O subtenente Nadson José Carvalho Nunes usou as redes sociais nesta segunda-feira (14) para se manifestar sobre uma matéria jornalística que trata do prazo de 30 dias para a conclusão do processo do Conselho de Justificação criado para apurar e julgar o envolvimento de quatro dos nove militares réus pelo sequestro do jornalista Romano dos Anjos. O policial reagiu com sorriso à publicação.
Nadson é um dos dos acusados de participar do sequestro e tortura do apresentador em outubro de 2020. Conforme as investigações, no dia do crime ele se ofereceu para acompanhar a esposa de Romano, a também apresentadora Nattacha Vasconcelos, à delegacia.
Além disso, enquanto ele acompanhava Nattacha, ele teria repassado toda a movimentação para os seus superiores por meio de celular.
Outra ação do policial ocorreu quando ele recebeu a intimação para depor sobre o caso. Ele passou na residência de Romano dos Anjos e enviou mensagem para avisar que estava lá. Se sentindo intimidado, o jornalista registrou um Boletim de Ocorrência.
O subtenente foi preso em setembro de 2021 por, juntamente com os outros policiais, causar embaraços nas investigações e intimidar vítimas e testemunhas.
Ministério Público, Tribunal de Justiça, e Conselho Disciplinar
A conduta do policial nas redes sociais deve ser apurada pelos órgãos responsáveis. Sobretudo, pelo Ministério Público de Roraima (MPRR), e pelo pelo juiz responsável pelo caso, Cláudio Roberto Barbosa Araújo.
A Polícia Militar também deve tomar ciência e atitude com a situação, pois Nadson responde ao Conselho de Disciplina, juntamente com outros quatro policiais envolvidos no caso Romano dos Anjos.
Deboche do policial
A mensagem que Nadson enviou à reportagem demonstra deboche com a Justiça, bem como a certeza da impunidade. Fora o possível descumprimento das medidas cautelares que são as condições para que ele permaneça em liberdade.
Nadson passou um ano preso. Contudo, no dia 11 de outubro, o desembargador Ricardo Aguiar de Oliveira concedeu habeas corpus. Ao todo, haviam quatro pedidos. Entretanto, o desembargador estendeu a decisão para todos os réus.
Para a soltura dos policiais, o desembargador considerou a demora no andamento do processo, no entanto deixou de considerar que os réus em liberdade são uma ameaça para as vítimas, testemunhas e para a própria imprensa.
Conselho de Justificação e Conselho Disciplinar
O Conselho de Justificação foi criado para apurar e julgar a conduta de quatro oficiais denunciados pelo sequestro de Romano.
O coronel Magalhães José Damasceno, que era subcomandante da PMRR, foi nomeado como presidente. Já o coronel Ilmar Soares, secretário-adjunto da Casa Militar do Governo de Roraima, é o interrogador e relator.
No último dia 11, o governador Antonio Denarium substituiu coronel Damasceno pelo coronel Amaro de Lima Silva Júnior na presidência. Coronel Amaro já foi subcomandante da PMRR e coordenador-geral pedagógico da Academia de Polícia Integrada Coronel Santiago (Apics).
Substituiu também o escrivão, coronel César Leôncio Ribeiro e nomeou a coronel Alexsandra Gomes da Costa Ribeiro como substituta. A militar atualmente é a chefe do Gabinete Militar do TJRR.
Após as substituições dos membros do Conselho, o governador determinou a conclusão do processo em um prazo de 30 dias.
Os policiais do quadro de praças respondem ao Conselho Disciplinar. Desse modo, a PMRR nunca realizou nenhuma publicação sobre o andamento do processo, que ocorre em sigilo.
Em abril deste ano, a PMRR respondeu em nota que as publicações sobre o processo são internas. Ou seja, a população não tem acesso.
Fonte: Da Redação