Pais e alunos denunciam série de problemas e estrutura precária de Escola Estadual Indígena na zona rural do Cantá

Aulas improvisadas a céu aberto, debaixo de árvores e em um barracão. É o que vive os alunos da Escola Estadual Tuxaua Luiz Cadete da comunidade Indígena Canauanin, no município de Cantá. A equipe de reportagem da TV Imperial acompanhou de perto a realidade de mais de 600 alunos da unidade escolar e conversou com alguns pais sobre a situação. Eles temem pela segurança e futuro dos filhos e fazem apelo ao governador Antonio Denarium (Progressistas) e à Secretaria de Estado da Educação (Seed).

Loren Benfica, mãe de uma aluna relatou as condições da estrutura predial com poucas salas de aulas, banheiros inadequados para os alunos com deficiência e matagal. Para ela é motivo de vergonha e constrangimento a situação em que sua filha estuda, debaixo de árvores.

“Temos uma devastação enorme de matagal, a falta de estrutura física, temos crianças com deficiência sem banheiro adequado para elas e salas de aula sem central de ar e por isso minha filha estuda debaixo de uma árvore, não é só ela, são muitas crianças nas mesmas condições. São muitas situações e a gestão devia tomar providências disso. A gente só quer uma educação básica e digna”, afirmou.

Alunos tem impacto na formação acadêmica

Márcia Freitas Sarmento, aluna do ensino médio, relata que além dos mosquitos, enfrentam as chuvas que já iniciaram na região e quando ocorre eles precisam procurar abrigo em algum lugar da escola. Eles ainda passam sufoco com mau cheiro do esgoto. A adolescente desabafa e diz que o estudo fica comprometido já que pretende se formar em psicologia, com isso fica preocupada com a precariedade da escola e o impacto que pode ter nos seus estudos e na formação superior.

“A gente não consegue fazer atividades ou projeto de práticas de plantação, por exemplo, devido ao mato alto e bichos peçonhentos. A gente para e olha um para a cara do outro sem poder fazer nada. Então todas essa situação é constrangedora. Eu fico preocupada, e isso tem afetado meu pensamento porque a estrutura que a gente tem, é como se fosse uma espelho. ‘A gente tem uma escola, vou estudar e despois vou me formar nisso ou aquilo e uma escola com professores bons e estrutura é ótimo, mas às vezes aqui não tem, e o aluno pensa em muitas vezes em desistir, e eu acho que isso é o que passa realmente na cabeça dos adolescente’. Então essa situação afeta a gente”, contou.

Falta transporte escolar

Gerlane Cadete, também mãe de três estudantes da escola, diz sentir na pele o que os alunos passam. A mulher explicou que muitos alunos que são de outra localidade como Barro Vermelho, o transporte escolar quebra com frequência, e os alunos acabam ficando sem ir à escola.

“Essa situação é desgastante. Era ter uma educação e ensino de qualidade e hoje, não temos. Na primeira semana do início das aulas, já houve o problema com o transporte numa sexta-feira. Quando na segunda-feira, o ônibus andou por 1km aproximadamente, e já quebrou novamente. Tudo isso prejudica o rendimento dos alunos. Além disso, são muitos alunos que dependem, e a frota é insuficiente”, pontuou.

Reforma e ampliação

O tuxaua da comunidade, Elenilson Nicácio Cadete se manifestou . “A gente teve uma recente agenda de visita com o secretário de Educação, e questionamos o porquê da escola não está na lista de reforma e ampliação. Eu quero pedir em nome dos pais de nosso alunos ao governador e ao secretário que venham ouvir as nossas necessidades e demandas”, disse.

Em janeiro deste ano, numa publicação de ordem de serviço, a escola estava na lista de outras 54 que seriam contempladas com a reforma, contudo o seu Clusenir de Matos que é outro pai de aluno, relata que o serviço ocorreu de forma superficial. “Eles disserem que reformaram, mas só parece que passaram uma tinta e reaproveitaram as telhas, porque o telhado está praticamente do mesmo jeito. Então eu peço ao governo e a Secretaria uma escola adequada e padrão para atender toda a demanda, são muitos alunos para pouca sala de aula, e está chegando o período de inverno e como essas crianças vão ficar? Sem estudar? porque aqui não tem estrutura”, indagou.

Moradores improvisam barracão

Ainda conforme Roseli Silva de Matos, também mãe de aluno, os pais dos estudantes e moradores da região preocupados se reuniram e construíram um barracão para receber os estudantes do ensino infantil. “O que acontece que a escola tem mais de 600 alunos e só tinha uma sala para a educação infantil. Então nós tivemos que improvisar e construir esse espaço para comportar essas crianças. Agora, mais uma vez, a gente pede ao prefeito, governo, secretaria de Educação que construam mais salas”, contou.

O que diz a Seed

Procurada pela TV Imperial, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) informou que está ciente da situação da escola e que está alinhando as tratativas tratativas junto à gestão da unidade para melhorar o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes.

Disse ainda que após uma visita técnica realizada para averiguação da rede elétrica, foi aprovada a instalação de centrais de ar nas salas de aula, medida que será implantada nos próximos dias.

A Secretaria de Educação ressaltou ainda que a escola está incluída no planejamento do Governo de Roraima para receber uma reforma geral.

Em resposta às denúncias relativas ao transporte dos alunos, o Departamento de Apoio ao Transporte Escolar da Seed afirmou que está trabalhando para revisar e otimizar todas as rotas de 2025.

“A equipe de técnicos está empenhada em fornecer uma solução rápida e eficaz, considerando o aumento significativo do número de alunos atendidos neste ano. Quanto à escola em questão, foi solicitado o aditivo de rota. No entanto, não foi informado pela escola quais e quantos estudantes estão precisando de transporte, juntamente com o endereço de busca. O departamento irá reforçar o pedido de informações junto à gestão da unidade de ensino”, concluiu a nota.

Fonte: TV Imperial