Arepa, hallacas ou pastel: os lanches mais tradicionais da Venezuela se misturam aos sabores brasileiros na lanchonete de Lucia Astudillo e Rosa Hurtado. Elas, que entraram no Brasil cruzando as trilhas informais entre Santa Elena de Uairén e Pacaraima, fizeram de Roraima o novo lar para um futuro com mais segurança.
Com as dificuldades em ter a documentação necessária para um emprego formal durante a pandemia, as duas cozinheiras decidiram empreender. Então, começaram seu negócio em um terreno emprestado, com duas mesas, quatro cadeiras e um pequeno fogareiro.
“Nós capinamos o terreno, compramos o material inicial e decidimos, com coragem, colocar todo nosso tempo e dedicação para fazer dar certo”, conta Lucia Astudillo.
Anteriormente, Lucia e Rosa participaram de aulas de empreendedorismo oferecidas pela Agência da ONU para Refugiados (Acnur) em parceria com o Serviço Jesuítas para Refugiados e Migrantes (SJMR).
Assim, nas aulas, aprenderam como desenvolver um plano de negócio, incluindo aspectos legais e a gestão de recursos materiais. Além disso, viram conceitos sobre precificação, estratégia de vendas e técnicas de marketing.
Em seguida, ao concluírem o treinamento e com um plano de negócios já elaborado, a dupla recebeu da Acnur materiais para expandir o empreendimento, que incluiu uma fritadeira industrial, mesas e cadeiras, louças e insumos alimentícios.
“Estamos prosperando. Alguns meses são melhores, outros nem tanto. Mas temos nossa vida, nossa casa e pagamos nosso aluguel. As crianças [filhos de Rosa, de 9 e 11 anos], vão à escola, têm uniforme e material escolar. Essa pequena venda de alimentos significa muito para nosso futuro”, diz Lucia.
No mês que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, é importante recordar que as barreiras de gênero no mercado de trabalho são principalmente sentidas por mulheres refugiadas e migrantes em todo o mundo.
Conforme um estudo realizado pelo Acnur em parceria com ONU Mulheres e UNFPA, as mulheres venezuelanas em Roraima tem quase três vezes maior probabilidade de estarem desempregadas. Além disso, também há a possibilidade de ter uma renda mais baixa.
“Os papéis de cuidados do lar e das famílias são por muitas vezes responsáveis por afastá-las de oportunidades de emprego. Iniciativas de empreendedorismo permitem a abertura do mercado e autonomia financeira de mulheres”, explica Rebeca Duran, assessora de soluções duradouras do Acnur em Roraima.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que, durante o período de intensificação do fluxo venezuelano, Roraima registrou crescimento econômico acima da maioria dos outros estados do país.
Em 2019 o Produto Interno Bruto (PIB) do estado fronteiriço cresceu em 3,8%, um dos maiores do Brasil naquele ano. De acordo com pesquisa da FGV-RJ e Acnur, a entrada de pessoas refugiadas e migrantes teve relação direta no aumento do índice de diversificação econômica. A tendência não foi observada em outras regiões.
Uma mulher venezuelana que faz parte do crescimento econômico de Roraima foi Elizabeth Monrroy. Ela trabalhava na Venezuela como assistente social, mas no Brasil resolveu criar um negócio próprio.
Desde 2019, inspirada pelo trabalho de outras venezuelanas empreendedoras, Elizabeth começou a plantar e vender mudas e sementes em feiras e pontos comerciais da cidade.
A maioria das plantas vendidas por Cristian e Elizabeth – alecrim, manjericão, arruda, boldo e outras plantas medicinais – é cultivada na casa de familiares no interior de Roraima.
Hoje, com uma loja física, a floricultura “Elizabeth Plantas” vende flores e mudas de árvores, bem como adubo e acessórios de jardinagem.
“Ao possibilitar que as mulheres tenham sua própria renda, o empreendedorismo feminino de refugiadas e migrantes se torna uma potência para a integração total e prevenção a diferentes tipos de violência ou exclusões sociais”, reforça Rebeca Duran.
Um dos locais de venda de Elizabeth também é a Feira IntegraArte, uma iniciativa da Operação Acolhida em Roraima e do Acnur. A feira, além de possibilitar um espaço de venda, também oferece cursos e capacitações.
Um dos destaques da iniciativa é a jovem Marianna García, de 21 anos, que vende sabonetes, itens de aromaterapia e cosmetologia. Na loja online, “Meraki Artes com Amor” ela impulsiona a divulgação de produtos feitos à mão com materiais naturais.
De acordo com a jovem, cursos de capacitação para mulheres empreendedoras devem levar em conta as especificidades das mulheres chefes de família e migrantes e refugiadas.
“Acho fundamental que os cursos tenham um recorte de gênero. Uma mãe refugiada tem que superar mais barreiras que um homem ao criar seu negócio”, opina.
Fonte: Da Redação
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