O governo federal já enviou bilhões à Saúde do Estado, mas o descaso continua de forma lamentável. Os hospitais da capital e do interior caem aos pedaços e falta de tudo: equipamentos, profissionais, remédios, exames e até leitos.
Noutra ponta, o MP de Roraima faz inúmeras recomendações – quase todo mês tem uma – e a Justiça também intercede, bloqueando a conta do governo, obrigando-o a pagar por cirurgias de pacientes fora do Estado.
A reclamação na Saúde é generalizada, mas nada muda, infelizmente, e acaba sobrando para o povo, que continua morrendo sem atendimento médico decente dentro dos hospitais. Uma vergonha.
Para conter a sangria nos cofres da Saúde, a PF faz operações, uma em cima da outra, e descobre esquemas milionários de corrupção no governo, mas os bandidos de colarinho branco sempre escapam e sequer devolvem o dinheiro surrupiado.
Enquanto isso, o roraimense pede socorro, grita, esperneia, faz rifa, bingo e até campanha de doação porque não aguenta mais esperar na enorme fila de cirurgias. A caótica situação na Saúde já ultrapassou o limite da sensatez. Meu Deus! Até quando?
Propaganda enganosa
Na madrugada de ontem, por exemplo, a chuva que caiu mais uma vez colocou em “xeque” as propagandas enganosas veiculadas pelo governo do Estado, que mostram uma coisa muito diferente da realidade. Quem vê até pensa que nossa Saúde é igual a da Dinamarca.
Aflitos, pacientes e servidores do HGR filmaram a vergonhosa, mas real cena. A água da chuva desceu pelo telhado e inundou corredores e a recepção do HGR. Deprimente. Dá dó vê o povo doente arrastando cadeiras, macas e leitos, tentando assim escapar da inundação.
Mais difícil ainda é engolir as mentiras da Sesau. Desta vez, a pasta informou, por meio de nota, que a equipe responsável pela manutenção do HGR já havia solucionado o problema. Balela, pois os servidores falaram que não é a primeira vez que isso acontece. Segundo eles, basta cair uma chuvinha e o Hospital alaga porque as goteiras estão por todo canto.
Brinca com a vida alheia
Lembro-me muito bem. Há pouco tempo, em entrevista a uma rádio local, o governador Antônio Denarium, todo sorridente, disse que tinha mais de R$ 2 bilhões em caixa. E o povo, vossa excelência, morrendo sem atendimento médico nos hospitais. Misericórdia.
Para onde, então, seu Antônio vai gastar esta montanha de dinheiro? Vai usar esses bilhões para “turbinar” sua campanha de reeleição? Só pode…
Uma coisa é certa: enquanto o governador negocia secretarias e barganha com a máquina pública, o povo morre na fila de espera dos hospitais, sem atendimento digno.
Dinheiro tem, é verdade, mas continua faltando gestão. E como falta.
Álvares dos Anjos – cronista.