No dia 16 de setembro de 2021, o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) deflagrava a primeira fase da Operação Pulitzer, que prendeu os acusados pelo sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos.
Agentes das polícias Militar e Civil de Roraima acompanharam o Gaeco e prenderam os envolvidos no crime nas primeiras horas da manhã, em diversos pontos da cidade.
Entre os réus estão 9 policiais militares, um ex-servidor da Assembleia Legislativa de Roraima e o ex-deputado estadual Jalser Renier, acusado de ser o mandante. Ele segue em liberdade. Na segunda operação Jalser chegou a ser preso, mas logo foi solto pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) por gozar de imunidade parlamentar.
O sequestro
O sequestro do jornalista Romano dos Anjos ocorreu no dia 26 de outubro de 2020. Bandidos o retiraram de casa, o torturam e em seguida o deixaram em uma área na região o Bom Intento, na zona Rural de Boa Vista.
Romano estava com pés e mãos amarrados com fita adesiva, mas conseguiu se soltar. Como resultado, ele passou toda a noite próximo a uma árvore no Bom Intento. Os criminosos também queimaram o carro do jornalista.
A esposa de Romano, a também jornalista Nattacha Vasconcelos, ficou presa em casa com as mãos amarradas.
Em depoimento à Polícia Civil de Roraima (PCRR), o jornalista disse que os criminosos citaram o nome do governador Antonio Denarium (PP), bem como do senador Mecias de Jesus (Republicanos). Logo depois, os dois políticos negaram.
Denarium pediu à Polícia Federal que assumisse a investigação do sequestro. Contudo, a PF afirmou que não havia elementos para que o órgão federal assumisse o caso.
1ª Operação
Após quase um ano de investigações, no dia 16 de setembro de 2021, o Ministério Público (MP), juntamente com as Polícias Civil e Militar deflagraram a primeira etapa da Operação Pulitzer. Como resultado, os agentes prenderam seis policiais militares investigados. Sendo eles:
- Tenente Coronel Paulo Cézar Lima Gomes;
- Major Vilson Carlos Pereira Araújo;
- Subtenente Clóvis Romero Magalhães Sousa;
- Subtenente Nadson José Carvalho Nunes;
- Sargento Gregory Thomaz Brashe Júnior;
- Soldado Thiago de Oliveira Cavalcante Teles;
- e o ex-servidor da ALE-RR, Luciano Benedicto Valério.
2ª Operação
O então deputado Jalser Renier foi preso no dia 1º de outubro de 2021, em seu escritório no bairro Canarinho, durante a Operação Pulitzer II. O mandado de prisão foi assinado pela juíza Graciete Sotto Mayor.
Da mesma forma, durante a operação, mais três policias foram presos. São eles:
- Coronel Natanael Felipe de Oliveira Júnior;
- Coronel Moisés Granjeiro de Carvalho;
- Sargento Bruno Inforzato Oliveira Gomes.
Imunidade Parlamentar
Após seis dias preso, Jalser foi solto pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Pois ele tinha imunidade parlamentar. A decisão foi do ministro Jesuíno Rissato.
Renier precisou usar a tornozeleira eletrônica e ficou proibido de manter contato com os demais suspeitos. Além disso, ele também não podia sair de Roraima sem autorização da Justiça. Do mesmo modo, ele devia estar em casa no período noturno e nos dias de folga. Jalser não ficou impedido de participar das sessões na ALE-RR.
Cassação
Depois de preso, o extinto Partido Socialista Liberal (PSL) entrou com um pedido de cassação na ALE-RR. O processo foi encaminhado à Corregedoria que deu parecer favorável.
Contudo, no dia 23 de fevereiro, o Superior Tribunal Federal (STF) reconduziu Jalser Renier à Presidência da ALE-RR. A decisão do ministro Alexandre de Moraes inicialmente anulava até mesmo o processo de cassação. No entanto, em seguida, Moraes mudou sua decisão. Ele manteve o então deputado na Presidência, mas e determinou urgência na votação do processo de cassação dele.
Os deputados então se mobilizaram e marcaram a sessão extraordinária para a segunda-feira de carnaval. Por outro lado, Jalser exonerou todos os servidores, expôs as verbas de gabinete de vários parlamentares e disse não reconhecer a sessão.
No entanto, a sessão ocorreu no dia 28 de fevereiro. E com 18 votos favoráveis, 1 abstenção e 5 ausências, Jalser Renier teve seu mandato cassado. Ele recorreu diversas vezes na Justiça, afim de cancelar o processo, mas nenhum esforço evitou a perda do mandato.
Menos acusações
Após Jalser Renier perder o mandato, o processo do Caso Romano dos Anjos caiu para a 1º instância. Foi quando o promotor Marco Antonio Bordin de Azeredo retirou as acusações de organização criminosa e obstrução de justiça contra todos os denunciados no caso Romano dos Anjos.
Ele também opinou pela soltura de Bruno Inforzato, militar que havia fugido da prisão há menos de um mês.
Na manifestação, assinada em cinco de abril, ele justifica que não identificou nas investigações requisitos necessários para a constituição de organização criminosa.
Réus
Em junho deste ano, ex-deputado, bem como os nove militares e o ex-servidor da ALE-RR viraram réus pelo sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos.
O juiz Cláudio Roberto de Araújo, intimou os acusados para responderem à acusação no prazo de 10 dias. O magistrado também manteve a prisão dos militares.
Mesmo com intimação, Jalser não se apresentou à justiça. Assim, ele não havia sido citado. Apenas no dia 19 de julho Renier se apresentou no TJRR, acompanhado do seu advogado. Logo após, no dia 21 do mesmo mês, ele foi visto em um hotel de luxo em São Paulo.
Nova candidatura
No dia 15 de agosto, o Ministro Gurgel de Faria negou o pedido de suspensão do processo de cassação do ex-deputado Jalser Renier. Conforme o documento, ele fez a solicitação em razão da proximidade do processo de registro de candidatura no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Ou seja, Jalser pretendia concorrer novamente nas eleições de 2022.
Envolvidos
O principal prejudicado em toda a situação é o jornalista Romano dos Anjos. Após um ano da primeira operação, o comunicador afirma que espera a condenação, principalmente do mandante, que ainda segue em liberdade.
“A minha expectativa é que chegue logo a condenação dos culpados e que eles fiquem presos. Porque essas pessoas são pessoas perigosas. E soltas elas podem ser uma ameaça tanto para mim, quanto para minha esposa, minha família e também outras pessoas que possam ser vítimas dessas pessoas”, disse.
Questionado sobre voltar a apresentar programas em rádio ou em TV, o jornalista afirmou que estudará a possibilidade após as eleições. Mas que, por enquanto, seguirá dirigindo programas na TV Imperial.
Fonte: Da Redação