho um primo que sempre foi fã dessa animação da Pixar e não foram poucas as vezes em que ele me chamou para ver Procurando Nemo na tela grande. O problema é que, em 2003, eu ainda preservava uma política pessoal que, hoje, reconheço ser completamente sem sentido: o de não ir ao cinema para ver animações. Nemo era uma animação; logo, não fui.
Quando a vi em VHS, não apenas percebi o que eu havia perdido. Eu gostei tanto do desenho que eu assisti a ele inúmeras vezes e nunca enjoei. Aliás, até decorei as falas do filme, principalmente da personagem Dory. Assim, Procurando Nemo me fez eliminar essa política de não ver animações no cinema, pois tinha perdido uma obra-prima. Bem feito para mim!
7. BATMAN: O RETORNO (1992)
Quando o segundo filme do Batman estreou no Brasil, eu estava prestes a completar 8 anos de idade, estava na segunda série do Ensino Fundamental e ainda morava no interior de Roraima. E eu me lembro que sempre ficava feliz só em ver o comercial do lançamento de Batman: O Retorno nos cinemas, com aquela narração e tudo.
E esse é o primeiro filme da lista que eu perdi no cinema não por escolha própria, mas pelo fato de que entrar em um cinema ainda era uma realidade distante para mim, naquele período. Afinal, ainda demoraria alguns anos para ter minha primeira sessão de cinema. Se eu pudesse, bem que minha estreia poderia ser aqui, com Batman: O Retorno.
6. MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA (2015)
Esse foi outro em que não botei fé e acabei me lascando. Até porque a saga Mad Max, com Mel Gibson, era um conjunto de filmes que eu gostava de ver na televisão, mas não o suficiente para esperar ansioso por uma continuação no cinema. Por isso, quando George Miller lançou Estrada da Fúria, nem me animei e esperei sair em DVD.
Só depois percebi a burrice que eu tinha cometido. Mad Max: Estrada da Fúria é um colosso, fruto de muitos talentos simultâneos em nome do cinema de verdade. E eu deixei essa oportunidade passar. Pior é que eu subestimei tanto essa obra que também nem procurei ler as críticas. Se ao menos eu tivesse visto os elogios, eu teria me arriscado.
5. FILHOS DA ESPERANÇA (2006)
Quando essa joia estreou no Brasil, só havia um cinema em Boa Vista, cidade onde moro, e ele não exibiu o filme. Só que, mesmo que tivesse exibido, não sei se eu assistiria. É porque, em 2006, três filmes dirigidos por mexicanos se destacaram: Babel, de Alejandro Inarritu; O Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro; e Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón.
Dos três, o último foi o que eu menos tive ânimo para assistir. Mas isso foi antes de assistir, porque, depois, ele se tornou o meu favorito. Um dos melhores filmes dos últimos 20 anos e que, até hoje, teve pouquíssimos rivais em termos de virtuosismo técnico e narrativo e cenas tão fortes quanto impressionantes. Quem viu no cinema, teve muita sorte.
4. O GIGANTE DE FERRO (1999)
Eu passava as férias na casa de meus pais quando eu liguei a TV para ver os desenhos do sábado matinal. Até que começou um longa-metragem animado, com um robô alienígena gigante e eu, curioso, assisti até o final. Quando acabou, eu estava com um nó na garganta tão grande que me fez nunca esquecer essa animação. Era O Gigante de Ferro.
E a primeira coisa que me perguntei: por que ninguém fala sobre esse desenho tão bonito e tão comovente? Uma lição de amizade e de como contar uma boa história. Até hoje, não sei se a animação estreou nas salas de Boa Vista. De todo modo, eu lamento muito a minha falta de oportunidade de ter visto esse gigantismo na tela grande.
3. O REI LEÃO (1994)
Simplesmente, minha animação favorita. Na época de lançamento, os chicletes Ping Pong entraram na onda do filme e eram vendidas com figurinhas de O Rei Leão. As figurinhas tinham personagens e as cenas do desenho, que você poderia montar na ordem certa para ter todo o filme narrado pelas figurinhas. Era muito divertido.
E eu me apaixonei por essa história daí. Eu já conhecia o filme quase inteiro só por causa dos chicletes. Depois, meus pais compraram a fita VHS e eu assistia praticamente todo santo dia. Aliás, tenho a fita até hoje. A única coisa que faltou foi ter visto no cinema. Uma pena que, com 10 anos, eu ainda não tivesse acesso a um cinema. Seria maravilhoso.
2. JURASSIC PARK (1993)
Mesmo já tendo visto vários filmes de bichos e monstros gigantes, Jurassic Park foi o primeiro filme da história que me deixou de queixo caído. Ver animais pré-históricos tão realistas e tão assustadores mudou para sempre a minha percepção de entretenimento cinematográfico. Só que tudo isso foi em VHS e em 1996, eu acho.
Em 1993, ano de lançamento da obra de Steven Spielberg, eu nem sabia que estavam lançando algo assim. Para compensar, fui ao cinema ver absolutamente todas as continuações, de O Mundo Perdido (1997) até a nova trilogia Jurassic World (2015-2022). Ou seja, o primeiro filme foi o único que eu não vi no cinema. Justamente, o que eu mais queria.
1. O EXTERMINADOR DO FUTURO 2 (1991)
A primeira vez que eu soube da continuação de O Exterminador do Futuro foi visitando uma banca de revistas. Lá, eu avistei uma revista de cinema que tinha Arnold Schwarzenegger na capa, dizendo que era o filme mais caro de todos os tempos. Como eu já tinha visto e amado o longa original, minha animação foi nas alturas.
Quando chegou o VHS, aluguei a fita e, pela primeira vez na vida, eu desejei muito ter visto um filme no cinema. Pela computação gráfica revolucionária, pela ação inigualável, pela trama inesquecível. Até hoje, O Exterminador do Futuro 2 é meu filme de ação favorito e o filme que eu mais lamento por ter perdido no cinema.
Ah, e tem crítica aqui no canal Tomada Um em comemoração aos 30 anos dessa obra-prima.
Agora pergunto: tem algum filme que você lamenta por ter perdido no cinema?
Júnior Guimarães é jornalista e escreve a coluna Cinema em Tempo. Toda semana aqui no Roraima em Tempo temos uma análise sobre o mundo cinematográfico. No Youtube, Júnior tem um canal onde faz críticas e avaliações sobre cinema.