O delegado-geral da Polícia Civil de Roraima, Herbert Amorim Cardoso, atrapalhou a investigação da força-tarefa criada para apurar o sequestro e a tortura do jornalista Romano dos Anjos.
A informação consta em documento da Polícia Civil obtido com exclusividade pelo Roraima em Tempo.
O inquérito revela ainda que o delegado-geral adjunto, Eduardo Wayner Santos Brasileiro, também agiu com Herbert para interferir na apuração.
A Polícia Civil criou a força-tarefa no dia 13 de novembro de 2020, menos de um mês depois do crime. A esposa dele, Nattacha Vasconcelos, também foi amarrada, amordaçada e ameaçada de morte.
O inquérito mostra que no dia 25 de novembro, o delegado Herbert Amorim enviou uma mensagem pelo WhatsApp para o secretário da Segurança Pública (Sesp), Edison Prola.
Na manhã seguinte, Prola recebeu Herbert e Wayner. Na ocasião, eles pediram ajuda ao secretário para interferir nas investigações. Os dois queriam tirar o delegado João Evangelista do comando da força-tarefa.
“Conforme a apuração, a cúpula da Polícia Civil [Herbert e Wayner] reuniu-se com o coronel Edison Prola para solicitar adesão política com a finalidade de modificar a equipe de investigação e, assim, atrapalhar o inquérito”, diz o documento.
O inquérito relata que, no encontro, os chefes da Polícia Civil levaram um “recado” do então presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jalser Renier (SD).
Mas, as investigações também revelam que o “recado” não teria sido a primeira tentativa de interferência do parlamentar.
Ainda em novembro, antes de Herbet e Wayner encontrarem Prola, Jalser fez uma visita a Denarium no Palácio do Governo.
Com ele estavam os investigados coronel Moisés Granjeiro, coronel Natanael Felipe, e tenente-coronel Paulo Cézar. Todos cedidos para a Assembleia para atuar na segurança pessoal de Renier.
O motivo da visita do deputado seria para exigir do governador a interrupção dos trabalhos policiais. Ontem (21), durante a sessão, o atual presidente da Casa, Soldado Sampaio (PC do B), citou o encontro.
Ainda na sessão, o deputado Jalser negou a acusação. Por outro lado, Denarium não quis comentar o assunto.
Em março deste ano, Herbert Amorim concedeu entrevista à Rádio 93FM. À época, questionado se tinha atuado para interferir nas investigações, ele gaguejou e disse que era “estranho as pessoas alegarem isso”.
“Isso não tem cabimento, não tem nenhuma lógica para falar que o delegado-geral está evitando”, disse, ao acrescentar que ouviu do governador Antonio Denarium (PP) para não medir esforços na elucidação do crime.
Amorim garantiu que “não houve nenhum tipo de atropelo”. O delegado também argumentou que atribuir outras funções aos investigadores não atrapalhava o andamento do inquérito.
Sem obter êxito com o pedido feito a Edison Prola, o delegado Herbert Amorim resolveu fazer mudanças no quadro da força-tarefa. Dessa forma, ele editou a portaria que a criou.
Amorim alterou a formação da equipe e inseriu novos policiais. Além disso, atribuiu a coordenação dos trabalhos de investigação a outras duas delegadas.
O delegado-geral também removeu alguns investigadores das respectivas unidades policiais, dificultando, assim, a produção de diligências.
Conforme o documento, Evangelista informou a Herbert que não havia necessidade de novos membros na apuração do crime. Argumentou também sobre prejuízo que a mudança causaria nas atividades dos agentes.
No dia 8 de janeiro de 2021, a força-tarefa enviou memorando ao delegado-geral, no qual solicitou a revogação da portaria que oficializou as mudanças.
Já no dia 28 do mesmo mês, o delegado João Evangelista informou a redução das diligências investigativas.
Só em março deste ano, depois de inúmeros alertas de Evangelista, a Polícia Civil revogou a portaria, após prejudicar o trabalho de apuração do caso.
Conforme a investigação, o comportamento de Herbert Amorim se enquadra no crime previsto na Lei nº 12.850/13, que cita a interferência para embaraçar uma investigação sobre organização criminosa.
Dessa forma, João Evangelista pediu o afastamento de Herbert Amorim, bem como do adjunto Eduardo Wayner, mas a juíza Graciete Sotto Mayor negou.
Em nota, o deputado Jalser Renier afirmou que “não tem conhecimento de qualquer informação sobre o caso do jornalista Romano dos Anjos, visto que a investigação ocorre em segredo de justiça por parte do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil”.
Disse ainda que que não foi comunicado ou intimado em nenhum momento desse processo investigatório e nem foi alvo de nenhuma busca e apreensão nesse inquérito”.
Por outro lado, a Polícia Civil informou que as acusações contra o delegado Herbert Amorim que constam no inquérito são “consideradas caluniosas”. Disse também que essa foi a primeira vez em 17 anos que a instituição criou uma força-tarefa para investigar um caso.
Sobre o ‘recado’ com ameaça de morte que o delegado teria levado ao secretário de Segurança, a Civil não se posicionou.
Já com relação às mudanças feitas no quadro de agentes da força-tarefa, a instituição justificou que foram feitas no período de férias e que duraram apenas 45 dias.
Por Redação
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